Uma força tarefa de policiais civis da Capital e de Criciúma prendeu, ontem de manhã, dois suspeitos de terem transportado e atirado a bomba que explodiu na mão de um torcedor do Criciúma, domingo, em jogo da última rodada do primeiro turno do Catarinão. Um dos suspeitos é soldado do Exército e negou participação no episódio.
Após dois dias de depoimentos e com imagens de 380 torcedores do Avaí em mãos, policiais civis de Criciúma chegaram ao nome dos torcedores por indicação de diretores da Mancha Azul, a maior torcida organizada do clube da Ilha. Com a prisão temporária expedida pela Justiça, contaram com a colaboração de policiais civis da Capital para localizar e prender os suspeitos. O primeiro deles, Franklin Roger Pereira, 22 anos, foi detido no momento em que trabalhava em uma lavadora de automóveis no Bairro Capoeiras. Ele já tinha passagem pela polícia por porte de drogas. Em depoimento na sede do Departamento de Investigações Criminais (Deic), revelou que faz parte da torcida organizada Mancha Azul há 11 anos e admitiu ter entrado no estádio com duas bombas escondidas na cueca.
Franklin contou que foi para o Sul do Estado num dos oito ônibus da torcida avaiana e que o veículo foi revistado tanto na saída de Florianópolis quanto na entrada em Criciúma. Garante que não havia como, portanto, transportar os explosivos dentro do veículo. Ele conta que as bombas foram levadas de carro e entregues para ele somente na entrada do Estádio Heriberto Hülse.
O torcedor afirma que teria recebido quatro rojões em formato de bombom e do comprimento de uma caneta. Dois deles foram escondidos em uma placa de publicidade e encontrados segunda-feira por policiais. Os outros dois Franklin escondeu dentro da cueca e ocultou com um tambor pendurado ao pescoço. Entrou sem dificuldade, após ter a mochila e os bolsos revistados.
- Aceitei carregar a bomba porque já conhecia o cara de vista das partidas na Ressacada. Não imaginava que isso poderia acontecer - afirmou, em entrevista concedida na manhã de ontem. Logo que entrou no estádio, Franklin devolveu os explosivos para esse mesmo homem. Garante que não sabe se foi ele que atirou a bomba, porque não viu o momento da explosão. Para o delegado André Milanese, da Central de Polícia de Criciúma, este torcedor que repassou o artefato pode não ser o mesmo que o atirou contra a torcida adversária. Ele explica que há possibilidade de uma terceira pessoa estar envolvida, hipótese que será investigada nos próximos dias.
Fonte: Jornal de Santa Catarina
Entenda a polêmica
- No jogo entre Criciúma e Avaí, domingo, uma bomba caseira explodiu na torcida do Tigre, e o aposentado Ivo Costa, de 62 anos, perdeu a mão direita. Depois disso começou uma briga generalizada
- Segunda-feira, uma reunião na Federação Catarinense de Futebol definiu que a torcida adversária ao mandatário do campo não pode assistir aos jogos caracterizada com o uniforme do time
- Na reunião, o promotor Andrey Cunha Amorim afirmou que, se for provado que os autores do crime tenham vínculo com a torcida organizada Mancha Azul, do Avaí, o MPSC irá dissolvê-la
- Ontem, as autoridades prenderam preventivamente dois suspeitos de terem praticado o crime: Franklin Roger Pereira e Juliano Marinho de França, ambos de 22 anos
- Até amanhã o TJD recebe os documentos da FCF, como a súmula e vídeo do jogo, e o procurador pode pedir a punição para Avaí ou Criciúma ou os dois. Os clubes correm o risco de serem multados e perderem até 10 mandos de campo
- Três dias após viver o drama de ser atingido por uma bomba caseira e ter a mão direita amputada, o guarda noturno aposentado Ivo Costa, 62 anos, já apresenta sinais de recuperação. Mais disposto, continua recebendo visitas e na tarde de ontem, caminhou pelos corredores do Hospital São José. Se tudo correr bem, ele deve receber alta na sexta-feira.
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