10 de julho de 2014

O TIRO QUE SAIU PELA CULATRA


Por Rafael Soneca


              Lembro-me  bem por ocasião de um encontro,  em 2012 , no qual ficamos alojados na parte de baixo do ginásio mineirinho, que fica em frente ao Mineirão,  termos nos deparados com os operários que trabalhavam no Mineirão alojados na parte de cima ginásio, de rosto pardo e com cara de cearense aqueles trabalhadores dormiam no trabalho, como na China, para acelerar a reforma do estádio para a copa.

         Esses operários não estavam no jogo, a FIFA e a CBF, não aceitariam. Por mais paradoxal que possa parecer a reforma no Mineirão teve como um dos objetivos diminuir o numero de torcedores nos estádios. Reformou-se não para se ampliar, mas para se restringir.

            Para além da incapacidade tática da seleção brasileira, do elenco incomparavelmente mais fraco do que o da Alemanha, da ausência de Thiago Silva e Neymar, do parco treinamento em comparação aos alemães que treinam juntos desde 2006,  um elemento  fundamental a ser levantado, que certamente contribuiu ao vexame histórico da seleção, foi a torcida de tênis no estádio!

            Os espectadores tenistas, brancos que nunca pisaram em um estádio e que não sabiam entoar nada mais do que um “sou brasileiro, com orgulho (sic)” e que esqueceram que estavam em um jogo de futebol teve seu quê de responsabilidade nessa desgraça. Não sejamos complacentes, a CBF e a FIFA armaram a lona, mas precisavam mas precisavam dos palhaços e malabaristas para o circo ficar completo.Se é bem verdade, e quem frequenta ou acompanha futebol sabe bem, que as torcida é a camisa 12, então de fato tivemos apenas 11 fracos jogadores em campo.


            Nós da URC, em outros momentos, já criticamos o estatuto do torcedor, que junto com lei geral da copa da fifa, procura elitizar o futebol, ou seja, impedir que o povo pobre de favela vá aos grandes estádios, isso é feito através do a) aumento do preço dos ingressos, b) do fim das “gerais” e c) da criminalização das torcidas.


            No final da copa de 1950 tínhamos quase 200 mil pessoas no Maracanã quase o quadruplo do que no jogo da semi-final no Mineirão, bem, podemos dizer que se a intenção da CBF foi impedir que o povo tivesse acesso ao estádio, ela conseguiu, e o tiro saiu pela culatra, pois se a vitória alemã era mais provável e a falta da torcida pode não ter sido determinante, ainda assim essa fez falta, não é possível dizer se a seleção teria vencido, mas podemos dizer que a vitória da máfia da CBF, de embranquecer os estádios, teve sua importância nesse jogo sim!