31 de julho de 2008

31/07: 3 anos de Resistência! Uma claque de classe!

Saudações Corais!

A torcida coral sempre foi conhecida por sua politização e muitos podem confundir, nesse momento eleitoral, com politicagem, algo totalmente estranho e alheio às tradições corais. É bem verdade que o Ferroviário teve torcedores com cargos políticos nas instituições do Estado burguês, mas nunca recorreu à intervenção política dos ditos cujos. Pelo contrário... O clube coral já foi bastante prejudicado pela intervenção ou apadrinhamento político em várias ocasiões no decorrer da história, como no caso em que foi retirado da 1ª divisão do Campeonato Brasileiro em favor de outro clube da capital. Não precisamos ir longe: neste ano de 2008 o Ferroviário foi novamente "expurgado" por conta da intervenção política em favor do Horizonte FC no conhecido "Caso Piva".

Embora governadores, prefeitos, vereadores e deputados se digam torcedores do Ferrão, nunca este necessitou da intervenção política de forma escusa em detrimento de adversários. Como diria Maiakovsky, "triste honra se de tais rosas minha estátua se erigiisse". Nós assim nos referimos a estes torcedores "non gratos" e ao metódo expúrio da intervenção anti-desportiva de políticos canastrões. Os únicos que sempre estiveram lado a lado, ombro a ombro com o Clube foram seus torcedores identificados como classe. Isso nos orgulha sobremaneira.

Nestes três anos de Resistência Coral só confirmamos que a luta de classes transcorre também pelo desporto, comprovando o materialismo histórico e dialético, a despeito de quem diz que esta teoria não serve para os tempos atuais. O certo é que três anos é pouco frente a um clube que vem resistindo há 75 anos.

Gostaríamos de comemorar com toda torcida coral no nosso estádio, com nosso Ferrão jogando, porém o "covil de bandidos" da Federação Cearense de Futebol, afora aos dois "filhos queridos", não oferece calendário ao restante de seus filiados.

Contudo, conforme nossa tradição hooligan, traduzida pela convicção e atuação ideológica sintetizada no orgulho de classe, dedicamos um brinde a todas as claques irmãs nas mais diversas regiões do mundo unidas pela paixão futebolística e unidade classista.

FERRÃO! FERRÃO! SEMPRE FERRÃO! ORGULHO PROLETÁRIO! ORGULHO HOOLIGAN!

18 de julho de 2008

Afinal, a taça!

O mundo em 1958 já vivia uma nova situação revolucionária. Dois anos antes eclode na Hungria uma grande revolução anti-burocrática, com as tropas da URSS sufocando o levante. Na URSS, Nikita Kruchev assume o posto de primeiro-ministro para depois denunciar os crimes de Stálin, a quem servira servilmente por mais de 30 anos.

Na Indochina (atual Vietnã) os franceses assassinam milhares para tentar manter o controle da colônia insubordinada, derrotas como a Die Ben Phu, para os guerrilheiros, já comandados pelo general Niag e por Ho Chi Min, põem em cheque a sua presença na região. Explode a sangrenta guerra Civil no Líbano, até então considerado a “Suíça do Oriente Médio”. A Argélia e outros países africanos ardem em busca de sua independência, que conquistariam na década seguinte. Em Cuba, os guerrilheiros liderados por Fidel Castro e Che avançam contra a ditadura sanguinária de Fulgêncio Batista. Na Colômbia uma guerra civil de dez anos entre liberais e conservadores é capitalizada pela reação democrática, abrindo caminho para o surgimento de uma guerrilha de esquerda que daria origem às FARC’s e ao ERP.

No Brasil, ainda repercute os ecos do suicídio de Getúlio Vargas, que morre para “entrar na história”. Tanto é que seu afilhado político, João Goulart – o Jango, é eleito como vice-presidente (a chapa presidencial não era casada). O presidente eleito, Juscelino Kubitscheck, governaria com a espada do golpe militar pairando sobre sua cabeça. O que aconteceria alguns anos depois.

Depois do Brasil em 50 e da Suíça em 54, mais uma vez foi escolhido como sede um país que não esteve no centro da segunda guerra. A Suécia, que, comparativamente a outros países, sofrera menos com o conflito, foi a escolhida. Os fantasmas da destruição nazista ainda assombravam o velho continente.

Além da Suécia, participaram França, Alemanha Ocidental, País de Gales, URSS, Irlanda do Norte, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Inglaterra, Escócia, Áustria e, pelas américas, Brasil, Paraguai, Argentina e México.

Pernas tortas

No Brasil, João Havelange acabara de ser eleito presidente da CDB, a Confederação Brasileira de Desportos, que englobava vários esportes, em uma época em que a CBF não existia. Havelange era um “craque” da natação e quando novo, disputara torneios nas águas, então límpidas, do Rio Tietê. Após um início desastroso, a seleção brasileira se redime e faz uma preparação física e psicológica primorosa, incorporando desta vez dirigentes e craques paulistas. Claro que, em meio a essa preparação, os cartolas não deixariam de cometer suas gafes, como ao colocar o extraordinário Garrincha na reserva por conta de suas pernas tortas (que entortavam os “Joãos” da vida) e por não conseguir passar nos rígidos testes psicológicos do Dr. João Carvalhaes. Bem, esse acabaria como mais um “João” no caminho de Garrincha que voltaria ao time titular a pedido dos jogadores mais experientes.

Essa copa revelou lendas do futebol mundial como Didi, “o príncipe etíope”, Nilton Santos, “a “enciclopédia do futebol”, Garrincha, “a alegria do povo” e um garoto de apenas 17 anos e futuro rei do futebol, Pelé. Jogadas antológicas, como o gol de Nilton Santos contra a Áustria. O botafoguense avançou pela esquerda, ignorou os berros do treinador Vicente Feola, mandando-o voltar, e atuou como um moderno ala, o “lençol” seguido de gol do menino Pelé em cima de um boquiaberto zagueiro sueco.

Mas Pelé, Garrincha e Vavá só foram efetivados no time titular após pedidos de Didi e Nilton Santos. Os dois primeiros estavam barrados certamente por serem jovens e negros, já que seus titulares (também bons jogadores) eram brancos e mais experientes. Porém ambos, assim como Vavá, estavam inspirados e puseram abaixo sólidas defesas como a da URSS (do lendário goleiro Lev Yashin), do País de Gales e da França (uma das zagas menos vazadas).
Estes craques comandaram um time que encantou o mundo; na primeira fase: 3 x 0 na Áustria, 0 x 0 com a Inglaterra, 2 x 0 na URSS; nas quartas-de-final: 1 x 0 no País de Gales; na semifinal: 5 x 0 na França e 5 x 2 na Suécia na finalíssima. Com esta campanha, o Brasil mostrou ao mundo um futebol-arte mais desenvolvido e organizado e faturou a taça.

O resultado elástico pode esconder a qualidade da equipe sueca, perigosa não só por que jogava diante de sua torcida, mas também por que vencera a sensação França do craque Kopa e do artilheiro da Copa Just Fontaine (até hoje o maior artilheiro de uma só edição com 13 gols). A França obteria a terceira colocação, seguida da Alemanha.

Desta copa em diante, para muitos, como o dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues, o Brasil teria superado o seu “complexo de vira-lata” e ascendido à elite do futebol mundial no primeiro pedestal. O presidente Juscelino Kubitscheck telefonaria para Havelange ao final do torneio - “Durante a Copa do Mundo na Suécia, substituí vários ministros e não houve uma única palavra a respeito nos jornais. Estou pensando em fazer novas mudanças em futuro próximo. Qual a data da próxima Copa do Mundo?”.

O que ficou no imaginário da Copa de 58 é o triunfo de uma das melhores gerações de jogadores brasileiros, e o nosso primeiro título, o “espanta vira-lata”.

Por Dirley Santos, do Rio de Janeiro (RJ)

14 de julho de 2008

Editorial Fanzine "Bandeira Coral" - Edição Especial


Oi! Camaradas!
Apresentamos, por hora, o editorial do Fanzine Bandeira Coral, uma publicação de Ultras Resistência Coral, em uma edição especial de lançamento em comemoração aos 75 anos do nosso Ferroviário A.C culminando com os 03 anos de nossa claque agora no fim de julho.
Em breve este humilde material estará ao acesso de todos que tiverem interesse.

"Eu vos dôo proletários do planeta, cada folha até a última letra! O inimigo da colossal classe obreira é também meu inimigo figadal!" (V.V Maiakovsky )


O Ferroviário passa por um momento novo. Isso não significa de pronto uma adesão ao "futebol moderno", algo que representa um retrocesso. As bases do Ferrão continuam as mesmas, porém existem novas composições acopladas à potente máquina coral. A locomotiva segue sendo a torcida coral nos mesmos trilhos da classe operária.
O que há de novo é o vigor, a vitalidade, o recrudescimento, a disposição da torcida coral, cada vez mais próxima do time, não como coadjuvante, mas como sujeito ativo das atividades do Clube.
A nova geração de torcedores que nunca havia assistido um jogo na Vila Olímpica Elzir Cabral teve no ano de 2008 essa oportunidade. Também teve acesso à história do Ferroviário, pois ela se mantém de pé, inabalável ante os fortes ventos, incorrosiva ante à maresia da Barra do Ceará.
Felizmente a Ultras Resistência Coral (URC) é parte desse "novo" que reivindica as autênticas origens corais, não as renega, fazendo delas o seu maior orgulho.
"Bandeira Coral" será o volante trimestral da Ultras Resistência junto à ferrenha torcida coral, trazendo nosso ponto de vista de forma alternativa, constituindo-se em mais um meio de comunicação e informação para enaltecer o Ferroviário Atlético Clube.