30 de maio de 2010

Tunél do tempo.

Ferrão não sofreu um gol sequer do Fortaleza no Estadual de 1970

O time do Ferroviário que foi campeão estadual em 1970 entrou para a história como um dos maiores esquadrões em todos os tempos a se exibir em canchas cearenses. Começando no gol com a experiência de Aloísio Linhares, passando pela lendária dupla Edmar e Coca Cola no meio campo, e chegando ao ataque com os golaços de Amilton Melo e Paulo Velozo. Não tinha pra ninguém.

Naquele ano, a supremacia coral ficou evidente contra todos os adversários, que foram impiedosamente derrotados um a um. Inclusive, três times sequer chegaram a marcar gols no timão coral: Calouros do Ar, Quixadá e até mesmo o Fortaleza, que sofreu três derrotas nas vezes que o "Clássico das Cores" foi a atração do certame: 1x0; 1x0 e 2x0.

Simplício (duas vezes), Paulo Velozo e Amilton Melo foram os carrascos dos Leão naquele ano, que teve que amargar o vexame de não ter marcado um gol sequer no campeão da temporada.

29 de maio de 2010

Piada de última hora.


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Formação de cartel e suspeita de crimes são revelados em estudo sobre a África do Sul

A organização da Copa do Mundo está seriamente comprometida. Relatos criminosos sobre formação de cartel, clientelismo e até suspeita de assassinatos na concretização de obras para a realização do primeiro evento desse porte em solo africano compõem estudo escrito por jornalistas sul-africanos e pesquisadores com financiamento de governos europeus. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com material do Instituto de Estudos de Segurança (ISS, sigla em inglês), composto por mais de 250 páginas, o orçamento para o Mundial teria passado de US$ 300 milhões para US$ 2,1 bilhões entre 2004 e 2010.

O estádio Mbombela, em Nelspruit, que foi construído por 100 milhões de euros (R$ 228 milhões), seria o principal caso de suspeita de corrupção.
Presidente da assembleia local, o sul-africano Jimmy Mohlala, denunciou corrupção por duas empresas, uma do país natal e outra da França. Confirmadas as acusações, os responsáveis pela licitação foram demitidos em fevereiro de 2009. Após um ano, Mohlala foi morto em crime ainda não explicado.


Ainda segundo o estudo científico, algumas empresas foram favorecidas em contato com os governos locais. A National Stadium AS (NSSA), criada em 2007, fez um contrato com a prefeitura de Johannesburgo. Por 10 anos, teria o controle do principal estádio da Copa do Mundo, o Soccer City, ficando com toda a renda, que seria suficiente em uma década para pagar a sua própria construção.

Já as empresas responsáveis por cimento e metal aumentaram o valor do material em 20% antes do início das obras, o que é citado como formação de cartel.
Entre os critérios para obter contratos para a Copa, empresas teriam de demonstrar que negros fazem parte do comando. Segundo a ISS, poucos meses antes da licitação, a Global Event Management, que tem 50% das ações da NSSA, vendeu 26% das ações para o ex-segurança da empresa, Gladwin Khangale, que é negro.


Fonte: Universidade do Futebol.

Aqui será diferente?

Ferrão e outros 8 times já confirmados na Copa Fares Lopes

De acordo com o departamento de competições da Federação Cearense de Futebol (FCF), 9 clubes já confirmaram participação na Copa Fares Lopes 2010, que apontará o segundo representante na Copa do Brasil de 2011. O Fortaleza garantiu a primeira vaga para a competição nacional depois de ter conquistado o título de campeão cearense.

Confira os clubes já confirmados:
  • Associação Esportiva Tiradentes
  • Associação Desportiva Recreativa e Cultural Icasa
  • Boa Viagem Esporte Clube
  • Ceará Sporting Club
  • Ferroviário Atlético Clube
  • Fortaleza Esporte Clube
  • Guarany Sporting Club
  • Itapipoca Esporte Clube
  • Maranguape Futebol Clube

Ainda segundo informações da FCF, a Copa Fares Lopes tem início previsto para o mês de agosto. Um total de 20 clubes, os 12 da primeira divisão do Estadual 2010 e os 8 primeiros da segunda, estão aptos a participar. As inscrições ficam encerradas hoje.

Fonte: Site do Ferrão.

28 de maio de 2010

Centauro patrocinará juízes brasileiros

Pela primeira vez, a arbitragem dos campeonatos nacionais, organizados pela CBF, terá a presença de uma marca patrocinadora em seu uniforme, além da fornecedora de material. A Centauro fechou o suporte e estará nas mangas dos árbitros da Série A, B, C e D, além da Copa do Brasil.

A marca dividirá espaço no uniforme com a Penalty, que fornece o material e é também uma patrocinadora oficial. A apresentação do novo uniforme acontecerá ainda nesta semana. No tecido, a tecnologia semelhante à utilizada pelos principais clubes: 100% poliéster super microfibra. O bolso para guardar os cartões será feito a laser, sem apresentar costura. O detalhe final fica no zíper que fecha a gola em 'V'.

A ação é feita em uma parceria entre as duas marcas. Elas já se uniram em ações de marketing por clubes como Vasco, Vitória, Portuguesa e Ceará. A Centauro é a maior rede de lojas de produtos esportivos do país. Recentemente ela se associou à Penalty até para fazer ação pela Copa, em uma promoção chamada "Febre de África", que distribuiu viagens para a Copa do Mundo.

Patrocínio em uniforme de árbitro não pode ser considerado uma novidade. Apesar de não ter ocorrido em competições nacionais ainda, em campos pelo Brasil já é prática comum. Em campeonatos estaduais, as marcas apareceram até onde não deviam, como no calção.

Segundo a Fifa, não há problema na publicidade no uniforme desde que ele fique na manga e não entre em conflito com os patrocinadores dos times em campo. O anúncio não pode ter mais do que 200 cm². Em Pernambuco vê-se um exemplo claro: a Lupo fica no calção do árbitro. Além disso, ela é patrocinadora do Náutico. Ou seja, quebram-se duas regras.

Fonte:
Máquina do Esporte.

Fui elogiar, tá ai, mais uma merda que a FIFA apóia.

Criticado, Ricardo Teixeira não responde a perguntas sobre problemas na organização brasileira para Mundial

Uma série de elogios recebida e uma crítica que serviu para findar o debate. Esse foi o panorama na sessão da Comissão de Turismo e Desporto na Câmara dos Deputados, em Brasília, na última quarta-feira, que contou com a presença de Ricardo Teixeira.

O presidente da CBF causou mal-estar durante o tempo em que discursou. Citou indiretamente Silvio Torres (PSDB-SP), mas encerrou sua participação sem direito de resposta ao político, autor de uma carta enviada à Fifa na qual questionou a entidade sobre o risco de o Brasil perder a sede da Copa do Mundo de 2014 por problemas de organização.

“É um desserviço levar diariamente para o exterior declarações dizendo que o país não tem condições de sediar a Copa. Esse questionamento foi motivo de chacota no Comitê Executivo da Fifa. Se você procurar os membros da entidade, todos vão dizer que é um absurdo pensar na possibilidade de o Brasil perder a sede da Copa”, apontou Teixeira.

Torres é presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara (CFFC) e também foi relator da CPI da CBF/Nike em 2001, que investigou o futebol brasileiro e os cartolas. Seu relatório propôs 33 indiciamentos de pessoas ligadas a clubes, federações e à CBF, inclusive Teixeira.

O parlamentar classificou como desrespeitosa a atitude e não poupou críticas ao mandatário da entidade que rege a modalidade no país. “Ele poderia ter usado esse tempo para responder perguntas que a sociedade quer saber. Comanda o Comitê da Copa, então deveria despreocupar a população. Todos querem saber sobre aeroportos, estádios. Mas se esquivou”, afirmou Torres.

“Ele criticou o fato de eu ter enviado o requerimento, mas provavelmente só veio por isso. A estimativa de dinheiro público para a Copa é de R$ 100 bilhões, e ele acha que a CBF é uma entidade privada e não tem nada a ver com isso. Como se o Mundial se viabilizasse só pela vontade dele”, acrescentou.

A presidente da comissão, Raquel Teixeira (PSDB-GO), tentou encerrar o encontro, mas foi interrompida por Torres que insistiu para falar. “Quero falar. O senhor não pode sair. O senhor vai ter que responder as perguntas”, disse Torres para Teixeira. “Não vou responder. Não sou seu empregado. Saio, sim, senhor”, devolveu o presidente da CBF.

O deputado tucano se levantou da cadeira e elevou o tom de voz: “O senhor não está acostumado a ouvir crítica, mas aqui você vai ouvir.” A reunião foi encerrada com o episódio e sem mais explicações.


Fonte: Universidade do Futebol.

‘Paradinha’ será considerada atitude antidesportiva a partir da Copa-10

Nesta terça-feira, após uma reunião especial da International Board, a Fifa enfim se pronunciou oficialmente dando um parecer sobre a questão das paradinhas em cobranças de penalidades. E o artifício, consolidado em campos brasileiros nos últimos anos, será vetado a partir da abertura da Copa do Mundo, no dia 11 de junho.

Aos jogadores que efetuarão a finalização da infração, será permitida apenas alguma finta durante a corrida e não mais no momento do chute.

“Simular na corrida para confundir os oponentes na cobrança de um pênalti é permitido, mas simular o chute na bola uma vez que o jogador completou sua corrida agora é considerada uma infração à regra 14 e um ato de comportamento antidesportivo em que o jogador deverá ser advertido”, informou a principal entidade do futebol mundial em comunicado de seu site oficial.

No último fim de semana, por exemplo, em partida válida contra o Ceará pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, o atacante Neymar, do Santos, parou sobre a bola no momento do chute, em um lance de penalidade máxima. No Mundial sul-africano, o gol seria invalidado e o jogador, punido.

“Temos a certeza que todos os árbitros e também os jogadores serão informados sobre essa decisão”, garantiu o secretário geral da Fifa, Jerome Valcke.

Também foi anunciado que a organização utilizará de forma experimental durante o período de dois anos dois árbitros assistentes adicionais, conforme o que foi testado na edição 2009/2010 da Liga Europa. A regra, entretanto, será válida apenas ao final da Copa-10.

De acordo com o relato da Fifa, jogadores, treinadores e árbitros presentes na disputa internacional serão ouvidos em discussão sobre a regra 12 (faltas e conduta, com as relações de expulsões, ofensas e punições).




Fonte:
Universidade do Futebol.

Na minha opinião esse lance de paradinha é uma sacanagem com o goleiro. Pensei nunca dizer isso mais "parabéns" para a FIFA.

27 de maio de 2010

Clubes espanhóis enfrentam mais dívidas

Estudo realizado na Universidade de Barcelona, pelo professor Jose Maria Gay, aponta dívidas em torno de 3,53 bilhões de euros entre os 20 times que disputaram La Liga, a primeira divisão da Espanha, no período entre 2008 e 2009.

O cenário agravou-se em 40 milhões de euros em relação à temporada anterior, enquanto o crescimento das receitas caiu de 10% para 4%.

O custo operacional total subiu de 249 milhões de euros para 1,7 bilhão de euros, sendo que somente as "despesas laborais", como salários a jogadores, representam 85% do acréscimo.

Os únicos clubes capazes de obter lucro foram os líderes do campeonato, Barcelona e Real Madrid, e o rebaixado Numancia.

Há algumas semanas, ameaças de paralisação da primeira divisão espanhola ocorreram devido à falta de pagamento de salários dos atletas. Alguns, inclusive, limparam parabrisas para protestar contra os mais de 12 meses de atrasos.

Fonte:
Máquina do Esporte

Escândalo de manipulação atinge atletas amadores na Alemanha; quatro são presos

A investigação da polícia alemã em relação a partidas suspeitas de manipulação de resultados em competições nacionais e continentais, com pelo menos equipes de 11 países envolvidas, encontrou no próprio local quatro infratores. Um é jogador da quarta divisão nacional, e os outros três são atletas juvenis.

Todos foram suspensos por suposta participação em casos de adulteração de resultados. O anúncio foi realizado pela Federação Alemã de Futebol nesta terça-feira.

Tim Hagedorn, do SC Verl, da quarta divisão, foi suspenso por seis meses devido a conduta anti-esportiva. Já os aspirantes a profissionais são do Arminia Biefeld, e foram suspensos por seis, oito e 14 meses, respectivamente – seus nomes não foram divulgados.

A partir de levantamento feito pela Procuradoria de Bochum, cerca de 200 partidas suspeitas estão sendo analisadas.

Fonte:
Universodade do Futebol.

26 de maio de 2010

São Paulo e Rio recebem festival de cinema sobre futebol

Com a expectativa para a Copa do Mundo na África e as preparações para o mundial de 2014, o IBEFEST (Instituto Brasileiro de Estudos de Festivais Audiovisuais) e a Conexão Cultural realizam o primeiro festival de cinema que conta somente com filmes sobre futebol.

O CINEfoot, como é chamado, será realizado de 27 de maio a 1° de junho, no Arteplex - Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, e de 4 a 6 de junho, no Museu do Futebol, em São Paulo. A iniciativa inédita contará com oito longas, 14 curtas e um documentário na capital carioca e nove curtas e três longas em São Paulo.

No Rio de Janeiro ocorrerá também uma disputa pela Taça CINEfoot, competição em que o público premia seus filmes preferidos, por meio de uma votação.

Aparecem em destaque na programação os dois filmes campeões do festival alemão 11MM - maior evento do gênero no mundo. A amostra também conta com os filmes “23 Anos em 7 segundos - O Fim do Jejum Corinthiano", de Julio Xavir e Di Moreti, e "Esperando Telê", de Rubens Rewald e Tales Ab´Sáber.

Fonte:
Universidade do Futebol.

20 de maio de 2010

Na Copa, MTV usa ironia em comerciais

Diante da provável queda de audiência devido à Copa do Mundo, a MTV se lança em uma campanha contrária ao evento, criada pela La Comunidad, agência internacional comandada por Jose Molla e responsável pela marca da emissora.

Nesta semana, três peças serão veiculadas. Na primeira, um jovem russo come ração canina para participar de promoção que o levaria à África do Sul para assistir às partidas. A irmã, inconformada, pergunta porque ele apenas não envia as embalagens, em vez de ingerir o alimento. "Nós entendemos porque você participa dessas promoções e não assiste MTV", diz o narrador.

No segundo clipe, gravado na Espanha, um hamster gigante reclama pela escassez de alimento que perdura por duas semanas, pois o dono está em frente à TV. "Nós entendemos porque você não está alimentando o Spooky e não está assistindo MTV".

Na Coreia do Sul, por fim, dois jovens têm dúvidas sobre matar ou não um inseto que os incomodam durante um jogo da Copa. A discussão surge porque um deles acredita que o animal traz boa sorte. Ambos são transformados em caramujos pelo inseto, mas ignoram a mudança e comemoram o gol de uma das seleções.
Fonte: Máquina do Esporte

19 de maio de 2010

Corinthians lança chip de celular

O Corinthians lançou o Chip do Timão, produto desenvolvido pela Titans Group e que será inicialmente operado pela Claro, que recentemente fechou contrato de patrocínio com o atacante Ronaldo. Os torcedores que possuírem o Chip poderão receber informações, curiosidades e itens para o celular, como wallpapers e ringtones.

O diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, ressalta que o novo produto vem para suprir pedidos na área tecnológica: "Financeiramente não é interessante. Mas ele atende um desejo e a ideia do marketing é aproximar nosso torcedor ainda mais do clube".

O Chip do Timão só estará disponível para o público no dia 11 de julho. Quem o comprar terá três planos distintos, que vão de R$ 1,00 a R$ 3,00 por semana. As opções variam desde um simples SMS por cada gol das partidas corintianas até mensagens com histórias e curiosidades do clube. Futuramente, existirá a possibilidade de compra de ingressos pelo celular.

Inicialmente, o serviço ficará restrito aos clientes Claro. Antes das suas vendas oficiais, a Titans planeja distribuir o seu produto por meio de promoções. Os primeiros mil cadastrados no site já ganharam o chip, em promoção que se esgotou em quatro horas horas.

Durante os jogos do Corinthians no Pacaembu também serão repassados produtos; a cada gol corintiano, mil chips serão distribuídos. A intenção é ter cem mil assinantes até a Copa do Mundo da África. Durante o torneio, os serviços serão voltados à seleção brasileira de futebol.


Fonte: Máquina do Esporte

Futebol: esporte popular cada vez mais com o espírito empresarial. Aonde vamos parar? Pois nos bastidores esportivos (e futebolístico) a competição normalmente está vinculada à "política" ou a interesses econômicos.

17 de maio de 2010

A convocação de Dunga: distância histórico-cultural do conceito de futebol-arte

Jogadores mais fortes e altos em detrimento de jovens talentos individuais aclamados pela crítica compõem lista do treinador da seleção brasileira para a Copa-10


O escritor José Lins do Rego, analista da modalidade até o início da década de 1950, dizia que o conhecimento da história do Brasil passava pela compreensão do futebol. Falecido antes da primeira conquista da seleção brasileira em Mundiais, já discorria, mesmo que inconscientemente, com um viés relacionado ao jogo moderno.

Em maio de 1957, Zé Lins criticava as constantes excursões de clubes brasileiros ao exterior, promovidas por empresários que haviam se especializado nessa atividade. O que ele mesmo incentivara e valorizara tempos antes, como instrumento de representação diplomática ou simplesmente como um produto de exportação, tornara-se, segundo seu próprio julgamento, um mal para o futebol brasileiro. Os clubes expunham seus jogadores a viagens extremamente longas, a mudanças alimentares e a um cansaço físico acentuado, em razão das disputas de muitas partidas em um curto espaço de tempo (ANTUNES, 2004, p. 114).

Diante de um calendário que não permite a manutenção dos clubes brasileiros nesse mercado, forças estrangeiras, como, Real Madrid, Barcelona, Manchester United e Chelsea, por exemplo, conquistaram a Ásia e, consequentemente, um grande espaço para vender seus produtos e a sua grife. Com a realização de parte da pré-temporada fora da terra natal, essas equipes expuseram seus atletas ao que Zé Lins considerava um mal: viagens desgastantes, mudanças alimentares e cansaço provocado pelo grande número de jogos em pouco tempo.

Tal lógica do desgaste dos jogadores parece que foi incorporada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que agenda os amistosos da seleção para o exterior. As atuações da equipe que representaria o Brasil, no próprio país, têm se resumido aos jogos das Eliminatórias Sul-Americanas. E entra em cena um questionamento: brasileiros-estrangeiros ou brasileiros “legítimos” devem ser os responsáveis por representar o verdadeiro estilo de jogo nacional?

Após um processo histórico de mudanças globais nos modos de administrar o futebol, especialmente nas últimas três décadas, a seleção brasileira não consegue hoje traduzir esse mesmo sentimento de representação nacional em torneios e nos chamados amistosos "internacionais". Percebe-se uma transformação não apenas das relações entre a seleção brasileira com os craques brasileiros, em sua grande maioria atuando fora do país, mas também com os torcedores de futebol. Algo que Dunga, entretanto, durante a entrevista coletiva de apresentação do grupo de jogadores selecionados para a disputa da Copa-10, tentou renegar.

“O maior ganho que tivemos até agora foi novamente essa paixão, essa vontade dos jogadores de querer vestir a camisa da seleção brasileira. Há exemplos de sobra. Jogadores campeões que haviam deixado a seleção de lado hoje mostram vontade de defendê-la”, argumentou o comandante.

Dunga fez questão de valorizar o grupo que começou a formar quando assumiu o cargo no fim de julho de 2006. Com cobranças e exigindo lealdade, avisou os jogadores que quem desse a resposta em campo ganharia espaço. Muito por conta disso, apelos populares e midiáticos temporais, como o mais próximo, envolvendo os talentos do Santos, Neymar e Paulo Henrique Ganso, foram ignorados.

“Minha coerência é com os fatos, preciso ter responsabilidade com os jogadores para que eles acreditem no que eu falo. Se eu digo que quem for para campo e der a resposta vai continuar, ele vai continuar. Desde o primeiro dia de trabalho, cada jogador começou a montar sua casinha, a colocar seu tijolo para chegar até hoje conosco”, completou o treinador.

Dos 23 atletas selecionados pelo chefe da comissão técnica da CBF, apenas três (Kleberson, do Flamengo, Gilberto, do Cruzeiro, e Robinho, do Santos) atuam em clubes brasileiros. Prática, aliás, represada em convocações anteriores, inclusive finais, contemplando os representantes para uma Copa.

Como o conceito de globalização é amplo e com diferentes formas de abordagem, o que se discute é o processo de globalização econômica do esporte, com a criação de um mercado não só mundial, mas globalmente conectado, no qual profissionais e produtos circulam livremente, tendo como quase única ferramenta de regulação o poderio econômico.

Levantamento do UOL Esporte explicitou o estereótipo “europeizado” da seleção atual. A altura média dos atletas é de 1,82m e eles são nascidos, em sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste. A lista de 2010 também valoriza a experiência: o Brasil que vai à África do Sul tem, em média, 28,6 anos de idade e o peso médio é 76,8kg.

O jogador mais velho é o lateral Gilberto, que esteve em 2006 e hoje tem 34 anos. O mais novo, por sua vez, é o meio-campista Ramires, com 23 e presente nos Jogos Olímpicos de 2008. Os “Meninos da Vila”, entretanto, tampouco se encaixaram no campo da exceção. E um sentido mais “poético” ficará longe da África do Sul.

“No poema do João Cabral de Melo Neto, o autor diz que o futebol brasileiro é evocado na Europa. A bola não é touro, que é inimiga. É preciso dar astúcia de mãos aos pés, no sentido de conseguir fazer com a bola uma arte”, expôs Frederico Barbosa, poeta e diretor da Casa das Rosas, referindo-se a “De um jogador brasileiro a um técnico espanhol”.


Não é a bola alguma cartaque se leva de casa em casa:
é antes telegrama que vaide onde o atiram ao onde cai.
Parado, o brasileiro a fazir onde há-de, sem leva e traz;
com aritméticas de circoele a faz ir onde é preciso;
em telegrama, que é sem tempoele a faz ir ao mais extremo.
Não corre: ele sabe que a bola,Telegrama, mais que corre voa.

João Cabral de Melo Neto

O discurso dele compôs uma mesa de debates intitulada “Futebol-Arte”, parte do I Simpósio de estudos sobre futebol organizado pelo Museu do Futebol, em parceira com a USP e a PUC-SP. Ironicamente, os argumentos que enalteciam a estética do jogo na mesa redonda foram apresentados quase que simultaneamente à divulgação da lista de Dunga.

Barbosa relatou a teoria da comunicação de Roman Jakobson, que fala das funções da linguagem. Uma delas seria a função poética da linguagem, quando ela se volta para si mesma, consciente da sua própria formulação.

“A função poética do futebol talvez passe a existir quando o mesmo está voltado para si, ou seja, algo criticável, como a firula, o mero exibicionismo. O Garrincha, de maneira errada, era taxado por alguns assim, embora ele fosse extremamente rápido e eficiente”, comparou.

“Não temos um time de futebol como o Harlem Globetrotters, por exemplo, que não compete, apenas se exibe. De repente poderia se fazer uma formação dessa: bastava colocar a camisa do Santos e saía jogando por aí...”, brincou Barbosa, citando a performance magistral dos jogadores da Vila Belmiro.

A “defesa ao talento” ganhou contornos na fala de José Geraldo Vinci de Moraes, doutor em História Social e estudioso da relação com a música popular e a história da cultura brasileira. Ele garantiu a condição evolutiva de Ganso e Neymar, com uma sinalização comparativa ao comportamento de outro santista: este, sem parâmetros.

“Na dimensão de quem joga, no confronto entre os corpos, a violência é uma invenção, às vezes. Não há violência no estilo uruguaio, por exemplo. É uma gana inevitável de se querer vencer. Pelé era um cara que sabia se defender no jogo, e muito bem. Os dois garotos do Santos, hoje, também aprenderam”, elencou Moraes.

“O conflito, o confronto entre corpos com tanta violência, faz parte do jogo. Não podemos minimizar”, completou.

Por fim, o psicanalista Thales Ab´Saber, torcedor do Grêmio, a equipe que bateu o Santos na primeira partida das semifinais da Copa do Brasil, traçou um perfil histórico dessa relação entre o viril e o belo.

“O choque dos corpos é agressivo e faz parte da beleza. Eu sei qual é a beleza do time que não se permite perder, apesar de discordar da filosofia do meu time”, argumentou.

“Conversava com meu avô sobre a Copa de 1950. Ele me contou que o Brasil era incrível, tinha o Ademir, o Zizinho, mas o Uruguai tinha um cara chamado Varela, que era um Dunga superior, e no grito e na intensidade nos venceu”, relembrou Thales.

Autor de “Esperando Telê”, documentário desenvolvido ao lado de Rubens Rewald, ele até crê na hipótese levantada por alguns de que a saudosa seleção brasileira de 1982 se hipnotizou consigo mesma. O fato de ser algo tão sublime, tão elevado, poderia tê-la feito pensar que ganhou o torneio no jogo contra a Argentina, antes do enfrentamento com os italianos, no Sarriá.

“Essa dupla dimensão é insolúvel, é dialética. A força, a disposição, a garra, pertence a times que são voltados a isso. O Corinthians, historicamente, é apaixonado, mas não deixa de ser técnico, pois pertence ao futebol brasileiro. São equilíbrios históricos”, traduziu.

“O Brasil é a história do futebol onde se pode colocar o problema: podemos ou não ter um futebol-arte? Em nenhum outro país do mundo isso é possível. Temos essa disponibilidade, esse repertório, e podemos lutar para concretizá-lo. É uma questão séria para nós”, finalizou Thales. Dunga, ao que parece, preferiu não encarar tal batalha.

Fonte: Universidade do Futebol.

13 de maio de 2010

Nove anos do adeus de Didi

O meia Didi, cujo nome era Valdir Pereira (1929-2001), foi um dos maiores craques da história do futebol brasileiro. Possuía um estilo de jogo clássico e elegante, o que lhe valeu o apelido de “Príncipe Etíope”. Seus lançamentos eram precisos, o que facilitava a vida dos atacantes dos times em que atuou. Na seleção brasileira, foi titular absoluto, vencendo as Copas do Mundo de 1958 e 1962.

Como todo garoto, Didi sonhava em ser jogador de futebol e desde cedo defendeu pequenos clubes do interior do Estado do Rio de Janeiro, até porque era natural de Campos dos Goytacazes. Em 1945 já era titular da equipe principal do Americano e logo no ano seguinte transferiu-se para o Fluminense, passando a viver na então capital federal.
No tricolor carioca, Didi marcou perto de 100 gols nos 10 anos em que ficou nas Laranjeiras e até hoje é um dos maiores ídolos da história do clube. No amistoso que marcou a inauguração do Maracanã, disputado pelas seleções paulista e carioca, o meia não conseguiu evitar a derrota de sua equipe (2 a 1), mas coube a ele o fato de ter assinalado o primeiro gol naquele estádio.

Folha Seca

Didi criou a “folha seca” quase que por acaso. Tudo aconteceu em 1956, já defendendo o Botafogo, num jogo contra o América, por causa de uma lesão que o impedia de chutar a bola normalmente. Por isso, ao bater na bola com o lado externo do pé, no meio da bola, o público viu a bola subir, fazer uma curva e cair repentinamente no gol, trajetória semelhante ao que ocorre com uma folha. Em 1957, na partida válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, Didi marcou um gol de folha seca contra o Peru, em uma cobrança de falta.
A estréia de Didi na seleção brasileira aconteceu no Campeonato Pan-Americano de 1952, em Santiago, no dia 6 de abril, quando foi escalado pelo técnico Zezé Moreira, no jogo em que o Brasil vendeu o México por 2 a 0.

Na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, o inventor da folha seca disputou os três jogos como titular, mas o time brasileiro perdeu o último jogo da fase para a Hungria, por 4 a 2, e foi eliminado.

No Mundial de 1958, na Suécia, Didi se destacou naquela seleção que conquistaria o primeiro título para o Brasil, sendo eleito o melhor jogador do torneio. Um fato marcante com o craque brasileiro aconteceu na partida final, quando foi buscar calmamente a bola de dentro do gol brasileiro, após o tento inaugural dos anfitriões. Isto tranqüilizou a equipe e deu confiança para que os jogadores virassem a partida, que terminou com a vitória brasileira por 5 a 2. Ao total disputou 74 partidas pela seleção, sendo 68 oficiais, e marcou 21 gols.
Pelo Botafogo, para onde se transferiu em 1956, Didi marcou 113 gols em 313 partidas, onde teve oportunidade de jogar ao lado de Mané Garrincha, Nilton Santos, Quarentinha e outros grandes craques.

Depois da Copa de 1958, o “Príncipe Etíope” foi contratado no ano seguinte pelo Real Madrid, da Espanha, onde não conseguiu mostrar seu melhor futebol, apesar da equipe estar recheada de monstros sagrados do futebol, como Puskas e Di Stéfano.
No final de sua carreira Didi defendeu o São Paulo duas vezes: a primeira, em 1964 e, a segunda, em 1966. Ao encerrar a carreira, Didi possuía em seu currículo os seguintes títulos: Carioca de 1951 (Fluminense), 1957, 1961 e 1962 (Botafogo); Torneio Rio-São Paulo: 1962 (Botafogo); Campeão do Mundo: 1958 e 1962, pela seleção brasileira.

Como técnico, curiosamente o ídolo brasileiro teve mais sucesso no exterior. Seu grande feito foi ter montado a maior seleção peruana da história, num time que tinha em Cubillas seu grande astro e que chegou a participar da Copa do Mundo de 1970, no México, sendo eliminada (4 a 2) nas quartas-de-final justamente pela seleção brasileira que chegaria ao tricampeonato.
Posteriormente comandou várias equipes do Brasil e do exterior, sendo três vezes campeão do Peru pelo Sporting Cristal, cinco vezes campeão turco pelo Fenerbahce; três Copas do Rei e um Campeonato do Golfo pelo Al-Ahli Club de Jeddah, na Arábia Saudita.
Em 2000, entrou para o Hall da Fama da Fifa em 2000 e logo no ano seguinte morreu, no dia 12 de maio por causa de problemas cardíacos.




Fonte:
Universidade do Futebol

Os meninos do Santos exibem futebol espetacular, mas a festa tem hora para acabar...

Há muitos anos não víamos um futebol tão bem jogado, capaz de encher os olhos do torcedor brasileiro. Quando a uniformização dos estilos do jogo, fruto da integração do esporte à lógica do rendimento empresarial, parecia dominar todos os clubes brasileiros e nossa própria seleção nacional, a equipe do Santos, campeã paulista de 2010, fez a magia do futebol renascer.

Neymar, Paulo Henrique Ganso, Robinho e Cia estão mostrando que não se ganha títulos apenas com um modo de jogo burocrático, repleto de chutões, cruzamentos em direção à grande área, força física e volantes brucutus. A bola no chão – que só se levanta no momento do lindo “lençol” – os toques rápidos, os dribles, a paradinha, a velocidade e a busca incessante pelos gols são as marcas desse time que vem retomando o brilho do esporte mais popular do mundo.

Da Inglaterra ao Brasil, das elites ao povão

Criado nos colégios burgueses da Inglaterra na primeira metade do Século XIX, o futebol ganhou status de esporte popular em todo o planeta em meados do Século XX. Primeiro foi a classe trabalhadora inglesa que tomou o jogo dos patrões para si, praticando o futebol na suas escassas horas de lazer e construindo grandes clubes nos principais bairros operários de seu país.

No Brasil, o jogo chegou em 1894 e a partir de então foi conquistando devagarzinho o povo, rompendo com o elitismo inicial que encarava o futebol como um esporte para os brancos industriais. Foram os pés negros de tantos craques – Leônidas da Silva, Garrincha, Pelé e vários outros – que transformaram o jogo europeu em uma realização quase artística, parte importante do imaginário nacional brasileiro.

Os craques do Santos de hoje são parte desta tradição, do futebol alegre, malandro, circense, jogado nas areias das praias, nas ruas mal-asfaltadas, nos campos de várzea. O futebol que é brincadeira, que mistura profissionalismo e diversão, que nos faz esquecer e inverter por alguns instantes as dificuldades de viver em uma sociedade que explora e oprime a maioria da população.

No capitalismo, tudo vira mercadoria

Os jovens jogadores do Santos nos fazem lembrar de um tempo no qual a lógica de mercado e a ganância dos capitalistas ainda não tinham tomado conta do futebol. Tempos áureos do nosso futebol, do tricampeonato mundial (1958, 1962 e 1970), quando as camisas só estampavam os escudos dos clubes e o suor dos jogadores.

Atualmente, na fase decadente do capitalismo, o futebol é uma das mercadorias mais rentáveis em todos os continentes. A diferença é que em nossos dias o espetáculo não só serve para alegrar multidões, que vão ao delírio com as belas jogadas e os gols, mas também serve para divulgar grandes empresas multinacionais e marcas de material esportivo, para fazer lucrar as emissoras de televisão. Os uniformes agora são outdoors, os craques são garotos-propaganda e os clubes são empresas.

Nossos garotos são mais um produto para exportação

O Brasil está na periferia do capitalismo. Temos uma economia dependente do Imperialismo. As empresas estrangeiras não apenas exploram nossos recursos naturais e nossa força de trabalho, como também querem lucrar com nossos artistas da bola.

Jogadores brasileiros são vendidos para o exterior cada vez mais cedo. Meninos de origem humilde, filhos da classe trabalhadora brasileira, que vão jogar futebol em algum canto do mundo para encher o bolso de empresários, patrocinadores e magnatas do esporte. Os times brasileiros estão atolados em dívidas, fruto da corrupção que toma conta das administrações e das diretorias dos clubes nacionais, que não podem garantir a permanência de seus melhores atletas, cooptados pelas promessas de sucesso e fortuna nos gramados da Inglaterra, Espanha ou Itália.

Esse deve ser o futuro dos meninos da Vila. O assédio dos empresários e o sonho alienado de comprar mansões, roupas finas e carros de luxo formam uma pressão incontrolável na cabeça dos jovens jogadores. A próxima janela de transferências, na pré-temporada do futebol europeu, dever ser o limite. O show vai acabar, o time será desmontado e o futebol brasileiro vai perder seus representantes mais legítimos e inspirados.

E o torcedor?

O torcedor, o trabalhador que fica no vermelho todo fim do mês para ver seu time jogar, que faz hora-extra, bico ou empresta dinheiro para poder pagar R$ 50 no ingresso para ir ao estádio, é o mais prejudicado nessa história. Em poucos meses, a equipe que hoje encanta e alegra a vida de milhões será apenas uma lembrança na mesa do bar, no vestiário da fábrica, no imaginário dos trabalhadores. Neymar, Ganso, Robinho e seus companheiros estarão ganhando milhões e gerando lucros exorbitantes para grandes empresas. Até lá, só resta aos torcedores, santistas ou não, que gostam do futebol-arte e da ginga, aproveitar os jogos desses garotos.

Resta-nos a pergunta: até quando o futebol brasileiro, orgulho de nosso povo, servirá aos lucros capitalistas? Acreditamos que só quando os clubes forem administrados democraticamente pelos seus próprios sócios, quando o governo ajudar a garantir a permanência dos atletas brasileiros em nosso país. E, fundamentalmente, quando o futebol deixar de ser mercadoria, quando o capitalismo deixar de existir, e com ele a exploração.

Escrito por: Robson Botelho e Vinicios Zaparoli, de São Paulo (SP)

A ‘coerência’ de Dunga

Quem não ficou com medo do fantasma de 1994 após o anúncio da lista de convocados para a Copa? O primeiro ponto de ligação com aquela Copa foi a clara demonstração de que Dunga, assim como Carlos Aberto Parreira, é testa curta, avesso a ousadias. O técnico ignorou solenemente os apelos da torcida brasileira por Ganso e Neymar.

Durante toda a entrevista coletiva concedida para justificar a escalação, o técnico tentou explicar a “coerência” da não convocação dos meninos de ouro da Vila Belmiro. Disse que eram muito novos e que “não houve tempo para testes”. Contudo, não seria mais “coerente” convocar os dois maiores craques em atuação no país, e levar para Copa a fabulosa (e rara) sintonia do ataque do Santos?

Pode-se sintetizar o futebol como uma combinação da genialidade do boleiro, seu domínio dos fundamentos, com a mais perfeita sintonia dentro da equipe. Isso é precioso, mas só funciona quando treinadores têm a sensibilidade necessária e bom senso de oportunidade, o que é exatamente a antítese da teimosia.

Por outro lado, a escalação de Kleberson (reserva do Flamengo) e Grafite (que atuou em apenas um jogo da seleção e não mostrou muita coisa) contradizem toda a coerência lógica de Dunga. Ao contrário do que diz o treinador, não foram convocados apenas aqueles que “ralaram”.

Como disse um jornalista na entrevista coletiva criticando a falta de ousadia do técnico, Pelé não seria convocado em 1958 se Dunga estivesse no lugar de Vicente Feola.

O segundo elo com a seleção de Parreira de 1994 é a ameaça da seleção não ter um meio de campo digno. Naquela época, a falta de rendimento de Raí deixou a seleção acéfala, sem um meia-armador. Ficamos com o futebol burocrático de Zinho, Mauro Silva, Dunga e Mazinho...(que, diga-se de passagem, são superiores a maioria dos meias convocados por Dunga) Dessa vez, o perigo de Kaká se machucar ou não render o futebol esperado pode levar a uma situação semelhante. “Mas ganhamos mesmo assim”, diz Dunga. Infelizmente a situação hoje é pior do que em 94. Dessa vez não temos a genialidade dos pés de Romário e Bebeto, na época veteranos que carregaram literalmente aquela seleção nas costas.

Quem está à altura da posição de Kaká, caso seja necessário substituí-lo? Julio Batista, reserva da Roma? Ou a opção será um improviso de laterais com volantes, descartando definitivamente um meia-armador de verdade? Talvez Dunga e Jorginho queiram mostrar ao país que seria possível vencer aquela Copa apenas com a mediocridade de seu meio de campo.

Dunga está certo em cobrar raça e compromisso dos jogadores da seleção. Mas só isso não afasta o fiasco de 2006. Esperamos que a seleção apresente na Copa um futebol livre das limitações de uma estratégia burocrática, mecânica, defensiva, tão a gosto das escolas européias.


Escrito por: Jeferson Chomada redação do Opinião Socialista

7 de maio de 2010

Clube de punks faz sucesso na Alemanha

Matéria escrita por Sandro Moraes que saiu no Yahoo Notícias falando sobre o St. Pauli e as relações entre futebol, política e religião nas arquibancadas européias.





Eu sou um trovão que rola, a chuva que cai
Estou chegando como um ciclone
Meus relâmpagos reluzindo no céu
Você é apenas um jovem, mas vai morrer...

Todo torcedor tem a mania de achar que seu time é único. Não existe outro igual na face da Terra. Há quem seja tão seletivo que escolhe dentro de campo cores que sintetizem sua cultura, religião, etnia ou ideologia. Mas nenhum chegou tão longe quanto o FC St.Pauli, da Alemanha.
Sim, algumas agremiações têm peculiaridades. Mas essa pequena equipe de Hamburgo é realmente inigualável. Querem uma prova? As palavras que começam este texto, por exemplo. É a tradução dos versos iniciais de Hell's Bells, clássico da banda de heavy metal AC/DC. É o som tocado no Millertorn-Stadion quando os jogadores entram em campo usando os inconfundíveis uniformes marrons. E quantos clubes que você conhece usam camisas dessa cor?
"É uma experiência que nem sei como descrever. É time como nenhum outro no mundo, acho", arrisca o atacante Marius Ebbers.

Pois na temporada 2010-2011 do Campeonato Alemão o St.Pauli estará mais na moda do que nunca. Vice-campeão da segunda divisão, conseguiu acesso para a Bundesliga.
O símbolo adotado pelos fãs é uma bandeira de pirata, com crânio e ossos em forma de X. Ficou mais conhecido do que o escudo oficial. São os "rebeldes", como foram apelidados pela imprensa. E o carisma por ser "alternativo" atraiu uma legião de jovens identificados com a visão de futebol de "punk rock".

"Estamos crescendo. Não somos mais uma utopia social. Vamos nos encaixar à realidade, sem perder nossa identidade", defende o ex-jogador e atual técnico, Holger Stanislawski.
Fundado em 1889, o St.Pauli levou quase 100 anos para perceber qual o caminho para o sucesso. Pelo menos fora de campo. Na metade da década de 1980, a diretoria levou a sede para a área das docas de Hamburgo. Não exatamente o local mais bem frequentado da cidade. Era bem próxima ao Reperbahn, a zona de prostituição local. O time, porém, soube aproveitar mudança tão pouco usual e começou a atrair cada vez mais seguidores, identificados com a filosofia esquerdista politicamente e dispostos a tornar cada partida em ambiente festivo e musical.

"Em pouco mais de um ano, passamos a ter torcida com perfil específico. Tivemos alguns resultados adversos com a bola rolando, mas não paramos de crescer", constata o chairman (o chefe da diretoria) Corny Littman.
Colaborou para isso o St.Pauli ter sido pioneiro em banir manifestações nazistas no seu estádio. Ajuda também o clima de diversidade cultural e confraternização reinante. O Millertorn tem uma cafeteria onde elenco e aficionados podem se encontrar e conversar sobre o jogo minutos após o apito final.

Ah, só para constar: Corny Littman é assumidamente homossexual. Diferente? O St.Pauli já teve um presidente travesti. Na metade dos anos 90, atletas posaram algemados para foto antes de uma partida.

Matéria continua aqui.