13 de maio de 2010

Nove anos do adeus de Didi

O meia Didi, cujo nome era Valdir Pereira (1929-2001), foi um dos maiores craques da história do futebol brasileiro. Possuía um estilo de jogo clássico e elegante, o que lhe valeu o apelido de “Príncipe Etíope”. Seus lançamentos eram precisos, o que facilitava a vida dos atacantes dos times em que atuou. Na seleção brasileira, foi titular absoluto, vencendo as Copas do Mundo de 1958 e 1962.

Como todo garoto, Didi sonhava em ser jogador de futebol e desde cedo defendeu pequenos clubes do interior do Estado do Rio de Janeiro, até porque era natural de Campos dos Goytacazes. Em 1945 já era titular da equipe principal do Americano e logo no ano seguinte transferiu-se para o Fluminense, passando a viver na então capital federal.
No tricolor carioca, Didi marcou perto de 100 gols nos 10 anos em que ficou nas Laranjeiras e até hoje é um dos maiores ídolos da história do clube. No amistoso que marcou a inauguração do Maracanã, disputado pelas seleções paulista e carioca, o meia não conseguiu evitar a derrota de sua equipe (2 a 1), mas coube a ele o fato de ter assinalado o primeiro gol naquele estádio.

Folha Seca

Didi criou a “folha seca” quase que por acaso. Tudo aconteceu em 1956, já defendendo o Botafogo, num jogo contra o América, por causa de uma lesão que o impedia de chutar a bola normalmente. Por isso, ao bater na bola com o lado externo do pé, no meio da bola, o público viu a bola subir, fazer uma curva e cair repentinamente no gol, trajetória semelhante ao que ocorre com uma folha. Em 1957, na partida válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, Didi marcou um gol de folha seca contra o Peru, em uma cobrança de falta.
A estréia de Didi na seleção brasileira aconteceu no Campeonato Pan-Americano de 1952, em Santiago, no dia 6 de abril, quando foi escalado pelo técnico Zezé Moreira, no jogo em que o Brasil vendeu o México por 2 a 0.

Na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, o inventor da folha seca disputou os três jogos como titular, mas o time brasileiro perdeu o último jogo da fase para a Hungria, por 4 a 2, e foi eliminado.

No Mundial de 1958, na Suécia, Didi se destacou naquela seleção que conquistaria o primeiro título para o Brasil, sendo eleito o melhor jogador do torneio. Um fato marcante com o craque brasileiro aconteceu na partida final, quando foi buscar calmamente a bola de dentro do gol brasileiro, após o tento inaugural dos anfitriões. Isto tranqüilizou a equipe e deu confiança para que os jogadores virassem a partida, que terminou com a vitória brasileira por 5 a 2. Ao total disputou 74 partidas pela seleção, sendo 68 oficiais, e marcou 21 gols.
Pelo Botafogo, para onde se transferiu em 1956, Didi marcou 113 gols em 313 partidas, onde teve oportunidade de jogar ao lado de Mané Garrincha, Nilton Santos, Quarentinha e outros grandes craques.

Depois da Copa de 1958, o “Príncipe Etíope” foi contratado no ano seguinte pelo Real Madrid, da Espanha, onde não conseguiu mostrar seu melhor futebol, apesar da equipe estar recheada de monstros sagrados do futebol, como Puskas e Di Stéfano.
No final de sua carreira Didi defendeu o São Paulo duas vezes: a primeira, em 1964 e, a segunda, em 1966. Ao encerrar a carreira, Didi possuía em seu currículo os seguintes títulos: Carioca de 1951 (Fluminense), 1957, 1961 e 1962 (Botafogo); Torneio Rio-São Paulo: 1962 (Botafogo); Campeão do Mundo: 1958 e 1962, pela seleção brasileira.

Como técnico, curiosamente o ídolo brasileiro teve mais sucesso no exterior. Seu grande feito foi ter montado a maior seleção peruana da história, num time que tinha em Cubillas seu grande astro e que chegou a participar da Copa do Mundo de 1970, no México, sendo eliminada (4 a 2) nas quartas-de-final justamente pela seleção brasileira que chegaria ao tricampeonato.
Posteriormente comandou várias equipes do Brasil e do exterior, sendo três vezes campeão do Peru pelo Sporting Cristal, cinco vezes campeão turco pelo Fenerbahce; três Copas do Rei e um Campeonato do Golfo pelo Al-Ahli Club de Jeddah, na Arábia Saudita.
Em 2000, entrou para o Hall da Fama da Fifa em 2000 e logo no ano seguinte morreu, no dia 12 de maio por causa de problemas cardíacos.




Fonte:
Universidade do Futebol

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