Ex-jogador violou direitos humanos durante ditadura, denuncia ex-agente
O argentino Edgardo Andrada, goleiro que entrou para a história por ter tomado o milésimo gol de Pelé, está sendo acusado de participação na violação de direitos humanos da ditadura (1976-1983). A acusação foi feita por um ex-agente militar, Eduardo Constanzo, que está sob prisão domiciliar em Rosário, acusado de tortura.
Conhecido como El Gato, Andrada iniciou sua carreira na equipe do Rosario Central. Em 1969 foi para o Vasco, onde não conseguiu defender o histórico gol de Pelé (de pênalti), no mesmo ano. Em 1976, ano do golpe na Argentina, quando dezenas de milhares de pessoas partiam para o exílio, Andrada voltou ao país.
Segundo declarações de Constanzo, confirmadas em audiência judicial, Andrada - hoje com 69 anos - integrou um grupo parapolicial que seqüestrava civis em Rosário. O ex-torturador, que foi agente de inteligência do Exército, assegura que o ex-goleiro esteve envolvido no desaparecimento e assassinato de dois militantes do Partido Justicialista (Peronista), Osvaldo Cambiasso e Eduardo Pereira Rossi. Os dois foram seqüestrados em 14 de maio de 1983 num bar do centro da cidade, sete meses antes da queda da ditadura.
Os corpos de Cambiasso e Rossi apareceram dias depois do seqüestro. A autópsia, na época, indicou que antes de serem baleados à queima-roupa, os dois tinham sido espancados e torturados com choques elétricos.
“Constanzo está delirando”, rebateu Andrada, rejeitando as acusações. “Eu estava a serviço do Exército, mas não é um pecado participar dessa força. Estava no Exército e jogava futebol. Nada mais do que isso”, disse a jornalistas.
Jogadores veteranos recordam que, no fim da ditadura, circulavam rumores sobre a colaboração ativa de Andrada com os serviços de inteligência do regime militar. Outros ex-colegas do ex-jogador, no entanto, não acreditam que Andrada tenha participado da repressão.
Fonte: Estado de S. Paulo
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