A Copa do Mundo e as eleições dividem as atenções da agenda pública brasileira em 2010 e a forma como isso é noticiado gera diversos debates. Com a proposta de reunir pessoas qualificadas para falar sobre os dois temas mais importantes do ano, acontece nesta semana em Curitiba o evento “Agenda 2010: futebol e política”, no Paço da Liberdade.
Na última quarta-feira (05), primeiro dia do evento, a conversa passou por vários aspectos relevantes em relação ao tema e criticou o jornalismo nacional. A proposta inicial na discussão foi abordar a forma como a mídia se porta frente às relações entre grandes eventos, como os que vão acontecer no Brasil e no mundo neste ano.
O primeiro ponto abordado foi a divisão ou, na visão dos debatedores, a não-divisão entre os temas. De acordo com eles, o debate político que a eleição normalmente causa vem sendo ofuscado pelo mundial da África do Sul. Segundo o repórter da revista Carta Capital, Leandro Fortes, o que, em partes, explica essa disparidade é o fator emocional relacionado à Copa do Mundo e a falta disso em relação às eleições.
Ele argumenta que o brasileiro cria, principalmente em época de Copa do Mundo, uma identificação muito forte – e artificial – com o país, o que não ocorre na hora de escolher os governantes. "A concentração do imaginário do povo se volta para a celebração do grande evento esportivo e a concentração midiática segue a maré", opina Fortes.
Jornalismo de torcida
Uma das maiores críticas levantadas no debate foi relacionada à qualidade e aos propósitos do jornalismo – tanto o político quanto o esportivo. Fortes defende a idéia de que a maior – e pior – semelhança entre esses dois tipos de textos está na forma como a defesa de certos times, seleções e candidatos são feitas. “Não existe de fato cobertura política no Brasil”, critica.
Segundo ele, o que existe, tanto na área esportiva quanto política, é um jornalismo declaratório, o que vai contra a base da profissão. ”A função do jornalista é usar uma linguagem simples e crítica”, alega, num misto de diagnóstico presente e solução para o futuro.
Esporte e política
Para o mestre em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) Joaquim Toledo Junior, a política e o esporte estão relacionados também no legado deixado por eventos como Copa do Mundo e Olímpiadas para as cidades-sede. O professor da PUC-SP e doutor em ciências sociais José Paulo Florenzano aponta outra relação entre as duas esferas, ele considera que houve tentativa dos meios políticos de se apropriar do discurso esportivo. Segundo o professor, isso ocorreu através da utilização das vitórias esportivas em prol da legitimação do governo. Florenzano levantou dois exemplos contrastantes: as copas de 1970 e 1974.
Na primeira, a escolha do selecionado brasileiro sofreu influências que ficaram marcadas na história. Entre os agentes dessa influência, além da comissão técnica, do grupo de jogadores e da opinião pública, estava o governo, na figura do presidente Emílio Garrastazu Médici. Conta-se que o presidente exigiu a escalação de determinados jogadores, fato que causou, meses antes da copa, a troca de João Saldanha por Zagallo no comando da equipe.
Em 1974, os jogadores brasileiros, respaldados pela vitória em 1970 e insatisfeitos com as críticas da imprensa, assinaram um manifesto em que prometiam não falar mais com os jornalistas, episódio que ficou conhecido como o Manifesto de Glascow.
Na última quarta-feira (05), primeiro dia do evento, a conversa passou por vários aspectos relevantes em relação ao tema e criticou o jornalismo nacional. A proposta inicial na discussão foi abordar a forma como a mídia se porta frente às relações entre grandes eventos, como os que vão acontecer no Brasil e no mundo neste ano.
O primeiro ponto abordado foi a divisão ou, na visão dos debatedores, a não-divisão entre os temas. De acordo com eles, o debate político que a eleição normalmente causa vem sendo ofuscado pelo mundial da África do Sul. Segundo o repórter da revista Carta Capital, Leandro Fortes, o que, em partes, explica essa disparidade é o fator emocional relacionado à Copa do Mundo e a falta disso em relação às eleições.
Ele argumenta que o brasileiro cria, principalmente em época de Copa do Mundo, uma identificação muito forte – e artificial – com o país, o que não ocorre na hora de escolher os governantes. "A concentração do imaginário do povo se volta para a celebração do grande evento esportivo e a concentração midiática segue a maré", opina Fortes.
Jornalismo de torcida
Uma das maiores críticas levantadas no debate foi relacionada à qualidade e aos propósitos do jornalismo – tanto o político quanto o esportivo. Fortes defende a idéia de que a maior – e pior – semelhança entre esses dois tipos de textos está na forma como a defesa de certos times, seleções e candidatos são feitas. “Não existe de fato cobertura política no Brasil”, critica.
Segundo ele, o que existe, tanto na área esportiva quanto política, é um jornalismo declaratório, o que vai contra a base da profissão. ”A função do jornalista é usar uma linguagem simples e crítica”, alega, num misto de diagnóstico presente e solução para o futuro.
Esporte e política
Para o mestre em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) Joaquim Toledo Junior, a política e o esporte estão relacionados também no legado deixado por eventos como Copa do Mundo e Olímpiadas para as cidades-sede. O professor da PUC-SP e doutor em ciências sociais José Paulo Florenzano aponta outra relação entre as duas esferas, ele considera que houve tentativa dos meios políticos de se apropriar do discurso esportivo. Segundo o professor, isso ocorreu através da utilização das vitórias esportivas em prol da legitimação do governo. Florenzano levantou dois exemplos contrastantes: as copas de 1970 e 1974.
Na primeira, a escolha do selecionado brasileiro sofreu influências que ficaram marcadas na história. Entre os agentes dessa influência, além da comissão técnica, do grupo de jogadores e da opinião pública, estava o governo, na figura do presidente Emílio Garrastazu Médici. Conta-se que o presidente exigiu a escalação de determinados jogadores, fato que causou, meses antes da copa, a troca de João Saldanha por Zagallo no comando da equipe.
Em 1974, os jogadores brasileiros, respaldados pela vitória em 1970 e insatisfeitos com as críticas da imprensa, assinaram um manifesto em que prometiam não falar mais com os jornalistas, episódio que ficou conhecido como o Manifesto de Glascow.
Fonte: Jornal Comunicação.
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