11 de julho de 2010

O futebol como negócio e ideologia

Estamos em ano de Copa do Mundo e a mídia burguesa já retrata o maior acontecimento do futebol como um espaço em que não há diferenças raciais (em se tratando de África do Sul chega a ser um desrespeito), sociais e de classes. É o mesmo discurso de sempre. Mas, uma análise marxista não pode cair nesse discurso porque a Copa o Mundo, longe de ser um evento de esportividade, se insere na lógica do capital, ou seja, do lucro. Futebol não é mais paixão, é negócio, o que se expressa na idéia de que um clube, para se vitorioso, tem que ser empresa.

Em um evento de tamanha envergadura, o montante de dinheiro em circulação é vultuoso. A FIFA terá um renda de U$$ 3,5 bilhões no período de 2011-2014 só com a organização da Copa no Brasil. Para ajudar, a FIFA e a rede de TV que terá os direitos de transmissão terão isenção fiscal do Governo Federal. Mais dinheiro público.

Se os jogadores sequer se identificam com o país que juram amar, as empresas que "vivem de futebol" se identificam financeiramente muito bem com o futebol (e com outros esportes também). A região de Sialkot (fronteira do Paquistão com a India) é o local onde se produzem 40 milhões de bolas (costuradas manualmente) todos os anos (em ano de Copa do Mundo esse número sobe 50%) abastecendo parte importante do mercado mundial. Para se ter uma idéia do nível de extração de mais valia, cada trabalhador recebe entre U$$ 0,60 e U$$ 0,75 (Estadão de 21/04/2010) por bola costurada, e em um dia de 8 horas de jornada de trabalho costura-se no máximo seis bolas, com um salário mensal de aproximadamente R$ 205,00. Considerando que cada bola é vendida no mercado europeu por R$ 260,00 podemos fazer rapidamente as contas do tamanho da exploração: uma única bola vendida paga com sobras o salário de um mês de um operário paquistanês. Isso que é mais valia!

Como se vê por esse exemplo, tanto dinheiro na FIFA tem origem: a exploração dos trabalhadores, pois é desse lucro exorbitante que empresas como a Adidas (que é fabricante oficial de bolas para as Copas desde 1970) tiram dinheiro para o pagamento dos patrocínios, propaganda, etc. O capital já tomou conta de todos os eventos esportivos, descaracterizando-os completamente. Se as pessoas querem que seu país seja o campeão, para o capital o que determina se esse evento teve sucesso ou não é o tamanho da lucratividade. O esporte preferido do capital é a exploração.

Fonte:
Espaço Socialista.

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