23 de julho de 2010

Caso Bruno, o espelho de uma sociedade capitalista em completa decomposição

Após o fracasso da seleção brasileira com a eliminação da Copa do Mundo e a frustração dos anunciantes, a mídia buscou encher seus noticiários com mais um episódio envolvendo jovens em um crime. E mais, de um famoso jogador de futebol, o goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes. Para chamar atenção e ganhar uns pontos a mais no “Ibope” foi necessário rechear o crime com fortes doses de sensacionalismo macabro.

De quebra, tal como ocorrera no episódio dos Nardoni há dois anos, a manipulação dos fatos, principalmente pela Rede Globo, é algo explícito: a investigação é totalmente falha, não há provas concretas; há apenas suspeitos e a polícia corrupta colabora com a comoção manietada pela emissora dos Marinhos. No entanto, o réu em questão já está condenado antecipadamente pela opinião pública. No circo midiático, sangue e desgraça de outrem são peças altamente rentáveis. Contudo, esta é apenas a casca do ovo.

HÁ MUITO MAIS A SE ENTENDER DO QUE O “ESPETÁCULO” MONTADO PELA MÍDIA

É preciso ter a compreensão de que nos tempos atuais o esporte mercantilizado, no caso o futebol, perdera seu caráter amador, transformando-se em verdadeiras empresas em busca de lucro. Clubes formam jogadores, alguns poucos privilegiados que superam a peneira das categorias de base, para que sejam negociados como mercadoria a clubes europeus. Estes jogadores ganham grandes fortunas antes mesmo de serem “vendidos” beneficiados por salários e cotas de patrocínio. A grande maioria deles advêm de famílias muito pobres e humildes, tendo nas favelas desde a infância vínculos com traficantes e grupos de extermínio formados por policiais. Aqui há um campo fértil para que, por exemplo, atletas multimilionários atuem não como esportistas, mas na condição de verdadeiras máfias em contato com o mundo do crime organizado.

O capitalismo bestificante faz com que as relações interpessoais sejam cada vez mais vazias, individualistas, superficiais e, bastante comum, prostituídas em busca de status social e poder. Neste contexto, o caso Bruno é apenas um elo desta corrente que aprisiona política e ideologicamente as pessoas dentro do atual regime. A chamada geração “orkuteira” é a expressão mais bem acabada destas concepções, na qual o que mais vale é a forma não o conteúdo, ou seja, a superficialidade, não as relações balizadas por verdadeiro espírito de companheirismo e de um projeto de vida em comum.

O MÉTODO MARXISTA: PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS

O feminismo burguês, encampado lamentavelmente pela esquerda revisionista não vai a fundo ao que tange às causas que levaram o ex-atleta do Flamengo cometer o suposto crime contra uma “garota de programa” que pretendia vender seu corpo e de seu filho a quem melhor pagasse. Além do mais, esta esquerda sem os menores princípios de classe, reivindica que o Estado capitalista intervenha como resolução policial para estes casos, configurando um campo completamente distante da luta de classes e do marxismo revolucionário. Ontem defenderam a criação das delegacias da mulher para encarcerar os “operários machistas” e hoje são devotos da reacionária Lei Maria da Penha, revelando assim a ausência de qualquer independência de classe na questão feminista. Não podemos deixar de lado o caráter, já mencionado acima, mafioso do referido jogador proporcionado pelo enriquecimento abrupto e sem limites, e pela mercantilização (“coisificação”) da mulher, muitas das quais vendem seu corpo aos ricos jogadores de futebol na expectativa de ascensão social. Os grandes meios de comunicação difundem cotidianamente na população a ideologia burguesa de que a mulher deve ser esteticamente “perfeita” para ter “algum valor” no mercado da sociedade. Por esta razão não podemos reduzir este caso simplesmente como mais um ataque bestial machista contra uma “ingênua” mulher proletária, Eliza é vitima e ao mesmo tempo foi parte integrante e ativa de uma engrenagem totalmente corrompida.

A mulher é encarada pelo sistema capitalista como uma mercadoria de consumo e quanto mais se adequar aos padrões de beleza capitalista mais se incorpora valor “agregado” a esta “mercadoria”, isto é, quanto mais bela, mais alto o valor do “produto” no leilão de seres humanos. Semelhante situação ocorre inclusive nos casamentos atuais nas chamadas “famílias tradicionais” de classe média alta. Não à toa, disseminam-se em todo o mundo academias e clínicas estéticas, onde o culto ao corpo é a tônica e entendido como mais uma “necessidade” criada para o consumo de um produto.

No seio destas relações engrendram-se todo um arco de podridão: interesses meramente materiais e econômicos em detrimento de laços afetivos e/ou de camaradagem. A falsidade, agressões, belicosidade, espancamentos e assassinatos são as normas imperantes. Fenômeno similar a este sofrem a burguesia, artistas, atletas famosos e a classe média alta. Em suma, são relações típicas de uma sociedade em profunda decomposição, uma excrescência que a cada dia ganha terreno em uma época de intensa ofensiva imperialista sobre os povos do planeta onde se perdeu qualquer referência política no socialismo. Evidentemente, no caso do goleiro Bruno a parte socialmente mais frágil deste jogo de interesses, a mulher, foi brutalmente assassinada.

A ruptura com esta concepção de mundo burguesa só será possível através da violenta ação da classe operária contra seus algozes capitalistas, através da revolução socialista! A partir da qual pela necessidade de todo um coletivo, os interesses mesquinhos e podres oriundos da velha sociedade de classes serão pari passu extintos. Na edificação da sociedade comunista de amanhã será enobrecida a autêntica igualdade entre companheiros de relações afetivas e de vida conjunta, em que impere soberana e profundamente o sentimento de fraternidade entre o homem e a mulher socialistas.



Fonte: Site LBI.

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