O futebol está muito mais presente na vida destas crianças do que podemos imaginar. É comum escutar da boca de meninos de todas as classes sociais, que no futuro “eles vão ser jogadores de futebol”. A diferença está nas opções. O país tem ensino público universalizado, mas de péssima qualidade. No caso, o chamado contra turno é ocupado pela criança de qualquer maneira. Um país com turno integral na rede de ensino não teria o problema do Brasil.
Para a pobreza brasileira, a bola está ali como socialização primária e miragem do futuro do bolso farto e da cabeça vazia. Na pouca várzea que sobrou, nasce e ressurge a esperança, na rua e nos campinhos de terra com areia e pedra. Ao invés de se dedicarem aos estudos, como as crianças de outras classes sociais, desde muito cedo passam o tempo que deveria ser destinado ao ensino e mais o resto do tempo que tem para brincar, em campos de pelada com seus amigos. Concorrendo com a bola e as declarações idiotizadas de craques precoces, jogos eletrônicos e a TV. O Estado tira da reta e deixa o entorno deformar por conta própria.
Em outros paises, por mais que o ensino seja precário, as crianças passam pelo menos 10h do seu tempo dentro delas. Além das aulas formais, são proporcionadas atividades extra-classe. Além disso, elas recebem incentivos ao ensino e a prática do esporte. Por exemplo, para uma criança poder fazer parte do time de futebol de sua escola, ela precisa tirar boas notas. No Brasil, se fosse feito isso, teríamos a massa de praticantes com socialização desportiva para preencher a lacuna da overdose do futebol e da pouca presença do conjunto dos esportes olímpicos. Sem um modelo de base escolar, ficamos à mercê do alto rendimento e das bolsas do Comitê Olímpico Brasileiro.
Voltando ao fenômeno dos “boleiros precoces”, cabe observar o papel da família. Os pais, que deveriam ser à base da boa educação, dando todo o apoio e incentivo necessário para irem as escolas, se omitem da questão. Ou, de tão ocupados por terem de acordar cedo para trabalhar e voltarem tarde para casa, pensam que elas foram para a aula, mas mal sabem que nem chegaram perto dos portões do colégio. Se os parentes diretos percebem que há chance real do menino vir a se profissionalizar, o talento e o gosto do guri se tornam investimento. E a expectativa familiar é transferida para uma criança que deveria ter como única responsabilidade o desempenho escolar.
Para agravar ainda mais a situação, apesar de todo o problema financeiro, a família não pode deixar de ter uma televisão. E no centro das salas de suas casas, ela reprisa propagandas quem dizem: “compre isso”, “tenha aquilo”, "a melhor marca", "o melhor brinquedo", "a comida mais saborosa", "a roupa da moda". As crianças têm consciência que seus pais não podem lhe dar aquilo que a televisão diz, mas isso não impede de que cresça o interesse de ter aquilo que gostariam de ter.
O exemplo e a saída para escapar da pobreza estão ali também. Além disso, assistem pelo menos duas vezes por semana, partidas de futebol que são televisionadas, mostrando por 90 minutos, pessoas que, assim como eles, saíram das favelas e “cresceram na vida”, jogando futebol. Nestas condições, é muito fácil compreender como nasce o interesse pelo esporte, que ignoram todos os sacrifícios que terão que passar, que na realidade, para estas crianças, nada é mais difícil do que a vida que levam. Elas acabam acreditando que este é o caminho mais fácil para a felicidade. Como se a felicidade, e a culpa de todos os seus problemas fosse o dinheiro.
Contudo, sonhar com o futebol é fácil, difícil é chegar lá. Dos milhares de garotos que dividem o mesmo sonho, apenas alguns conseguem chegar ao profissionalismo. Destes, um número ainda mias ínfimo se revela como grande jogador. A partir daí o funil são os contratos com o exterior, quando a commoditye que chuta bola lastreia a lavagem de dinheiro de gente como Berlusconi, Abramovitch e Cia. Neste ponto, as chances de se ganhar fortunas aumenta.
Se fôssemos pôr na balança da sociedade brasileira o volume de frustração pela ausência de uma estrutura esportiva de base e a miríade do futebol profissional para a criançada, talvez mudasse a nossa própria definição do fenômeno das quatro linhas. No país dos boleiros, até o futebol perde com tamanha expectativa sobre apenas um jogo profissional.
Para a pobreza brasileira, a bola está ali como socialização primária e miragem do futuro do bolso farto e da cabeça vazia. Na pouca várzea que sobrou, nasce e ressurge a esperança, na rua e nos campinhos de terra com areia e pedra. Ao invés de se dedicarem aos estudos, como as crianças de outras classes sociais, desde muito cedo passam o tempo que deveria ser destinado ao ensino e mais o resto do tempo que tem para brincar, em campos de pelada com seus amigos. Concorrendo com a bola e as declarações idiotizadas de craques precoces, jogos eletrônicos e a TV. O Estado tira da reta e deixa o entorno deformar por conta própria.
Em outros paises, por mais que o ensino seja precário, as crianças passam pelo menos 10h do seu tempo dentro delas. Além das aulas formais, são proporcionadas atividades extra-classe. Além disso, elas recebem incentivos ao ensino e a prática do esporte. Por exemplo, para uma criança poder fazer parte do time de futebol de sua escola, ela precisa tirar boas notas. No Brasil, se fosse feito isso, teríamos a massa de praticantes com socialização desportiva para preencher a lacuna da overdose do futebol e da pouca presença do conjunto dos esportes olímpicos. Sem um modelo de base escolar, ficamos à mercê do alto rendimento e das bolsas do Comitê Olímpico Brasileiro.
Voltando ao fenômeno dos “boleiros precoces”, cabe observar o papel da família. Os pais, que deveriam ser à base da boa educação, dando todo o apoio e incentivo necessário para irem as escolas, se omitem da questão. Ou, de tão ocupados por terem de acordar cedo para trabalhar e voltarem tarde para casa, pensam que elas foram para a aula, mas mal sabem que nem chegaram perto dos portões do colégio. Se os parentes diretos percebem que há chance real do menino vir a se profissionalizar, o talento e o gosto do guri se tornam investimento. E a expectativa familiar é transferida para uma criança que deveria ter como única responsabilidade o desempenho escolar.
Para agravar ainda mais a situação, apesar de todo o problema financeiro, a família não pode deixar de ter uma televisão. E no centro das salas de suas casas, ela reprisa propagandas quem dizem: “compre isso”, “tenha aquilo”, "a melhor marca", "o melhor brinquedo", "a comida mais saborosa", "a roupa da moda". As crianças têm consciência que seus pais não podem lhe dar aquilo que a televisão diz, mas isso não impede de que cresça o interesse de ter aquilo que gostariam de ter.
O exemplo e a saída para escapar da pobreza estão ali também. Além disso, assistem pelo menos duas vezes por semana, partidas de futebol que são televisionadas, mostrando por 90 minutos, pessoas que, assim como eles, saíram das favelas e “cresceram na vida”, jogando futebol. Nestas condições, é muito fácil compreender como nasce o interesse pelo esporte, que ignoram todos os sacrifícios que terão que passar, que na realidade, para estas crianças, nada é mais difícil do que a vida que levam. Elas acabam acreditando que este é o caminho mais fácil para a felicidade. Como se a felicidade, e a culpa de todos os seus problemas fosse o dinheiro.
Contudo, sonhar com o futebol é fácil, difícil é chegar lá. Dos milhares de garotos que dividem o mesmo sonho, apenas alguns conseguem chegar ao profissionalismo. Destes, um número ainda mias ínfimo se revela como grande jogador. A partir daí o funil são os contratos com o exterior, quando a commoditye que chuta bola lastreia a lavagem de dinheiro de gente como Berlusconi, Abramovitch e Cia. Neste ponto, as chances de se ganhar fortunas aumenta.
Se fôssemos pôr na balança da sociedade brasileira o volume de frustração pela ausência de uma estrutura esportiva de base e a miríade do futebol profissional para a criançada, talvez mudasse a nossa própria definição do fenômeno das quatro linhas. No país dos boleiros, até o futebol perde com tamanha expectativa sobre apenas um jogo profissional.
Escrito por André Carvalho e Bruno Lima Rocha .
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