4 de março de 2009

Projeto de lei prevê restrição a entrada de jovens em estádios de futebol no PE

Há aproximadamente um mês, no clássico entre Santa Cruz e Sport, pelo Campeonato Pernambucano, mais de 200 pessoas foram detidas por variados crimes – desde depredação do patrimônio público até brigas e porte de explosivos. Hoje, todas estão livres.

O panorama alusivo a Recife pode ser estendido a qualquer praça nacional, que vem sofrendo com problemas relacionados a violência entre torcidas e instituições de segurança e defasagem de estrutura ao público. E a restrição da entrada de menores de idades em jogos de futebol pode ser uma das soluções para minimizar isso tudo. Pelo menos é em que acredita Clodoaldo Magalhães, deputado estadual pelo PTB-PE.

Na visão do parlamentar, grande parte das torcidas organizadas é formada por crianças e adolescentes, e essas agremiações, de modo majoritário, seriam as protagonistas dos casos problemáticos nas arenas.

“Tem por fito dotar o Estado de Pernambuco de condições favoráveis à sociedade de poder assistir aos grandes jogos de futebol com o conforto e aparato necessários à prevenção e correção de fatos indesejáveis”, verbaliza Magalhães, na justificativa de seu projeto de lei que está em tramitação na Assembleia Legislativa.

Se aprovado, o plano de ação, que determina ainda a criação de um cadastro estadual de infratores, vetaria o acesso de menores desacompanhados de pais ou dos responsáveis, que teriam que se apresentar também no ato da compra dos ingressos – a determinação valeria também para espetáculos culturais.

O projeto está em análise na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça, presidida pelo ex-dirigente do Náutico, André Campos. Passando, seguirá a votação no plenário. O governador do Estado, Eduardo Campos, pode ainda vetá-lo.

Fonte: Cidade do futebol.

Não cabe atribuir as causas da violência, exclusivamente, às questões de classe social ou fatores estritamente econômicos. Na composição de uma "torcida" participam pessoas que respondem a processos criminais, viciados, estudantes, trabalhadores das mais diversas profissões, pais de família, mulheres e jovens. Existe uma pluralidade de "agentes" que assumem diversos papéis nos "jogos" de relações sociais.

Não cabe, em igual proporção, pensar a violência entre "torcidas", no caso do Brasil, negando os efeitos do esvaziamento político do sujeito social, em especial dos agrupamentos de jovens, instaurado no processo de construção de uma "sociedade atomizada" e impulsionado pelos traçados ideológicos dos governos militares.

O que se arrisca, por derradeiro, dizer é que a violência caracterizou-se como parte intensa nas dimensões do cotidiano urbano contemporâneo, em especial dos grandes centros, sendo que uma pista importante, diante da intolerância da "comunidade" esportiva e das "autoridades públicas" ao movimento de "torcidas organizadas", cinge-se na indicação de que a repressão (policial, legal, etc.) contribui para manter uma "suposta ordem", porém, contribui, também, no deslocamento dessa massa jovem para outros movimentos de busca de prazer e de excitação.

CARLOS ALBERTO MÁXIMO PIMENTA (Professor de Sociologia na Universidade de Taubaté. Autor do livro Torcidas Organizadas de Futebol: violência e auto-afirmação, aspectos da construção das novas relações sociais)

Restringir a entrada de jovens nos estádios, não é nem de longe uma saída para solucionar os casos de violência entre torcidas organizadas nós estádios de futebol.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não acho ser certo tirar os jovens das praças esportivas, cabe a polícia resolver isso de outra forma, não os privando de ir aos estádios.

Porque a justiça não aplica medidas disciplinares aos jovens nos quais são responsáveis pelas desordens e brigas nos estádios?

Não estamos mais na ditadura isso tem que ser combatido.

Um abraço meu amigo Oliveira