A proposta de demolição do estádio Presidente Vargas foi considerada "um crime" pelo engenheiro Mário Elísio, que chefiou a Comissão de Vistoria do Crea-CE - responsável pela vistoria que sugeriu, pela primeira vez, a interdição da praça esportiva
“É um crime, tecnicamente falando, se cogitar a palavra demolição. Com a tecnologia dos materiais vigentes não há o menor cabimento se jogar fora algo que já existe”. O diagnóstico contrário à completa reconstrução do estádio Presidente Vargas - como prevê a Prefeitura de Fortaleza - é do engenheiro civil Mário Elísio Aguiar (foto), especialista em análise de estruturas de estádios.
Foi ele o responsável pela reforma do Castelão, entre 2000 e 2002, e também chefiou a comissão de vistoria técnica que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) fez no PV.
Para Mário Elísio, a proposta da Prefeitura de construir um novo PV é dispendiosa e fora de propósito. Ele avalia que uma intervenção igual à aplicada no Castelão seria mais adequada.
“A gente recuperaria essa estrutura e depois faria o reforço, como aconteceu no Maracanã, no Morumbi e no Castelão”, afirma. “O PV é um campo antigo. Não tem nenhuma estrutura de suporte, como não havia no Castelão em 2002. E nada foi demolido”, completou.
A reforma incluiria vigas de reforços amortecedores da estrutura; bloqueio das juntas de dilatação; uma nova camada de concreto e nova malha de ferragem, entre outras. O engenheiro afirma que a reforma custaria metade dos R$ 60 milhões orçados.
Mário Elísio considera, inclusive, “preocupante” o prazo estipulado para a entrega da primeira parte do estádio - com capacidade de até 13 mil pessoas -, até janeiro de 2010.
“Somente se fosse feita a nossa idéia daria para entregar no final de janeiro (de 2010), desde que começasse agora em fevereiro”, afirma. “E você tem que pedir a Deus para que o perdedor da licitação pública não entre na Justiça.”
Já a engenheira Denyse de Araújo, que chefia a Associação Técnico-Científica Eng. Paulo de Frontin (Astef), responsável pelos estudos sobre a situação do PV, ano passado, revela que os laudos recomendavam a interdição para recuperação da estrutura.
“Mas depende dos objetivos deles (Prefeitura). Eu sei que eles querem um estádio para a Copa (de 2014). Talvez eles considerem mais viável demolir tudo”, destaca.
A Prefeitura de Fortaleza anunciou na última terça-feira a idéia de modernizar o PV de olho no Mundial de 2014, caso Fortaleza seja escolhida cidade-sede.
O novo estádio terá os mesmos 20 mil lugares, porém, conforme os padrões da Fifa para a realização de amistosos. Na próxima segunda-feira haverá uma reunião para definir o projeto e os custos.
Fonte: Jornal O POVO
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Demolir o velho e simpático PV é de uma total falta de bom senso e respeito à população que, penosamente, cede dinheiro aos cofres públicos. Tudo em nome de uma famigerada "modernização" do futebol que, na prática, promove uma elitização do esporte e colabora para rechear ainda mais os bolsos das grandes empresários e empreiteiros.
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