
Exploração olímpica
Bem diferente do que dizem setores da esquerda, como o PCdoB, a China não é um país que caminha “rumo ao socialismo”. O capitalismo já voltou ao país e pelas mãos da direção do Partido Comunista. A burocracia pôs fim ao monopólio do comércio exterior, à planificação da economia e ao caráter estatal das principais empresas. A produção na China é regulada pelo mercado, como em todas as economias capitalistas.Por outro lado, a China não se tornará um novo país imperialista, que “competirá de igual para igual com os EUA”, como afirmam muitos. O tão comemorado crescimento econômico chinês está totalmente subordinado aos interesses das empresas imperialistas e apoiado na produção e na exportação a baixo preço. Cerca de 60% das companhias que atuam no país não são chinesas. Com o retorno do capitalismo, o país se transformou numa plataforma de exportação onde as multinacionais têm lucros milionários. Calcula-se que os Jogos Olímpicos elevaram em 10% os preços das ações das grandes empresas de material esportivo, como é o caso da Adidas, patrocinadora oficial dos jogos. Grande parte da produção de material esportivo dessas empresas ocorre na China, onde trabalhadores recebem menos de US$ 2 por dia. Segundo uma pesquisa da Confederação Sindical Internacional (CSI), um trabalhador da Adidas na China teria que trabalhar mais de quatro meses para pagar a entrada da cerimônia de abertura dos Jogos. O relatório também confirma que os trabalhadores são submetidos à máxima exploração, cumprindo jornadas de 10 a 12 horas diárias. Na Joyful Long, que abastece grandes marcas esportivas como Adidas, Nike, Umbro e Fila, as horas extras alcançam até 232 horas por mês. Um dos trabalhadores de uma fábrica que produz para a marca New Balance, em Dongguan, fez um dramático relato ao CSI: “estou morto de cansaço. Dois de nós têm de pegar 120 pares de sapatos por hora. Trabalhamos sem parar e sempre com medo de não trabalhar suficientemente rápido para abastecer a linha de produção. Estamos cansados e sujos”. O resultado de tamanha exploração são os “lucros olímpicos” alcançados por essas empresas. Segundo a CSI, desde as Olimpíadas de Atenas, em 2004, Nike, Puma, Adidas, Under Armour, entre outras, tiveram um crescimento entre 51% e 289%.
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Como se vê por trás dos festejos olímpicos, a China se transformou num paraíso para os capitalistas, que podem obter lucros como nunca sonhariam em qualquer outro lugar. A ditadura do PC é a garantia fundamental para colocar à disposição do imperialismo milhões de trabalhadores semi-escravos que vivem nessa brutal exploração. Nessa modalidade, o governo chinês conquistou medalha de ouro.
Escrito por: Jeferson Choma da redação do Opinião Socialista
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