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19 de setembro de 2011

Brasil comienza a contar mil días para Mundial con obras atrasadas y huelgas

Por Agencia EFE
http://futbolrebelde.blogspot.com/


Brasil inició hoy la cuenta atrás de los mil días que faltan para la inauguración del Mundial del fútbol de 2014 con actos en las doce ciudades sede del evento, pero con varias obras atrasadas y huelgas en dos de los estadios que están en reforma.

El acto principal tuvo lugar en Belo Horizonte, precisamente la ciudad que tiene más adelantadas las obras, donde la presidenta brasileña, Dilma Rousseff, acudió para anunciar inversiones por 2.300 millones de reales (unos 1.353 millones de dólares) en la ampliación del metro de la ciudad.

En Sao Paulo, en un evento en el lugar en el que se construye el estadio Itaquerao, que contó con la participación del gobernador regional, Geraldo Alckmin, y del campeón mundial Ronaldo, fue inaugurado uno de los relojes cuentan los mil días que faltan para la inauguración del Mundial, el 12 de junio de 2014.

Rousseff visitó las obras de remodelación del estadio Mineirao, que aspira a ser el escenario para la ceremonia inaugural del Mundial, en un día en que los empleados responsables por las reformas cruzaron los brazos en una huelga relámpago para reivindicar mejorías salariales.

Justo cuando se cuentan los mil días que faltan para el Mundial de fútbol, el deporte más popular del país, los cerca de 2.000 obreros que trabajan en las reformas del estadio Maracaná completaron 16 días de huelga a la espera de mejorías en las condiciones de trabajo.

La paralización de las obras en el "templo del fútbol" brasileño y el estadio con más opciones para ser sede de la final del Mundial amenaza la entrega del escenario, prevista para diciembre de 2012, para que pueda ser utilizado en la Copa de las Confederaciones de 2013.

Rousseff, que acudió al Mineirao de Belo Horizonte acompañada del ministro de Deportes, Orlando Silva, y del exftubolista Pelé, embajador especial del Gobierno para el Mundial, aseguró que Brasil organizará uno de los mayores eventos del mundo precisamente en uno de sus momentos de más prosperidad.

La mandataria, que posó junto a una camiseta de la selección brasileña con el número 1.000, atribuyó a Pelé parte de la pasión de los brasileños por el fútbol.

"Si hubo alguien responsable de que varias generaciones admirasen el fútbol es nuestro querido Pelé, un brasileño con un talento excepcional y una capacidad física fantástica, y no sólo el mayor atleta del siglo XX sino de los últimos tiempos", afirmó.

Tras anunciar 1.353 millones de dólares para el metro y otras infraestructuras de transporte en Belo Horizonte, la mandataria dijo que las inversiones en las obras para el Mundial ayudarán a Brasil a superar la crisis económica internacional.

"Seguir invirtiendo pesadamente en obras de infraestructura es parte de nuestra estrategia para garantizar que Brasil mantenga su desarrollo en ritmo adecuado", afirmó.

La mandataria aprovechó el acto para anunciar la llamada Ley General del Mundial de 2014, cuya presentación era pedida por la FIFA desde hace semanas, y que ofrece condiciones especiales e incentivos para las empresas con negocios en la Copa del Mundo.

Rousseff, que en los próximos días también anunciará inversiones para el metro en Salvador, Porto Alegre y Curitiba, agregó que las doce ciudades sede del Mundial están haciendo grandes esfuerzos para estar listas a tiempo.

Sin embargo, según un informe divulgado por el propio Gobierno esta semana, hay un serio retraso en las obras de aeropuertos y de vías de acceso para el Mundial, aunque las autoridades garantizan que serán concluidas a tiempo.

Las obras más adelantadas en general son los estadios, pese a que el de Sao Paulo apenas comenzó a ser construido hace un mes y el de Natal aún está en el papel.

El Gobierno garantiza que nueve de los doce estadios estarán concluidos en diciembre de 2012 y servirán para la Copa de las Confederaciones, que se disputará a mediados de 2013.

Pero el informe oficial confirma que las obras en general están atrasadas y subraya que las reformas de los aeropuertos de Belo Horizonte, Fortaleza, Manaos, Recife y Salvador no han comenzado.

Además de los aeropuertos, otra preocupación del Gobierno es el retraso en las obras del sistema de transporte en el país, ya que apenas cinco ciudades han iniciado los proyectos para mejorar la movilidad urbana.

1 de setembro de 2011

Operários que fazem reforma do Maracanã voltam a entrar em greve

Os operários que trabalham na reforma do Estádio do Maracanã retornaram à greve nesta quinta-feira, 1, alegando que o Consórcio Rio 2014, que reúne as empresas responsáveis pela obra, não cumpriu o acordo estabelecido em assembleia realizada no mês passado.

Ficou acertado que os 1.500 trabalhadores receberiam um vale-refeição no valor de R$ 160, e teriam direito a plano de saúde individual, benefício que, em 90 dias, poderia ser estendido para a família, além de mais segurança no trabalho.

“O problema é que todas as cláusulas que foram aprovadas e discutidas em assembleia não foram cumpridas pelas empresas. O pagamento do mês de setembro saiu, e os trabalhadores ficaram insatisfeitos, revoltados com o valor, pois o que foi acordado não veio no contracheque”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada Intermunicipal do Rio de Janeiro (Sitraicp), Nilson Duarte Costa.

Segundo ele, ainda que existem outros problemas que precisam ser analisados urgentemente pelas empresas responsáveis pela obra. “Agora tem outros problemas como a falta de médicos à noite, a alimentação veio estragada, juntou tudo isso e acabou causando a paralisação. É bom que as empresas cumpram o que foi determinado, e, se alguma coisa estiver fora disso, a obra vai ficar parada. Estamos aqui para conversar, pois o diálogo é a melhor opção.”

Para o operário Sérgio Basílio da Silva, que trabalha há quatro meses na reforma, as empresas tratam os funcionários com descaso.“Eu me sinto humilhado, porque passo a maior parte do meu dia na obra trabalhando do que na minha própria minha casa” afirmou.

Consórcio Rio 2014
Em nota, a assessoria de imprensa do Consórcio Rio 2014 informou que o movimento ocorre dez dias depois de um acordo feito com representantes dos trabalhadores em torno de pauta de reivindicações.

Dessa forma, o consórcio entende que não há motivo para a atual paralisação e informa que irá recorrer imediatamente à Justiça do Trabalho, para que o movimento seja declarado abusivo e os operários voltem a trabalhar.

O consórcio acrescenta que, somente dessa forma, retomará as negociações com os representantes dos trabalhadores.

Agência Brasil

30 de julho de 2011

Italianos pedem que seleção boicote Copa de 2014

Os italianos continuam protestando contra a libertação, pelo governo brasileiro, do guerrilheiro Cesare Battisti, no inicio de junho. No começo da semana, algumas ruas da Itália apareceram cheias de cartazes pedindo que a seleção do país boicote a Copa de 2014, que será realizada no Brasil e estaria "manchada de sangue italiano”.
Cesare Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália, acusado de quatro assassinatos no final de 1970, quando fazia parte do grupo clandestino Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Ele vive há décadas longe do país natal. Detido no Brasil, teve sua extradição requisitada pela Justiça italiana. Antes de deixar a presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, se negou a extraditar Battisti. O assassino foi libertado em junho e, por enquanto, fixou residência no Brasil.

Em diversas ocasiões os italianos têm protestado contra a decisão brasileira. O escritor Antonio Tabucchi, de 67 anos, cancelou sua participação na Flip, festival brasileiro de literatura, em protesto contra a libertação de Batistti. No começo deste mês, o governo italiano ameaçou boicotar os Jogos Militares, encerrados no Rio de Janeiro na semana passada, mas, no final, liberou os mais de 150 atletas para a competição.

Fonte: (Não) Veja.

"Devemos entender que o que está por trás do caso Battisti, na verdade, é a defesa da revolução socialista. Há que se combater a burguesia reacionária, que defende com unhas e dentes sua extradição, prisão perpétua ou mesmo a morte. Porém, também devemos combater aqueles que denunciam simplesmente o caráter "arbitrário" do processo judicial e a "perseguição política" do estado italiano, ao mesmo tempo em que também não medem palavras pra denunciar a "luta armada" e o "terrorismo?. Estes são os mesmos que não perdem tempo pra defender as instituições burguesas e pra legitimar a repressão contra os revolucionários socialistas.

Em ambos os casos, há o interesse em reforçar a "falência" e a "derrota" da revolução socialista, assim como de uma suposta incapacidade política do proletariado de destruir o Estado burguês e o capitalismo. Com isso, a direita reacionária pretende conseguir uma revanche e enterrar de vez o fantasma do socialismo. Os reformistas, fazendo coro, buscam enterrar a via revolucionária e garantir que o movimento dos trabalhadores seja simplesmente uma base de apoio da sua política burguesa."

Liberdade para todos os que lutaram e lutam contra o capitalismo!

27 de julho de 2011

Copa para quem? Ato dia 30 de julho.

PARTICIPE DO ATO DIA 30 DE JULHO - EM FRENTE AO METRÔ ITAQUERA - 10 HORAS DA MANHÃ.

Copa para quem? Quer pra você? Então diz como!

Carta Aberta à Sociedade, do Comitê Popular da Copa/SP, sobre o processo de organização da Copa do Mundo, a ser realizada no Brasil em 2014.

O futebol deixou de ser uma saudável prática esportiva. No lugar do espírito esportivo, foram impostos à organização desse esporte uma série de interesses econômicos e políticos. Futebol virou mercadoria e sua finalidade o lucro. A entidade máxima do futebol mundial, a FIFA, tem como seu objetivo verdadeiro aumentar seu já milionário patrimônio.

Uma série de escândalos tornou pública a forma corrupta como essa entidade age. É nesse contexto que o Brasil vai sediar a Copa de 2014. Com superpoderes, a FIFA impôs uma série de requisitos para ser cumprido. Essas exigências fazem parte da rentabilidade que a entidade e suas empresas parceiras terão com a realização do evento. Na prática, não deixarão nenhum legado social positivo. Pelo contrário, fatos históricos (África do Sul, entre outros) apontam para outra direção.

Nós, cidadãos e cidadãs, que trabalhamos e pagamos impostos, perguntamos: é justo uma entidade corrupta ditar o quê o país deve fazer? Deve o Estado brasileiro se submeter aos seus ditames? Vale gastar tantos recursos públicos em um evento que dura apenas um mês?

Fica cada vez mais evidente que quem ganhará com a realização da Copa é o setor imobiliário; as incorporadoras e as empreiteiras lucrarão com as obras e serviços a serem realizados e com a especulação imobiliária. Através de seu poder econômico e político, esses setores pressionam o Estado para usufruir enormes somas de dinheiro público em benefício próprio.

Observamos a repetição de histórias trágicas: superfaturamentos; falta de transparência; agressões aos direitos humanos; repressão aos pobres; despejos forçados e desrespeito com a população em geral.

Leia a materia completa

A Copa acelera dois processos já em curso: a repressão aos pobres e aos movimentos populares e a supervalorização fundiária. Isso em todas as cidades-sede da Copa. A Copa não pode servir de pretexto para o aumento de políticas repressivas e contribuir para o agravamento de problemas como o da moradia. Temos problemas sérios como o assassinato de jovens da periferia, principalmente de jovens negros e negras, a violência generalizada contra as mulheres, os/as trabalhadores/as formais e informais e os movimentos sociais. Cabe lembrar que, durante a Copa realizada na África do Sul, houve um grande aumento do tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para a exploração sexual.

A Copa servirá para potencializar ainda mais estas formas de violência? Não podemos deixar que isso ocorra. Desde já denunciamos o turismo sexual em nosso país por causa da Copa.

Não concordamos que, sob o pretexto da realização da Copa, uma série de favorecimentos ocorra por parte do Estado brasileiro, como as licitações obscuras e a privatização dos aeroportos.

Também não queremos que a Copa seja a reprodução do Pan 2007, no Rio de Janeiro. O dinheiro utilizado para a realização daquele evento foi tirado da saúde, da educação, da moradia. Resultado: a falta de recursos provocou o caos nos hospitais, a epidemia de dengue e o desmoronamento de encostas.

No caso da cidade de São Paulo, é mentiroso o argumento de que o Estádio em Itaquera trará benefícios para toda a zona leste. O desenvolvimento da zona leste é obrigação do Estado, uma dívida histórica que este tem em prover saúde, educação, moradia, políticas para a infância e a juventude, desenvolvimento urbano e transporte de qualidade. Essas responsabilidades não devem estar atreladas à Copa, dado os interesses privados que esse evento comporta.

O Estádio é importante, mas é mais do que perverso se apropriar da paixão da torcida para justificar uma obra que só trará lucros a alguns setores; que o empenho para a construção do Estádio seja maior que o empenho para a construção da Universidade Federal da Zona Leste; que seja motivo para construir mais avenidas na região, com o transporte público, inclusive o metrô, já completamente saturado.

Ademais, repudiamos a valorização imobiliária da região e a remoção de comunidades inteiras. A população local deve ter seus direitos respeitados.

O Comitê Popular da Copa/SP é formado por entidades e organizações populares. Como trabalhadores/as organizados/as, temos um projeto de sociedade e de cidade diferente do que está sendo imposto. Não admitimos desrespeito às leis, acordos obscuros e violação aos direitos humanos. Contamos com o apoio de todas as entidades, órgãos da imprensa e setores da população preocupados com os rumos que a organização da Copa está tomando.

Pelo fim dos despejos e das remoções!

Por moradia digna para toda a população!

Por políticas públicas para a população de rua!

Por políticas públicas para a juventude!

Pelo fim de todas as formas de violência e exploração das mulheres!

Pelo fim da violência policial e do genocídio da população negra e pobre!

Por trabalho decente e salário justo!

Pelo fim da perseguição aos trabalhadores informais!

Por educação pública, universal e de qualidade!

Pela universidade pública (UNIFESP - Jacu Pêssego) com cotas sociais e raciais!

Por transporte público, barato e de qualidade para toda a população!

Por saúde pública de qualidade pra toda a população!

Que todos possam usufruir o direito à cidade!

Por uma Copa com verdadeiro legado social!

Pela transparência e acesso à informação!

Pelo fim da elitização do futebol!

Comitê Popular da Copa SP /Julho de 2011

Twitter: @CopaPopularSP

31 de maio de 2011

Facebook deletou conta de jogador brasileiro por sua defesa da Palestina

http://inforrock.blogspot.com/2011/05/facebook-deletou-conta-de-jogador.html


GALERA, INACREDITÁVEL!
MATÉRIA QUE LI NO BLOG 
TREZENTOS FALA QUE O O PERFIL DO FACEBOOK DO JOGADOR BRASILEIRO MARCELO VIEIRA FOI DELETADO.
MARCELO, LATERAL ESQUERDO DA SELEÇÃO BRASILEIRA E DO REAL MADRID, APENAS DEMONSTROU SUA SOLIDARIEDADE PARA COM O POVO PALESTINO, E SUA ARDUA LUTA POR UM PEDAÇO DE TERRA.

Two days later, the unexpected happened. Marcelo Vieira’s Official facebook page was shut down. Official Real Madrid website mentioned that the facebook administration received requests from Israelis to shut down the page as it was inciting violence against Israel by supporting the Palestinian Intifada.

POR PURA PRESSÃO DOS 
JUD  SIONISTAS.. 
JORNAL ISRAELENSE: http://www.ynet.co.il/articles/0,7340,L-4069131,00.html(SE JÁ NÃO EDITARAM!)

ESSE TAL DE Mark Zuckerberg ...
AUSÊNCIA TOTAL DE REPERCUSSÃO NO BRASIL!
SÉCULO XXI

14 de fevereiro de 2011

O futebol egípcio após a saída de Mubarak


"Eu apoio 100% o poder do povo e suas reivindicações legítimas." 
Hosni Abd Rabo, meio-campista do Al-Ahli


O clube Al Ahly do Cairo acaba de abrir um fundo para ajudar as vítimas da revolta de 25 de Janeiro. "Nosso clube não vai se limitar a um apoio financeiro, também vamos estimular a participação na doação de sangue para os feridos", revelou o meia Shehab Ahmed.

Para Sporting África

O ex-presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981, finalmente, decidiu demitir-se após a revolta de seu povo. Agora, tendo em conta esta realidade, o país inteiro deve ser reorganizado, incluindo o futebol. O campeonato poderá ser cancelado, até a poeira abaixar. Por seu turno, os jogadores mostram solidariedade para com seu povo. A Premier League, o campeonato já foi suspenso, mas rumores apontam para uma anulação completa da temporada 2010-2011, ou até a metade do ano.

A segunda parte da temporada foi adiada indefinidamente por razões de segurança. "Aqueles que querem os jogos disputados à porta fechada, tem um pensamento inadequado", disse Amer Hussein, diretor do Comitê Executivo da EFA.

O organismo que rege o futebol internacional (FIFA), criou duas principais condições para a retomada do egípcio Premiere League. "Os estados da FIFA como a principal condição que deve ser suficiente segurança para jogadores e fãs, antes de decidir retomar os jogos", disse Samir Zaher, Associação de Futebol do Egito (EFA).

"Isso também exige que todos os clubes devem apresentar a sua aprovação para prosseguir com a competição", disse Zaher. Quem também negou todos os rumores sobre o cancelamento do campeonato desta temporada. "O cancelamento do campeonato egípcio que nos vai custar muito. Os clubes podem ter de enfrentar desastres, porque eles gastaram muito dinheiro no acampamento de treinamento, os contratos de patrocínio e transferência de jogadores", disse ele.

Zaher acredita que a retomada do campeonato egípcio poderia ajudar a fazer as coisas de volta ao normal no país. "Teremos uma reunião com funcionários de diferentes clubes para chegar a um acordo sobre a retomada da competição e organização partidária, local, dias, horas e os árbitros", disse ele.

Jogadores de Solidariedade

Por seu turno, os jogadores não são indiferentes ao que acontece em seu país. "Eu apoio 100% o poder do povo e suas reivindicações legítimas. Muitos compatriotas vivem em condições muito difíceis", disse o meia Hosni Abd Rabo. "Algumas pessoas pensam que os jogadores de futebol não estão conscientes da realidade da vida nas ruas, mas a verdade é que muitos de nós vêm de famílias pobres e, portanto, compreendemo o sofrimento do povo. Os jovens podem estudar mas não conseguem encontrar trabalho. "Estou disposto a fazer qualquer coisa para apoiar a revolta ", acrescentou.

Enquanto um dos clubes mais prestigiados do país, Al Ahly do Cairo, acaba de abrir um fundo para ajudar as vítimas da revolta de 25 de Janeiro. "Nosso clube não vai se limitar a um apoio financeiro, também vamos estimular a participação na doação de sangue para os feridos", revelou o meia Shehab Ahmed. "Quem disse que futebol não tinha consciência social?" 

Originalmente publicado em 11 de fevereiro, 2011 em http://sportingafrica.blogspot.com/


Tradução de Google Tradutor com revisão

7 de novembro de 2010

Moradores da Favela do Metrô protestam contra demolição de casas p/ Copa de 2014

Segundo eles, as demolições não têm base legal e a Prefeitura não se dispôs a dialogar sobre as opções de remoção


Jéssica Barreiros


“As pessoas não querem ser tratadas como lixo urbano”, enunciou o orador de uma manifestação ocorrida na manhã de hoje em frente à estação ferroviária da Mangueira. Os moradores da Favela do Metrô protestaram contra a demolição de casas da comunidade iniciada há dois dias atrás. Segundo os moradores, não ocorreu um diálogo efetivo com a Prefeitura para procurar alternativas de remoção que suprissem as necessidades das mais de 670 famílias prejudicadas.

A demolição das casas foi anunciada no dia 22 de julho e faz parte do programa de preparação da região do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Segundo Julio César Condaque, membro do Movimento Nacional Quilombo, Raça e Classe, o ato de interdição feito pela Prefeitura através da Defesa Civil não tem bases legais, já que não foram feitas as devidas justificativas para a remoção. “Estamos encaminhando ações contra esta forma ilegal da Prefeitura de agir. Mas o governo ainda não criou uma ação de remoção e isso nos impede de criar uma espécie de contra-ação”, contou.

Como alternativa de habitação, foram oferecidas aos moradores residências no bairro de Cosmos, porém, apenas 20 famílias aceitaram a proposta. Segundo eles, o local carece de infra-estrutura básica, como postos de saúde e escolas, e o morador ainda terá que pagar a casa por mais de 10 anos e arcar com despesas extras como a conta de condomínio. Além disso, a mudança resultará na perda de emprego de mais de 3000 trabalhadores. “Um morador foi para lá e voltou no mesmo dia, porque não tinha água nem luz”, contou um integrante da manifestação que não quis ser identificado. Apesar das más condições das novas residências, alguns foram persuadidos pela proposta da Prefeitura. “Todo mundo ficou com medo. Eles falaram que iriam demolir tudo, então alguns foram obrigados a aceitar. Algumas pessoas choravam enquanto eram removidas” conta a moradora Evelyn Jesus Santos.

Uma opção viável de realojamento seria o complexo residencial do programa Minha Casa, Minha vida, que está sendo construído perto da Mangueira. Entretanto, segundo os moradores, a Favela do Metrô não pode ser contemplada pelo projeto pois a secretaria de habitação declarou que se trata de uma comunidade informal, então a remoção para Cosmos seria a única alternativa viável. “O subprefeito não quis negociar um plano de urbanização, que incluiria a doação das casas que estão feitas para o Minha Casa, Minha vida. Estamos sendo tratados como cidadão de segunda categoria”, protestou Júlio Cesar.

A derrubada de casas foi considerada pelos moradores como um gesto brutal contra a comunidade. “A própria remoção já é algo violento, pela definição da ONU, porque ela precede um abandono e um levantamento do patrimônio material -a mobília- e imaterial, que é a memória que as pessoas do local, já que alguns moram aqui há 30, 40 anos”, explicou Júlio Cesar. Além disso, moradores denunciaram que as operações de remoção foram auxiliadas pelo Setor de Operações Especiais do distrito de Irajá, o que descreveram como “terror psicológico. Muita gente não foi trabalhar ontem com medo que derrubem as casas”.

Vinte residências já foram demolidas desde quarta-feira, o que causou transtornos a muitos moradores. Marlene Guimarães, que presenciou as demolições, conta que “quando começaram a demolir foi a maior confusão. Houve batidas, estrondos e poeira para todos os lados. As crianças choraram, o ambiente era de terror. O que aconteceu poderia até mesmo ter sido prejudicial para as mulheres grávidas”.

Segundo a Secretaria de Habitação, o processo de derrubada e remoção está a cargo da Subprefeitura da Zona Norte, que não teve nenhum representante encontrado para comentar o caso até o fechamento de nosso expediente.


20 de agosto de 2010

Diversidade dá espaço a ações políticas

3ª edição da Semana da Diversidade, realizada em agosto, será caracterizada pela maior politização de suas atividades

Neste ano, a Semana da Diversidade, que passa a fazer parte do calendário de comemorações do aniversário de Bauru, decidiu adotar um mote mais abrangente para despertar a consciência de toda a população de Bauru. Utilizando seu potencial de mobilização, que reuniu mais de 15 mil pessoas sob chuva na avenida Nações Unidas em 2009, a Associação Bauru pela Diversidade (ABD) vai abordar a temática da violência nas ações de 2010.

Desta vez, os organizadores do evento, Rick Ferreira, Marcos Souza e João Winck, todos da ABD, decidiram utilizar esse poder de mobilização para abrir uma discussão acerca de um fator que tem forte influência sobre a sociedade como um todo: a violência.

Portanto, a 3ª Semana da Diversidade de Bauru terá como tema principal o slogan “Eu amo a vida: diga não à violência”, sendo comemorada entre os dias 23 e 29 de agosto. Mas esta iniciativa será utilizada apenas como o catalisador das ações que devem nascer em consequência da movimentação criada durante a semana, destaca João Winck, conselheiro da ABD, durante divulgação do projeto realizada ontem no Café com Política do JC.

“A Semana da Diversidade vai servir como um catalisador para as ações contra a violência. Pretendemos que este período funcione como a abertura da discussão deste importante tema perante a sociedade. Depois do lançamento deste projeto, esperamos que os trabalhos relativos à busca por soluções para os problemas gerados e geradores da violência se intensifiquem”, define Winck.

Agenda

Contando com o apoio da Prefeitura Municipal de Bauru e suas secretarias de Bem-Estar Social (Sebes), Meio Ambiente (Semma), Cultura, Esportes, Educação, Planejamento, Desenvolvimento Econômico e Saúde, a associação tem como pauta principal de sua iniciativa a criação de uma agenda unificada entre as instituições.

Esta agenda unificada representa a esquematização de um planejamento coletivo entre os poderes público, privado e representações da sociedade civil, realizando a união de objetivos sociais e esforços institucionais para a promoção de ações concentradas em uma mesma direção, o que representaria mais força para o movimento contra a violência, segundo Wink. “Com esta abordagem, os movimentos poderão adquirir mais força para adentrar espaços onde anteriormente eram barrados, além de possibilitar a realização de trabalhos contínuos que podem trazer resultados mais efetivos para toda a sociedade. A agenda unificada pode tornar as ações mais consistentes e criar a possibilidade para elas serem contínuas, atuando durante todo o ano para melhorar a sociedade”, frisa o conselheiro da ABD.

União

Os projetos criados para abordar a violência e suas diversas manifestações serão idealizados pela ABD, pelas secretarias municipais, por conselhos, associações de bairro, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e demais instituições que representam a sociedade civil. De acordo com Wink, todos os projetos que possam trazer benefícios para a sociedade poderão ser explorados e utilizados na prática.

Um dos projetos propostos pela ABD que encontra-se em estágio avançado de instauração é o Cine Fórum. A iniciativa será promovida em parceria com a ONG Periferia Legal e vai ocorrer em cinco escolas estaduais de bairros periféricos da cidade, sendo eles o Núcleo Mary Dota, Vila São Paulo, Jardim Ferraz, Parque Santa Edwirges e Jardim Redentor.

A iniciativa conta com um planejamento para a exibição de filmes que remetam à reflexão sobre temas ligados à violência. Depois da apresentação desses filmes, as escolas se transformarão em palcos de discussões, sempre intermediadas por especialistas que terão a função de expandir as argumentações e elucidar o público sobre os problemas da violência.

Evento realizado em agosto vai pedir paz

Entre os dias 23 e 29 de agosto será realizada a 3ª Semana da Diversidade de Bauru, que tem apoio do Jornal da Cidade. Neste ano, o evento terá como tema o slogan “Eu amo a vida: diga não à violência”, que será lançado durante a cerimônia de abertura do dia 23. A programação do primeiro dia da Semana da Diversidade vai contar com a entrega dos prêmios “Eu Faço a Diferença” às cinco personalidades e cinco empresas que contribuíram com o fortalecimento e o respeito à diversidade na cidade.

Por sua vez, como já se tornou tradição, o último dia é quando será realizada a marcha cívica da 3ª Parada da Diversidade. O desfile terá início na Praça da Paz, a partir das 13h, onde todos se reunirão para passar pela avenida Nações Unidas às 15h, com destino ao Parque Vitória Régia, que será palco do Show da Diversidade.

Neste ano, o colorido do desfile que representa a diversidade dividirá espaço com o branco, que aparece para representar a indignação diante da recente onda de violência que atinge a cidade e da intolerância que permanece na sociedade.

Maiores informações:

http://paradabauru.blogspot.com/

http://www.baurupeladiversidade.org.br/

Marcos Souza (14) 9171-5739
Coordenador da ONG

Rick Ferreira (14) 9171-5738
Coordenador da ONG

João Winck (14) 9171-5750
Primeiro Conselheiro

Paulo Rafael (14) 8171-1812
Assessoria de imprensa

E-mail:

contato@baurupeladiversidade.org.br

imprensa@baurupeladiversidade.org.br

Comunidade da ABD:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=38604650

Comunidade da Parada:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=62519817

Burguesia cria polícia para reprimir torcedores da Copa de 2014

O estado de sítio que a burguesia está impondo à população não tem limites. Não bastasse todas as medidas repressivas e as inúmeras polícias criadas para reprimir os trabalhadores, o governo de São Paulo anunciou a criação de mais uma polícia para a Copa do Mundo de 2014.

O futebol é sem dúvida uma das maiores paixões dos brasileiros e é justamente por isso que a burguesia impõe uma verdadeira ditadura aos torcedores, uma vez que esse esporte como já aconteceu em outros momentos pode se transformar em um pólo aglutinador, o que amedronta a burguesia que não permite sequer que os torcedores levantem bandeiras de protesto dentro dos estádios. A perseguição e campanha contra as torcidas organizadas já chegou a tal nível que os governos burgueses chegaram inclusive a tentar proibi-las, medida que obviamente não foi posta em prática graças à pressão dos torcedores.

Para se ter idéia do clima repressivo, a burguesia já está montando toda uma operação para perseguir a população trabalhadora durante a Copa 2014 que será realizada no Brasil. O primeiro Estado a anunciar medidas repressivas foi São Paulo, ou melhor, o governo do PSDB e do DEM, que inclusive é conhecido pela truculência com que age contra os trabalhadores.

Segundo anunciou o próprio governo do PSDB, “o Estado de São Paulo criou o Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância Esportiva (Grade), que terá policiais especializados em futebol. Uma de suas missões é evitar que durante o Mundial as torcidas organizadas recebam influência de membros de grupos radicais, de forte atuação na Europa” (Folha S. Paulo, 17/8/2010). A afirmação, apesar de ser uma tentativa descarada de enganar a população, que muitas vezes cai nos argumentos morais de que de fato as torcidas são violentas, deixa evidente qual a verdadeira proposta da burguesia e seus interesses. A suposta violência entre as torcidas não é nem de longe o verdadeiro motivo da ditadura que está sendo imposta nos estádios, tão pouco é maior do que a violência do Estado. É preciso ter claro que o objetivo é apenas o de reprimir a população, tanto é assim que o próprio nome da política “Grupo de Repressão e Análise”.

A quantidade de medidas impostas pela burguesia contra a população é algo incontável. O que chama atenção é que as leis estão sendo implementadas por motivos cada vez mais banais. No caso da Copa, o governo já está impondo uma série de medidas antes mesmo de o evento acontecer. Isso sem falar nas diversas demolições que com toda certeza ocorrerão. Ou seja, urinar na rua, sair da escola mais cedo, assistir jogos de futebol, brincar carnaval etc. etc. etc., tudo isso se transformou em crimes de acordo com a visão da burguesia.

Fonte: Site do PCO

10 de agosto de 2010

África do Sul - alguns dados do país que sediou a Copa do Mundo


O salário de um operário sul-africano equivale a aproximadamente R$ 350,00.

Segundo relatórios da ONU, a África do Sul é um dos dez países com maior desigualdade de renda no mundo.

79,8% da população sul-africana é composta de negros, 9,1% de brancos, 8,9% de mestiços e 2,1% de hindus e asiáticos.

44% da população desse país vive na zona rural.

Mas 5,7 milhões de pessoas (mais de 10% da população) estão infectadas pelo vírus HIV (Aids). A cada ano são 500 mil novos casos, 20% deles entre crianças. Estudos contabilizam uma média de mil mortes por dia em decorrência da doença.

27% da população está desempregada. 65% dos desempregados tem menos de 35 anos de idade.

Na África do Sul ocorrem em média 28 mil assassinatos ao ano, número quase absoluto entre as populações mais empobrecidas.

Dados do Banco Mundial apontam que 34% dos sul-africanos vivem com menos de dois dólares por dia (menos de R$ 4,00).

Apenas 5% dos negros sul-africanos conseguem chegar à universidade.

Para a organização da copa do mundo de futebol, no país, foram desembolsado aproximadamente R$ 4,5 bilhões.

Retirado do jornal A Nova Democracia.
Para ler o artigo completo acesse: http://www.anovademocracia.com.br/no-67/2878-africa-do-sul-enquanto-a-copa-cega-e-ensurdece-o-mundo

25 de junho de 2010

Futebolistas revolucionários de 68



As dimensões que atingiu a revolta popular entre maio e junho de 1968 na França realmente foram descomunais, atingindo praticamente todas as frações do proletariado. E o que fizeram os trabalhadores do futebol em 68? Essa imagem ai é o cartaz-comunicado do Comitê de Ação dos Futebolistas, datado de maio-junho de 1968. No início do cartaz está escrito:

"Nós, jogadores de futebol de vários clubes da região de Paris, decidimos ocupar hoje o prédio principal da Liga Francesa de Futebol, da mesma maneira que os trabalhadores e estudantes estão ocupando suas fábricas e faculdades. Por que? Para restaurar à 600,000 jogadores franceses de futebol e os milhões de seus amigos o direito de desfrutar o futebol como deve ser: o futebol que foi tirado deles pelas autoridades da Liga para servir aos seus interesses lucrativos! ... "

Para mais informações sobre história social consultar:
Instituto Internacional de História Social (Amsterdã, Holanda)

23 de junho de 2010

Placar Histórico: “Domingo, sangrento domingo”

Os jornais de todo o mundo noticiaram no último 16/06/2010 o pedido de perdão em relação ao massacre de civis irlandeses ocorridos em 30 de janeiro de 1972, feito pelo primeiro-ministro britânico em pessoa após condenação da própria justiça britânica. O que não deixa de ser emblemático ao acontecer durante a realização da Copa do Mundo da África do Sul, outro país com histórico de massacres étnicos e também sem disposição para pedidos de perdão.

O fato: no dia 21 de novembro de 1920, em plena Guerra da Independência da Irlanda, após 14 soldados ingleses serem mortos em combate pelo IRA (exército republicano irlandês), tropas de ocupação britânicas em represália assassinaram 13 católicos irlandeses.

O local do massacre foi o estádio Croke Park, um dos locais mais simbólicos de Dublin, capital da ainda unificada Irlanda durante uma partida de futebol gaélico (um dos mais tradicionais esportes do país).

No local se encontravam mais de dez mil pessoas que assistiram a um jogo entre o time de Tipperary e o de Dublin quando os soldados ingleses invadiram o gramado fortemente armados e abriram fogo contra a arquibancada, atingindo várias pessoas e matando 13, sendo um jogador. Em 05 de fevereiro de 2008, em amistoso neste mesmo estádio, a seleção brasileira venceu a seleção da Irlanda por 1 a 0.

Em 30 de janeiro de 1972 ocorreu um segundo massacre na cidade de Derry. Esta segunda data ficou tristemente conhecida como 'Domingo Sangrento', com novo ataque criminoso de tropas britânicas contra manifestantes, na já seccionada Irlanda do Norte. Resultado: 14 mortos (sendo seis crianças) e 26 feridos. Este episódio ficou historicamente marcado, sendo um dos seus ícones a canção 'Sunday Bloody Sunday' da banda irlandesa U2, produzida em 1982.

Fonte: PSTU na araquibancada.

17 de junho de 2010

A Copa do Mundo e a romantização da pobreza


Thiago Hastenreiter, de Santos (SP)


• O mundo assiste o continente africano sediar pela primeira vez a Copa do Mundo de futebol. O berço da humanidade, que teve suas riquezas naturais saqueadas, seus homens e mulheres raptados e transformados em escravos-mercadorias, andava esquecido, submersa nas epidemias de AIDS, até que a África do Sul se tornasse palco do maior espetáculo da Terra.

Muitos duvidaram desse feito, inclusive o atrapalhado (com as palavras) Pelé. Em janeiro desse ano, o ônibus da delegação do Togo, que participava da Copa Africana, sofreu um atentado terrorista realizado por uma organização angolana, o que levou muita desconfiança sobre as reais possibilidades da África do Sul sediar um evento desse porte.

Mas hoje a Copa é uma realidade e África do Sul pavimenta uma estrada que será percorrida amanhã pelo Brasil. O mundo parece redescobrir a África, e a mídia trata de romantizá-la, destacando a euforia de seu povo, suas danças típicas, sua fauna exuberante, seus rituais religiosos obscurantistas e suas “harmoniosas” vuvuzelas.

Os responsáveis pela condição de lumpenização do continente africano, onde as populações esperam cair dos céus os mantimentos para sobreviverem mais um dia, são os mesmos que exaltam a riqueza cultural desse povo sofrido. A pobreza aparece como algo abstrato, vindo quase do além, e é na prática varrida para debaixo do tapete. Para quem não sabe, milhares de famílias foram removidas de suas residências e submetidas a condições ainda piores, em casas de lata de 18m², para não estragar a paisagem no percurso entre os aeroportos e os grandes centros.

Muito se falou das greves da construção civil que ameaçaram o levantamento dos novos estádios meses antes do início da Copa, mas não foi divulgado em que condições trabalhavam esses operários. O salário desses trabalhadores era de 4,50 rands, ou R$1,10 por hora! Esses operários que ergueram verdadeiros santuários do futebol ficarão do lado de fora dos estádios, e assistirão às partidas pela televisão. Ao mesmo tempo tão perto e tão longe do show.

O clima passado pelos repórteres estrangeiros é de como se tivessem vivendo uma aventura, um safári onde, a todo momento, esbarram com o exótico povo africano. O regime do Apartheid, de segregação racial e social, abolido oficialmente em 1990, ganhou uma nova roupagem, muito mais amena, pretensamente mais simpática, mas não menos preconceituosa.

Tratam o racismo como um problema do passado. Antes havia banheiros separados para brancos e para negros. Escolas para brancos e escolas para negros. E hoje todos freqüentam os mesmos lugares. Isso é mentira. Os negros continuam guetizados em seus bairros e ocupam os mais baixos estratos sociais. Enquanto a elite, dona das grandes corporações capitalistas, é branca. Isso é um fato.

Sem dúvida, a revolução democrática que colocou abaixo o regime segregacionista do Apartheid foi uma vitória colossal das massas. No entanto, essa revolução que poderia ganhar um conteúdo também social, foi freada e desviada para dentro da institucionalidade burguesa, através da eleição de Nelson Mandela em 1994. Aí está o motivo pelo qual o imperialismo reverencia tanto a figura de Mandela. Ninguém melhor que o líder negro, que esteve preso por mais de 30 anos, que tinha como lema "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!", para pregar a conciliação e a paz entre as classes historicamente antagônicas.

Terminada a Copa da África os olhos se voltarão para o Brasil. 2014 é logo ali. Aí, mais uma vez, a pobreza será relativizada e ganhará a melodia do samba, da “mulata” e do futebol.

Fonte: Site do PSTU

15 de junho de 2010

A luta de classes na copa

Polícia reprime trabalhadores sul-africanos

Nem tudo se resume a festa e vuvuzela na Copa do Mundo. Na madrugada desta segunda-feira (horário local), após o jogo Alemanha 4 x 0 Austrália, cerca de mil funcionários do estádio Moses Mabhida, em Durban que reclamavam de salários atrasados e falta de condições de trabalho foram duramente reprimidos pela polícia sul-africana. De acordo com os manifestantes, eles tinham sido contratados por 1.500 rands (a moeda sul-africana, o equivalente a cerca de R$ 350) por dia, mas estavam recebendo apenas 190 rands (R$ 45). O protesto começou no estacionamento, que fica embaixo das arquibancadas, e prosseguiu pelas ruas no entorno do estádio, que ironicamente leva o nome do lendário secretário-geral do Partido Comunista Sul-africano. Como de praxe, a polícia utilizou bombas de efeito moral, balas de borracha e cassetetes para reprimir os manifestantes, que revoltados revidaram com pedras e garrafas. Resultado: dezenas trabalhadores feridos. Mas este não é o primeiro protesto relacionado ao Mundial. Antes mesmo do início da competição, trabalhadores envolvidos nas obras entraram em greve pelas mesmas bandeiras.

Fonte: Blog PSTU na arquibancada

12 de junho de 2010

Na Argélia, futebol pela Libertação Nacional

Com mais de um milhão de mortos na guerra da independência, a Argélia cultua seus mártires. Do bairro chique de El Biar à popular Casbah, com suas edificações do período otomano à beira do Mediterrâneo, as homenagens àqueles que derramaram sangue contra as tropas francesas preservam a memória da revolução de 1 de novembro. Nos campos de batalha, o futebol foi uma arma de divulgação poderosa da causa argelina. Em Bel Aknoun, num imóvel cedido pelo ministério da defesa, a fundação da equipe da Frente de Libertação Nacional (FLN) mantém viva a alma militante e combatente de um time formado na clandestinidade que, entre 1958 e 1962, esteve a serviço da luta pela soberania nacional.

- Fomos os embaixadores do movimento de libertação - orgulha-se , que, aos 74 anos, entre um cigarro e outro, faz um relato comovente do passado: - Tínhamos a filosofia dos brasileiros, um futebol de toques cadenciados. Aprendemos nas ruas, como vocês.

A ideia de usar o futebol para popularizar o movimento pró-independência surgiu em 1957, três anos depois que grupos nacionalistas armados se organizaram em torno do FLN, núcleo do corpo revolucionário que tomou a frente do processo pelo fim do período colonial. O plano de Mohamed Boumezrag, membro da organização e técnico recém-chegado dos Jogos da Juventude, em Moscou, era ambicioso: montar um time com os principais jogadores de origem argelina baseados na França que amplificasse o desejo de liberdade do povo. Maouche, meia do Stade de Reims, o esquadrão francês no qual jogavam Piantoni, Kopa, Just Fontaine e Jonquet, foi seu braço direito. Representante do comando central do FLN em Paris, contactou os primeiros 10 jogadores que, após a rodada do campeonato francês de 12 de abril de 1958, um domingo, partiriam rumo a Túnis, sede do Governo Provisório da República da Argélia.

Fuga pela liberdade

Aderir ao chamado da revolução, para alguns, significava abrir mão de carreiras em ascensão. Mustapha Zitouni, zagueiro do Monaco, e Rachid Mekhloufi, meia-atacante do Saint-Étienne, estavam na lista de convocados da França para a Copa da Suécia. Abdelaziz Bentifour, meia do Monaco, já era um veterano da Copa de 1954, na Suíça. Famoso na Cote D'Azur, aproveitava o trânsito livre que tinha na região para traficar armas para o comando da revolução. Com parentes sofrendo os horrores da guerra, nenhum deles disse não à convocação. Na noite programada, dois grupos deixaram a França de trem, um pela fronteira com a Suíça, outro pela Itália. Desses dois países, iriam de avião a Túnis.

- A ordem era que ninguém viajasse no mesmo vagão. Tudo fora minuciosamente preparado - lembra Maouche.

Mekhloufi teve problemas. Naquela tarde, na partida contra o Béziers, ele sofreu uma pancada na cabeça e foi do estádio para o hospital, perdendo o embarque. Na ânsia de resgatá-lo, Maouche voltou à França dois dias depois. Em Paris, as manchetes já noticiavam a fuga dos argelinos. Militar lotado no batalhão de Joinville, acabou sendo preso como desertor ao tentar voltar à Suíça. Abderrahmane Soukhane, atacante do Le Havre, chegou a ser condenado à revelia por 10 anos pelo mesmo motivo. Mesmo com Maouche detido, outros jogadores, previamente contactados, continuaram desembarcando em Tunis nos meses seguintes. Em dois de novembro, eles já eram quase 30.

Laços com bloco socialista

Pressionada pelos clubes franceses, a Fifa suspendeu oito integrantes da primeira leva de argelinos que fugiram por quebra de contrato. O documento, assinado pelo suíço Kurt Gassmann, secretário geral da entidade entre 1951 e 1960 e datado de 7 de maio, proibia que participassem de seleções nacionais ou clubes filiados a ela. Alheio às retaliações, o FLN prosseguiu sua missão. O time excursionou pelo leste europeu, onde jogou em quase todos os países que formavam o bloco socialista liderado pela URSS; península arábica, países magrebinos e Ásia. No Vietnã, os jogadores foram recebidos pessoalmente pelo líder Ho Chi Minh; na China de Mao Tse Tung, deram clínicas para audiências massivas. Por onde passava, o FLN recebia carinho e admiração.

- Todos esses países contribuíram com armas e dinheiro para a revolução - revela Mohamed Soukhane, lateral do Le Havre, irmão de Abderrhamane. - O Egito, não. Nunca quis nos enfrentar - provoca, remetendo à rivalidade que, nas eliminatórias da Copa de 2010, deixou um rastro de violência no jogo decisivo no Sudão.

Quando foi libertado após 13 meses de detenção, em outubro de 1960, Mohamed Maouche levou os últimos seis jogadores que ainda estavam na França ao encontro dos companheiros na Tunísia. Em 29 de março do ano seguinte, em Belgrado, o time conseguiu uma de suas vitórias mais expressivas: goleou por 6 a 1 a seleção iugoslava medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Roma. Na preliminar, o Bangu havia vencido o Estrela Vermelha. Convidados pela cúpula do FLN para um amistoso, os brasileiros negaram.

- Até nos verem jogar, eles pensavam que éramos da orquestra do hotel - diz Soukhane, às gargalhadas.

Em quatro anos, o FLN fez 91 jogos (65v/13e/13d), nos quais marcou

385 gols e sofreu 127. Após a independência, oficializada em 5 de julho de 1962, tornou-se o embrião do que viria ser a primeira seleção da Argélia. Três anos depois, alguns poucos integrantes do extinto FLN estavam na equipe que perdeu por 3 a 0 no Estádio 19 de julho, em Oran, para um Brasil que tinha Gérson, Garrincha e Pelé.

- Perdemos, mas foi um prazer - brinca Maouche.

Escrito por: Fábio Juppa.

10 de junho de 2010

Os malefícios do nacionalismo exarcebado

“Pra frente Brasil, salve a seleção”, “A taça do mundo é nossa, com o brasileiro não há quem possa”, “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Essas são algumas das muitas frases faladas durante toda a realização da Copa do Mundo de futebol. Nessa época, o sentimento nacionalista exalta-se com uma intensidade que envolve o país todo. As pessoas saem às ruas com o uniforme da seleção brasileira, se vestem de verde e amarelo, decoram suas casas com estas cores e agitando loucamente a bandeira do Brasil; enfim, a vida fica resumida a isso. Entretanto, analisando de forma crítica, podemos perceber que esse patriotismo não se confina ao plano do futebol ou do esporte, ele estende-se ao campo das relações sociais e possui um papel de extrema importância nas relações de poder.

A política nacionalista brasileira exerce uma função primordial nas relações sociais: ocultar, ou pelo menos amenizar, as tensões sociais. Quando se glorifica a pátria intensamente como ocorre no período da Copa do Mundo, as pessoas são levadas a se dedicarem à esse enaltecimento de “seu” país e “sua” seleção de modo que os problemas sociais, econômicos e políticos fiquem em segundo plano em matéria de importância.

A terrível realidade social excludente brasileira é temporariamente esquecida, prevalecendo em seu lugar um “conto de fadas”, onde tudo é alegre, bonito e idílico. Não importa se você passa fome, está desempregado e doente, o que realmente interessa é que a “nossa” seleção ganhe e torne-se campeã para que saiamos às ruas comemorar a vitória brasileira, pois se a seleção ganha, o país torna-se mais forte e nós nos sentimos mais felizes, mesmo que isso não coloque comida na panela, pague nossas contas e, no final das contas, não acrescente nada à nossa vida material, moral e intelectual.

Atualmente, cabe à mídia (sempre ela) a função de propagadora dos ideais nacionalistas, porque afinal de contas, a mídia representa a burguesia e nada mais propício para esta que as tensões sociais sejam ocultadas. E não é somente no futebol que isso acontece. Noticia-se que as exportações brasileiras atingiram recordes e que isso logicamente é ótimo para a nação brasileira. Só não entendo porque mesmo com as exportações batendo recordes, milhões de brasileiros não têm sequer o que comer.

Além disso, o nacionalismo provoca outros efeitos negativos, destacando-se a intolerância em relação à outros países e culturas, podendo provocar um surto de xenofobia. Glorificar um país significa necessariamente menosprezar os outros, seja nos aspectos culturais e/ou nos valores e crenças.

Devemos ficar atentos ao conceito de nacionalismo e analisá-lo de modo crítico, pois esse é um conceito feito pelo e para as “elites”. Como disse Marx, “as idéias dominantes são sempre as idéias das classes dominantes”, e no nosso contexto, refletir sobre essa questão torna-se essencial para se pensar as relações de poder e dominação.


Escrito por: Tarcílio Divino Nunes.

13 de fevereiro de 2010

A importância de negar-se o serviço militar (Leon Tolstoi)



Existe um provérbio russo que diz: Podes desobedecer a teu pai e a tua mãe, mas obedecerás ao couro de um asno, ou seja, a um tambor. E este provérbio se aplica literalmente aos homens de nosso tempo que não tem aceito a doutrina de Cristo, ou que a aceitam deformada pela Igreja que essencialmente renega todo sentimento humano, homens que não obedecem outra coisa senão a um tambor. Apenas uma coisa os pode libertar do tambor: a profissão da verdadeira doutrina de Cristo.

Os povos europeus apreciam trabalhar por estabelecer novas formas de vida, elaboradas desde há muito tempo nas consciências, mas é sempre o velho despotismo grosseiro que lhes guia a vida. As novas concepções da vida não somente não se realizam, como até mesmo as antigas, aquelas que a consciência humana tem denunciado desde há tanto tempo -- por exemplo, a escravidão, a exploração de uns pelos outros em proveito do luxo e da ociosidade; os suplícios e as guerras -- se afirmam a cada dia de uma maneira cruel. A causa é que não existe uma definição do bem e do mal aceita por todos os homens, de maneira que qualquer que seja a forma de vida posta em prática, há de ser sustentada pela violência.

Ao homem pareceu simpático inventar uma forma superior de vida social, garantindo, ao seu parecer, a liberdade e a igualdade, mas não poderia livrar-se da violência, posto que ele mesmo é um violador.

Qual o efeito disso? Por grande que seja o despotismo dos governantes, por terríveis que sejam os males que este despotismo despeje sobre os homens, o homem ligado à vida social terá que ver-se sempre submetido a ele. Este homem, ou aplicará sua inteligência para justificar a violência existente e para encontrar o que é mau, ou se consolará pensando que logo encontrará o meio de derrubar o governo e de estabelecer outro, tão bom, que transformará tudo o que agora é mau. E, enquanto espera que se realize esta mudança, rápida ou lenta, das formas existentes, mudança pela qual espera a salvação, obedecerá com servilismo aos governos que existem, sejam lá quais forem, e quaisquer que sejam suas exigências. Embora não aprove o poder que, em dado momento, emprega a violência, não apenas não nega a violência, nem os meios de empregá-la, como também a julga necessária. E, por esta causa sempre obedecerá à violência governamental existente. O homem social é um violador, e inevitavelmente há de ser também um escravo.

A submissão com a qual -- sobretudo os europeus que tão orgulhosos se mostram da liberdade -- tem aceito uma das medidas mais despóticas, mais afrontosas que jamais teriam podido inventar os tiranos, o serviço militar obrigatório, prova isso mais do que qualquer coisa. O serviço militar obrigatório, aceito sem contradição por todos os povos, sem revolucionar-se, e até com júbilo liberal, é uma prova resplandecente da impossibilidade para o homem social livrar-se da violência e modificar o estado de coisas existentes.

Que situação pode ser mais insensata, mais insensível do que a que se encontra agora os povos europeus que gastam a maior parte de seus recursos fazendo os preparativos necessários para destruir seus vizinhos, homens dos quais nada lhes separa e com os quais vivem na mais estreita comunhão espiritual? Que pode haver de mais terrível para eles que estar sempre esperando que um louco que se proclame imperador diga algo que possa ser desagradável a outro louco semelhante? Que pode haver de mais terrível que todos esses meios de destruição inventados a cada dia: canhões, bombas, granadas, metralhadoras, pólvora seca, torpedeiros e outros engenhos mortais? Sem embargo, todos os homens, como bestas empurradas pelo chicote em direção ao matadouro, irão com docilidade para onde quer que lhes enviem, perecerão sem sublevar-se e matarão outros homens sem mesmo perguntar-se porque o fazem, e não apenas não se arrependerão disso, como também se mostrarão orgulhosos dessas medalhas que é autorizado a carregar por haver matado bastante, e levantam monumentos ao louco desgraçado, ao criminoso que lhe obrigou a cometer tais atos.

Os homens da Europa liberal se regozijam de poder escrever toda classe de tolices e de divulgar o quanto se gasta nos banquetes, nos encontros, nas câmaras, e se crêem completamente livres, semelhante a bois que pastam no pasto do açougueiro acreditando ser completamente livres. Sem embargo, talvez nunca o despotismo do poder tenha causado tantas desgraças aos homens como agora, nem lhes tenha depreciado tanto como hoje. Jamais o descaro dos violadores e a covardia de suas vítimas alcançou o grau que contemplamos.

Quando os jovens se apresentam nos quartéis, são acompanhados pelos pais e mães, e se comprometem matar até mesmo eles. É evidente que não há humilhação nem vergonha que não suportem os homens da atualidade. Não há covardia nem crime que não cometam, desde que isso lhes cause o menor prazer e lhes livre do perigo mais insignificante. Nunca a violência do poder e a depravação dos dominados chegou a tal extremo. Sempre houve e há entre os homens possuídos de força moral algo que considerem sagrado, algo que não cedem por preço algum, algo pelo qual estão prontos a suportar privações, sofrimentos, até mesmo a morte; algo que não trocariam por nenhum bem material. E quase cada homem, por pouco desenvolvido que seja, o possui. Ordene a um camponês russo que cuspa na hóstia ou blasfeme o altar e ele morrerá antes de fazê-lo. Estão enganados, crêem que as imagens são sagradas e não consideram o que verdadeiramente é sagrado (a vida humana), consideram a lei uma coisa sagrada que não desobedecem por nada. Mas há um limite à submissão, há nele um osso que não se dobra. Mas onde está este osso não civilizado que não se venda como escravo ao governo? Qual será esse algo sagrado que nunca abandonará?

Não existe; é completamente frouxo e se dobra por inteiro. Se existisse para ele algo sagrado, então, levando em conta tudo o que há nessa patética sociedade hipócrita em que vive, esse algo deveria ser a humanidade, ou seja, o respeito ao homem em seus direitos, à sua liberdade, à sua vida. O que significa isso?

Ele, o sábio instruído que nas escolas superiores tem aprendido tudo o que a inteligência humana elaborou antes dele, ele que se coloca acima da multidão, ele que continuamente fala da liberdade, dos direitos, da intangibilidade da vida humana, é eleito, é revestido de um traje grotesco, e ordena levantar-se, saudar, humilhar-se, ante todos os que tem um grau a mais no uniforme, ordena prometer que matará seus irmãos e seus pais, e estar pronto a fazer todas estas coisas. A única pergunta que faz é quando e como deverá passar estas ordens. No outro dia, uma vez livre desses encargos, voltará novamente e com mais afinco a prédica dos direitos, da liberdade, da intangibilidade da vida humana, etc., etc.

Exatamente isso! É com tais homens que prometem matar a seus pais, que os liberais, que os socialistas, que os anarquistas, que os homens sociais em geral pensam organizar uma sociedade onde o homem seja livre! Mas que sociedade moral e razoável pode-se edificar com semelhantes homens? Com semelhantes homens, qualquer combinação que se faça não pode resultar mais que um rebanho de animais dirigidos aos gritos pelos chicotes dos pastores.

Este é um fardo pesado sobre os ombros dos homens, um fardo que os oprime, e os homens cada vez mais oprimidos buscam uma maneira de livrar-se dele.

Sabem que unindo suas forças poderiam retirar o fardo e lançá-lo fora, mas não conseguem chegar a um acordo sobre a maneira de fazê-lo, enquanto isso cada qual se inclina cada vez mais, deixando que o fardo se apoie sobre os ombros dos outros. E o fardo lhes esmaga mais e mais, e todos já teriam perecido se não houvesse quem lhes guiasse em alguns atos, não pelas considerações das conseqüências exteriores dos atos, mas sim pelo acordo do rito com a consciência.

Esses homens são os cristãos; em vez do fim exterior cujo logro exige o consentimento de todos, se consagram a um fim interior acessível sem que nenhum consentimento seja necessário. Nisso está a essência do cristianismo. Por isso, a salvação do servilismo em que se encontram os homens, impossível aos homens de idéias socialistas, tem-se realizado pelo cristianismo; a concepção real da vida deve ser suprida pela concepção cristã da vida.

O fim geral da vida não pode ser inteiramente conhecido -- diz a doutrina cristã a cada um -- e se apresenta diante de ti unicamente como a aproximação cada vez maior, de todos, de um bem infinito; a realização do reino de Deus, na medida em que tu conheces indubitavelmente o objetivo da vida pessoal que consiste em realizar em ti a perfeição maior, o amor necessário para a realização do reino de Deus. Este fim, tu conhecerás sempre, e é sempre factível.

Tu podes ignorar os melhores fins particulares exteriores; podem surgir obstáculos entre eles e tu; mas ninguém nem nada pode deter a aproximação em direção ao aperfeiçoamento interior e o aumento do amor em ti e nos outros. Basta ao homem substituir o objetivo exterior, social, embusteiro, pelo único fim verdadeiro, indiscutível, acessível, interior da vida, para em seguida ver cair todas as cadeias que pareciam impossíveis de romper, e se sentirá completamente livre.

O cristão rechaça a lei do Estado porque não tem necessidade dela nem para ele nem para os demais, posto que julga a vida humana mais garantida pela lei do amor que professa, que pela lei sustentada pela violência.

Para o cristão que conhece as necessidades da lei do amor, as necessidades da lei da violência não somente não podem ser-lhe obrigatórias, como se apresentam diante dele como erros que devem ser denunciados e destruídos.

A essência do cristianismo é o cumprimento da vontade de Deus que não pode ser possível pela atividade exterior que consiste em estabelecer e aplicar formas exteriores de vida, a vontade de Deus é apenas possível pela atividade interior, pela mudança da consciência, e conseqüente melhora da vida humana. A liberdade é a condição necessária da vida cristã. A profissão do cristianismo livra o homem de todo poder exterior, e ao mesmo tempo lhe dá a possibilidade de esperar o melhoramento da vida que busca em vão pela mudança das formas exteriores da vida.

Os homens acham que sua situação melhora graças às mudanças das formas exteriores da vida, e, sem embargo essas mudanças nem sempre resultam em uma modificação da consciência.

Todas as mudanças exteriores das formas que não são conseqüência de uma modificação da consciência, não somente não melhoram a condição dos homens, como com freqüência a agravam. Não são os decretos do governo que tem abolido a matança de crianças, as torturas, a escravidão, é a evolução da consciência humana que tem provocado a necessidade destes decretos; e a vida não melhora em passo mais rápido do que o passo do movimento da consciência, ou seja, a vida melhora na medida em que a lei do amor ocupa na consciência do homem o lugar antes ocupado pela lei da violência.

Se as modificações da consciência exercem um influxo sobre as modificações das formas exteriores da vida, isso faz parecer aos homens que a recíproca seria verdadeira, e como é mais agradável e mais fácil (os resultados da atividade são visíveis) dirigir a atividade sobre as mudanças exteriores, preferem sempre empregar suas forças não em modificar sua consciência e sim em mudar as formas de vida, e por esta causa, na maioria dos casos, se ocupam não da essência do assunto mas de sua forma. A atividade exterior inútil, mutável, que consiste em estabelecer e aplicar formas exteriores de vida, oculta aos homens a atividade interior, essencial na mudança de sua consciência, que é a única que pode melhorar sua vida. E este erro é o que retarda cada vez mais a melhora geral da vida dos homens.

Una vida melhor não pode lograr-se sem o progresso da consciência humana, e por isso, todo homem que deseja melhorar a vida, deve dedicar-se a melhorar sua consciência e a dos demais. Mas isso é precisamente o que os homens não querem fazer, ao contrário, empregam todas suas forças em mudar as formas de vida esperando que reportarão uma modificação de consciência.

O cristianismo, e unicamente o cristianismo, livra os homens da escravidão em que se encontram na atualidade, e apenas o cristianismo lhes dá a possibilidade de melhorar realmente sua vida pessoal e a vida geral. Isto deveria ser claro para todos; mas os homens não podem aceitar isso enquanto a vida, segundo as concepções sociológicas, não for completamente conhecida, tanto no terreno dos costumes, como no terreno das crueldades, e enquanto os sofrimentos da vida social e governamental não forem estudados em todos os sentidos.

Com freqüência é citado como a prova mais convincente da insuficiência da doutrina de Cristo, o fato desta doutrina conhecida há dezenove séculos ainda não ter sido aceita e admitida além de seu formato exterior. Essa doutrina é conhecida há muito tempo e ainda não é um guia para a vida dos homens. Muitos mártires do cristianismo sofreram em vão sem mudar a ordem existente e isso é uma clara prova de que tal doutrina não é verdadeira nem factível. É o que dizem os homens.

Falar e pensar assim é o mesmo que dizer e pensar que um grão que não dá imediatamente flores e frutos, e que se desloca na terra, é mau e estéril.

O fato da doutrina de Cristo não ser aceita em toda sua importância desde o momento em que apareceu, e não ser admitida além de uma forma exterior, alterada, era inevitável e necessário.

Uma doutrina que destruiu toda a antiga concepção do mundo e estabeleceu uma nova, não podia ser aceita de imediato em toda sua importância, não podia ser aceita além de seu aspecto exterior e disforme. E, ao mesmo tempo, sua aceitação sob esta forma, foi para que os homens, incapazes de compreender a doutrina e a via moral, fossem guiados pela mesma via a aceitá-la em toda sua verdade.

Podemos imaginar os romanos e os bárbaros aceitando a doutrina de Cristo no sentido que agora compreendemos? Será que os romanos e os bárbaros poderiam crer que a violência levava ao aumento da violência, e que as torturas, os suplícios, as guerras não explicam e não resolvem nada, mas que embrulham e complicam tudo?

A grande maioria dos homens daquele tempo não era apta a compreender a doutrina de Cristo pela via moral. Era necessário guiar-lhes pela mesma via, pelos meios que mostravam na prática, que cada cisão da doutrina entranhava um mal.

A verdade cristã em outra época, mais elevada pelo espírito do sentimento profético, se converteu em verdade acessível até mesmo para o homem de espírito mais simples, e em nossos dias, esta verdade se revela a cada um.

A evolução da consciência não se faz por saltos, não é descontínua e nunca se pode encontrar os limites que separam os períodos da vida da humanidade; e sem embargo, existem, como existem entre a infância e a adolescência, entre o inverno e a primavera, etc.. Se não há uma risca limítrofe, há um período transitório, e é o que agora atravessa a humanidade européia. Tudo está preparado para a passagem de um período ao outro, não falta mais que um impulso que realize esta mudança. E este impulso pode dar-se a cada momento. A consciência social nega desde há muito as formas antigas da vida, e está pronta a adotar as novas. Todos sabem dela e igualmente a sentem. Mas a inércia do passado, o temor do porvir fazem com freqüência que o que está preparado há muito tempo na consciência de todos não torne-se ainda uma realidade, às vezes basta uma palavra para que a consciência se imponha, e esta força importante na vida comum da humanidade -- opinião pública -- transforma imediatamente, sem luta e sem violência, toda a ordem existente.

A situação da humanidade européia com o funcionalismo, os impostos, o clero, as prisões, as guilhotinas, as fortalezas, os canhões, a dinamite, parece, com efeito, horrível, mas apenas parece. Tudo isso, todos os horrores que se cometeram, não se baseiam mais do que em nossa representação. Todas essas coisas, não apenas não deveriam existir, como também deveriam deixar de existir diante do estado da consciência humana. A força não está nas prisões, nos grilhões, nos canhões, na pólvora, a força está na consciência dos homens que aprisionam, constróem, manejam os canhões. E a consciência desses homens está em luta com a contradição mais manifesta, com a contradição mais temível, e se vê atraída por pólos opostos. Cristo disse que venceu o mundo, e ele o venceu de fato.

O mal deste mundo, apesar de todos seus horrores não mais existe, porque tem desaparecido da consciência dos homens. E não precisa mais que um pequeno impulso para que se destrua o mal, e este dê lugar a uma nova forma de vida.

Nos primeiros tempos do cristianismo, o guerreiro Teodoro foi executado por declarar ao seu comando que por ser cristão não poderia portar armas, seus condenadores o olharam estupefactos, considerando-o louco, e não apenas não ocultaram tal ato, como também o expuseram à reprovação geral.

Mas hoje quando na Áustria, na Prússia, na Suécia, na Rússia, e em toda Europa, o número de refratários cresce de uma maneira considerável, esses casos não parecem mais aos potentados como casos de loucura; mas como atos bem perigosos, e os governos não mais não os lançam à execração geral, mas os ocultam com cuidado, sabedores que os homens se livram de sua escravidão, de sua ignorância, não pelas revoluções, pelas associações operárias, pelos congressos da paz, pelos livros, e sim pelo modo mais simples, isto é; que cada candidato a tomar parte na violência contra seus irmãos e contra si mesmo pergunte com assombro: Por quê hei de fazê-lo?

Não são as complicadas instituições, as associações, os julgamentos, etc., que salvarão a humanidade, será o simples arrazoamento, quando se tornar geral. E pode e deve sê-lo logo. A situação dos homens de nossa época é semelhante a do homem atormentado por um horrível pesadelo; o homem vê a si mesmo em uma situação extraordinária, diante de um mal horrível que avança sobre ele; compreende que aquilo não pode acontecer, mas não consegue deter o mal que se aproxima cada vez mais, é tomado pelo desespero, e já no limite faz uma pergunta a si mesmo: mas é isso verdade? E basta que duvide da verdade do mal para que em seguida desperte e se dissipe toda a angústia que sofria.

O mesmo ocorre com este estigma da violência, da servidão, da crueldade, da necessidade de participar desta terrível contradição, entre a consciência cristã e a vida bárbara na qual se encontram os povos europeus. Mas quando despertarem do sonho em que estão mergulhados, quando despertarem para a contemplação superior da vida revelada pelo cristianismo há mil e novecentos anos, quando esta chama queimar por toda parte, repentinamente desaparecerá tudo aquilo que é tão terrível, como ocorre ao despertar-se de um pesadelo, a alma, a consciência daquele que sofre esse pesadelo se fartará de satisfação, e até mesmo lhe será difícil compreender como semelhante insensatez pôde vir-lhe em um sonho.

Bastará despertar um instante desse aturdimento perpétuo no qual o governo trata de nos manter, bastará contemplar o que fazemos sob o ponto de vista das exigências morais, bastará contemplar o que pedimos às crianças, e o que fazemos aos animais, para horrorizá-los de toda a evidência da contradição em que vivemos. É necessário apenas que o homem desperte do estado hipnótico em que vive, que mire sobriamente o que o Estado exige dele para que, não apenas negue obediência, mas sinta uma perplexidade e uma indignação indizível do atrevimento de virem até você com semelhantes exigências.

E este despertar pode produzir-se de um momento para outro.