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19 de setembro de 2010

Deu na New Yorker: ódio do futebol encobre desprezo por hispânicos

Os americanos odeiam futebol? Não o futebol regular, naturalmente. Não o futebol da primeira das dez jardas, da jogada longa, dos acertos tardios e dos times especiais, das cheerleaders pneumáticas em roupas curtas, das concussões cerebrais em série — o jogo que todos os americanos amam, com exceção de alguns cabeçudos. Não aquele. O outro. Aquele cujo princípio básico do jogo é chutar uma bola com o pé. Aquele que o resto do mundo chama de “futebol”, exceto quando é chamado (por exemplo) futbal, futball, fútbol, futebol, fotball, fótbolti, fussball ou (como na Finlândia) jalkapallo, que traduz literalmente como “futebol”. Aquele.

A questão é colocada agora — como surge periodicamente por oito décadas — por conta da Copa do Mundo, o torneio global quadrienal do esporte que aqui é chamado de soccer. “Soccer”, por sinal, não é um neologismo ianque mas uma palavra de impecável origem britânica. Deve-se a sua invenção a um esporte rival, o rugby, cujos proponentes estavam lutando uma batalha perdida pela marca “futebol” mais ou menos na época em que estávamos preocupados com uma guerra mais sanguinária, a Guerra Civil. O apelido do rugby era (e é) rugger e seus jogadores são chamados ruggers — uma coisa da classe alta, que usa “champers” para champagne. “Soccer” é o equivalente de ruggers no palavreado de Oxford. O “soc” é diminutivo de “assoc”, para “futebol de associação”, as regras que foram codificadas em 1863 pela toda poderosa Football Association, a FA — a FA sendo no Reino Unido o que a NFL, NBA e MLB são nos Estados Unidos. Mas onde estávamos? Ah, sim. Os americanos odeiam futebol? Soccer, quero dizer?
Aqui está uma resposta plausível: nós não odiamos.

Os que não odeiam somam cerca de 20 milhões que ficaram dentro de casa em um sábado de clima agradável para ver Gana se juntar à Inglaterra, Eslovênia e Argélia na lista de países que este ano foram derrotados ou empataram com os Estados Unidos na Copa do Mundo. Ficamos decepcionados — Gana venceu por 2 a 1 e mandou nosso time para casa desde a África do Sul. Ainda assim, 19,4 milhões, o número registrado pela audiência do Nielsen, é um monte de gente. Não foi apenas o recorde de pessoas que viram um jogo de futebol nos Estados Unidos. É mais gente, na média, que aqueles que viram a World Series [Nota do Viomundo, que torce para os Yankees, de Nova York: final do "campeonato mundial" de beisebol dos Estados Unidos, disputada entre dois times americanos] do ano passado, transmitidas em horário nobre. É alguns milhões a mais que os que viram o Kentucky Derby [principal prova de turfe] ou a final do Masters de golfe ou a Daytona 500, a jóia da coroa da NASCAR [categoria mais popular de automobilismo nos Estados Unidos].

E nós não apenas assistimos. Nós praticamos. É estimado que haja cinco milhões de adultos americanos praticando soccer nos Estados Unidos de forma regular. As crianças são doidas por futebol, especialmente as mais novas. Mais crianças americanas praticam futebol, informalmente ou em ligas organizadas, que qualquer outro esporte coletivo. O soccer pode ser importado, assim como toda nossa população não nativa, mas está a caminho de se tornar algo tão americano quanto a pizza, o taco e as batatas fritas [french fries]. (E a maternidade: apesar da Sarah Palin, as “soccer moms” — um termo introduzido no mundo político em 1996, por um consultor republicano — representam um traço demográfico chave).

[Nota do Viomundo: "Soccer moms" são as mães que levam os filhos para jogar futebol em ligas locais nos fins-de-semana, ou que vão levar e buscar os filhos e filhas nos treinamentos de futebol que acontecem nas escolas. Elas ficam incentivando as crianças ao lado do campo e trocam figurinhas sobre os assuntos essenciais do subúrbio americano, inclusive sobre política. Subúrbio nos Estados Unidos não é pejorativo, são os condomínios abertos de classe média]

Naturalmente, o soccer tem enfrentado desafios nos Estados Unidos, a maioria deles devido a ser uma novidade na arena do comércio americano. O entusiasmo das crianças é ótimo, mas se fosse suficiente a Nike inventaria uma divisão dedicada à queimada. Comparado com seus rivais já estabelecidos, o soccer é ruim para a exploração televisual. O caráter contínuo do jogo, de ação quase ininterrupta, nega os intervalos necessários para promover cerveja e para permitir que se vá à geladeira apanhar uma. O expediente de vender espaço no corpo dos jogadores — encher os uniformes com logos corporativos do pescoço ao umbigo — é bem menos que satisfatório. Além disso, o campo de futebol é bem maior que o grid do futebol americano ou o diamante do beisebol e a coreografia do jogo exige ângulos abertos de câmera. Na TV, os jogadores aparecem minúsculos — um problema para aqueles que não estão equipados com as telas enormes de TV.

Os americanos odeiam o soccer? Bem, alguns de nós desgostamos moderadamente — não do jogo em si, mas do que acabou representando. Mas nesta primavera os ataques anti-futebol da direita deram um salto equivalente à venda das TVs gigantes. Em 1986, Jack Kemp, o ex-quarterback do Buffalo Bills que se tornou deputado republicano, foi à tribuna do Congresso para se opor a uma resolução que apoiava a tentativa dos Estados Unidos (que acabou bem sucedida) de sediar a Copa do Mundo de 1994. Nosso futebol, ele declarou, incorpora o “capitalismo democrático”; o futebol “deles” é “socialismo europeu”. Kemp, no entanto, estava brincando.

Hoje os conservadores que atacam o futebol não parecem estar de brincadeira. As reclamações deles são variações do tema “não americano”. “Eu odeio o soccer talvez porque o mundo goste tanto dele”, Glenn Beck, a estrela da Fox News, proclamou. (Também, “as políticas de Barack Obama são uma Copa do Mundo”). O que realmente incomoda “os bobos críticos da esquerda”, editorializou o Washington Times, é que “os esportes mais populares nos Estados Unidos — futebol, beisebol e basquete — tiveram origem aqui na Terra dos Livres”. No site do American Enterprise Institute o colunista do Washington Post Marc Thiessen, autor de discursos de George W. Bush, escreveu que o “soccer é um esporte socialista”. Também, que é “um esporte coletivista”. Também, “talvez em tempos de Barack Obama o soccer vai finalmente pegar nos Estados Unidos. Mas suspeito que socializar o gosto dos americanos em relação a esportes é uma tarefa mais difícil que socializar nosso sistema de saúde”.

E, então, há G. Gordon Liddy. Soccer, ele disse aos ouvintes de seu programa de rádio, “vem da América Latina e primeiro temos de lidar com este termo, hispânicos. Isso indicaria o idioma espanhol e, sim, essas pessoas na América Latina falam espanhol. Isso é porque os conquistadores que vieram da Espanha — como você sabe entre eles não estava um grande número de caucasianos — conquistaram os indígenas, conquistaram os indígenas e os indígenas adotaram o idioma de seus conquistadores. Mas o que chamamos de hispânicos na verdade são indígenas sul americanos. E este jogo, penso eu, se originou com os indígenas sul americanos e em vez da bola eles usavam uma cabeça, a cabeça decapitada de um guerreiro inimigo”.
O convidado de Liddy, um “crítico de mídia” conservador chamado Dan Gainor, respondeu cautelosamente (“o soccer é um jogo tão básico que provavelmente você pode seguir várias pistas sobre suas origens”), mas ao mesmo tempo afirmou que “toda a questão hispânica” está entre as razões que fazem “a esquerda” promover o jogo “em escolas do país”.

Nós odiamos o soccer? Isso depende de quem “nós” pensamos que somos. Uma das coisas que o charmoso livro “Como o soccer explica o mundo”, de Franklin Foer, explica, é como o futebol, com a globalização e seus efeitos unificadores, nos dá oportunidade para a expressão de ideias nacionalistas, não necessariamente anti-liberais, e para a expressão do tribalismo, que quase sempre é anti-liberal. A soccerfobia da direita americana é tribalismo mascarado de nacionalismo. Um de cada quatro telespectadores daqueles vinte milhões que viram o jogo Estados Unidos vs. Gana estava assistindo a Univision, a principal rede de televisão hispânica dos Estados Unidos. Os outros três eram — bem, quem sabe… Liberais provavelmente, ou algo pior [Nota do Viomundo: A palavra "liberal", nos Estados Unidos, é usada em contraposição a "conservador"]. Deu. Cartão amarelo ou vermelho. Talvez o soccer nunca se torne o jogo americano (embora já seja um deles), mas os Estados Unidos são jogo para o soccer. Somos a Terra dos Livres, não? Podemos ser a terra do chute livre, também?

Escrito por Hendrik Hertzberg,
na coluna The Talk of the Town,
New Yorker, 12 a 19 de julho de 2010

16 de agosto de 2010

Bola da Vez: Andrew Jennings

Entrevista do Bola da Vez dia 14 de Agosto de 2010
ESPN Brasil

Em entrevista ao programa Bola da Vez, ele afirmou que a reputação do brasileiro só é boa por aqui e denunciou pelo menos dois graves casos na passagem de Havelange pela Fifa.
Jennings é mais crítico ainda com Jack Warner, vice-presidente da Fifa. O jornalista chega a analisar que o mundo seria melhor sem ele.
Andrew Jennings também disse ter conhecimento da operação nos bastidores que trouxe a vitória à candidatura de Londres para ser sede da Olimpíada de 2012

Parte 1:



Assista as demais partes da entrevista:

23 de julho de 2010

Caso Bruno, o espelho de uma sociedade capitalista em completa decomposição

Após o fracasso da seleção brasileira com a eliminação da Copa do Mundo e a frustração dos anunciantes, a mídia buscou encher seus noticiários com mais um episódio envolvendo jovens em um crime. E mais, de um famoso jogador de futebol, o goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes. Para chamar atenção e ganhar uns pontos a mais no “Ibope” foi necessário rechear o crime com fortes doses de sensacionalismo macabro.

De quebra, tal como ocorrera no episódio dos Nardoni há dois anos, a manipulação dos fatos, principalmente pela Rede Globo, é algo explícito: a investigação é totalmente falha, não há provas concretas; há apenas suspeitos e a polícia corrupta colabora com a comoção manietada pela emissora dos Marinhos. No entanto, o réu em questão já está condenado antecipadamente pela opinião pública. No circo midiático, sangue e desgraça de outrem são peças altamente rentáveis. Contudo, esta é apenas a casca do ovo.

HÁ MUITO MAIS A SE ENTENDER DO QUE O “ESPETÁCULO” MONTADO PELA MÍDIA

É preciso ter a compreensão de que nos tempos atuais o esporte mercantilizado, no caso o futebol, perdera seu caráter amador, transformando-se em verdadeiras empresas em busca de lucro. Clubes formam jogadores, alguns poucos privilegiados que superam a peneira das categorias de base, para que sejam negociados como mercadoria a clubes europeus. Estes jogadores ganham grandes fortunas antes mesmo de serem “vendidos” beneficiados por salários e cotas de patrocínio. A grande maioria deles advêm de famílias muito pobres e humildes, tendo nas favelas desde a infância vínculos com traficantes e grupos de extermínio formados por policiais. Aqui há um campo fértil para que, por exemplo, atletas multimilionários atuem não como esportistas, mas na condição de verdadeiras máfias em contato com o mundo do crime organizado.

O capitalismo bestificante faz com que as relações interpessoais sejam cada vez mais vazias, individualistas, superficiais e, bastante comum, prostituídas em busca de status social e poder. Neste contexto, o caso Bruno é apenas um elo desta corrente que aprisiona política e ideologicamente as pessoas dentro do atual regime. A chamada geração “orkuteira” é a expressão mais bem acabada destas concepções, na qual o que mais vale é a forma não o conteúdo, ou seja, a superficialidade, não as relações balizadas por verdadeiro espírito de companheirismo e de um projeto de vida em comum.

O MÉTODO MARXISTA: PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS

O feminismo burguês, encampado lamentavelmente pela esquerda revisionista não vai a fundo ao que tange às causas que levaram o ex-atleta do Flamengo cometer o suposto crime contra uma “garota de programa” que pretendia vender seu corpo e de seu filho a quem melhor pagasse. Além do mais, esta esquerda sem os menores princípios de classe, reivindica que o Estado capitalista intervenha como resolução policial para estes casos, configurando um campo completamente distante da luta de classes e do marxismo revolucionário. Ontem defenderam a criação das delegacias da mulher para encarcerar os “operários machistas” e hoje são devotos da reacionária Lei Maria da Penha, revelando assim a ausência de qualquer independência de classe na questão feminista. Não podemos deixar de lado o caráter, já mencionado acima, mafioso do referido jogador proporcionado pelo enriquecimento abrupto e sem limites, e pela mercantilização (“coisificação”) da mulher, muitas das quais vendem seu corpo aos ricos jogadores de futebol na expectativa de ascensão social. Os grandes meios de comunicação difundem cotidianamente na população a ideologia burguesa de que a mulher deve ser esteticamente “perfeita” para ter “algum valor” no mercado da sociedade. Por esta razão não podemos reduzir este caso simplesmente como mais um ataque bestial machista contra uma “ingênua” mulher proletária, Eliza é vitima e ao mesmo tempo foi parte integrante e ativa de uma engrenagem totalmente corrompida.

A mulher é encarada pelo sistema capitalista como uma mercadoria de consumo e quanto mais se adequar aos padrões de beleza capitalista mais se incorpora valor “agregado” a esta “mercadoria”, isto é, quanto mais bela, mais alto o valor do “produto” no leilão de seres humanos. Semelhante situação ocorre inclusive nos casamentos atuais nas chamadas “famílias tradicionais” de classe média alta. Não à toa, disseminam-se em todo o mundo academias e clínicas estéticas, onde o culto ao corpo é a tônica e entendido como mais uma “necessidade” criada para o consumo de um produto.

No seio destas relações engrendram-se todo um arco de podridão: interesses meramente materiais e econômicos em detrimento de laços afetivos e/ou de camaradagem. A falsidade, agressões, belicosidade, espancamentos e assassinatos são as normas imperantes. Fenômeno similar a este sofrem a burguesia, artistas, atletas famosos e a classe média alta. Em suma, são relações típicas de uma sociedade em profunda decomposição, uma excrescência que a cada dia ganha terreno em uma época de intensa ofensiva imperialista sobre os povos do planeta onde se perdeu qualquer referência política no socialismo. Evidentemente, no caso do goleiro Bruno a parte socialmente mais frágil deste jogo de interesses, a mulher, foi brutalmente assassinada.

A ruptura com esta concepção de mundo burguesa só será possível através da violenta ação da classe operária contra seus algozes capitalistas, através da revolução socialista! A partir da qual pela necessidade de todo um coletivo, os interesses mesquinhos e podres oriundos da velha sociedade de classes serão pari passu extintos. Na edificação da sociedade comunista de amanhã será enobrecida a autêntica igualdade entre companheiros de relações afetivas e de vida conjunta, em que impere soberana e profundamente o sentimento de fraternidade entre o homem e a mulher socialistas.



Fonte: Site LBI.

18 de julho de 2010

Violência mancha o futebol brasileiro

Campeão da Copa das Confederações, pentacampeão mundial de futebol e, até recentemente, líder do ranking da Fifa, o Brasil ocupa uma posição nada honrosa no ranking da violência relacionada ao esporte. Estudo divulgado em 2009 pelo sociólogo Maurício Murad aponta que 42 pessoas foram mortas em confrontos envolvendo torcidas - dentro e nas imediações dos estádios, entre 1999 e 2008. Os dados são confiáveis, pois foram todos checados e conferidos pelos Institutos Médicos Legais (IMLs) e delegacias de polícia das cidades onde foram registradas as ocorrências.

Tristes episódios, como o de um torcedor corintiano espancado até a morte antes do duelo entre Corinthians e Vasco válido pela semifinal da Copa do Brasil, na noite de 3 de junho de 2009, em São Paulo, mostram que não apenas de glórias vive o “País do Futebol”.

A violência que mancha o futebol nacional é reflexo das mazelas sociais que campeiam pelo Brasil, violência esta que aumenta à medida que crescem a impunidade e a malversação dos recursos públicos. Essa combinação de fatores põe em cheque a capacidade de o Brasil sediar a Copa do Mundo em 2014, onde a segurança pública é um dos itens principais do catálogo de exigências da Fifa. Triste contradição!

A origem da guerra entre torcidas uniformizadas é a rivalidade insana do futebol. Não apenas no Brasil, mas também em países europeus e de outros continentes, o “povão” se envolve mais com futebol que com questões ligadas à religião ou à família, por exemplo. O que fazer para estancar essa violência irracional? Afinal, uma partida de futebol é tão somente uma partida de futebol. Deveria ser, mas infelizmente a “paixão” pelo esporte acaba acobertando verdadeiras escolas do crime.

O tema é momentoso e revela uma profunda crise de valores por que passa a sociedade contemporânea. A violência vai paulatinamente consolidando-se como uma linguagem universal entre os jovens. A internet serve de instrumento para a articulação de encontros entre “gangues” de torcidas, que usam o futebol para canalizar suas energias e deflagrar cenas de revolta e brutalidade.

O vazio cultural também encontra ressonância nos jogadores profissionais de todo planeta, cujos hábitos e valores já não servem de exemplo como outrora. Ao valorizar a posse de bens materiais, a sociedade de consumo ajuda a pintar um quadro, no qual futebol, comércio e violência formam cada vez mais, partes de um todo de difícil separação.

O problema deve ser enfrentado com pragmatismo, requerendo a intervenção direta do Estado e a mobilização da sociedade civil. Todos, a começar pelos dirigentes dos clubes profissionais e das federações de futebol, devem se envolver e articular acordos para coibir a violência crescente. É preciso aplicar medidas políticas, jurídicas e administrativas que sejam viáveis para transpor essa triste página do desporto nacional.

O Estatuto de Defesa do Torcedor (em vigência desde 2003) necessita ser mais amplamente divulgado, a fim de que os torcedores/consumidores estejam bem informados acerca de seus direitos e deveres para cobrar providências por parte dos clubes e do poder público. Igualmente salutar é a reforma do documento legal, no sentido de criminalizar ações de vandalismo praticadas por falsos torcedores. Há torcidas organizadas funcionando como verdadeiras associações civis, com sede própria, estatuto, CNPJ e corpo diretivo. À primeira vista, nada de errado, pois são grupos legítimos com os quais o Estado deve dialogar. Entretanto, há casos em que dirigentes de times criam laços promíscuos, por meio da manipulação de integrantes, chegando ao absurdo de permitir a isenção da compra do ingresso por facções das organizadas, estabelecendo-se uma relação tipicamente comensal ou parasitária.

A pouco mais de quatro anos de sediar a Copa do Mundo, o Brasil precisa agir rápido. Um aspecto crucial é promover a especialização de efetivos da polícia para atuar diretamente em ocorrências relacionadas a eventos esportivos. As autoridades públicas devem investir em recursos humanos e tecnológicos, como a implantação de um banco de dados informatizado, que reúna elementos úteis para uma ação de inteligência integrada por parte da polícia, Ministério Público e Poder Judiciário. Um primeiro passo para combater a impunidade no futebol seria a identificação dos líderes que conflagram a violência. Os jogos aglomeram multidões e na hora da confusão há sempre o insuflador, a quem os demais seguem. Câmeras potentes, de alta definição possibilitam a visualização real do tumulto, facilitando a prisão dos culpados e a conseqüente obtenção de provas que forneçam subsídios à ação estatal.

O combate à violência no futebol brasileiro só será eficaz quando o tema for inserido, de fato, no contexto macro da realidade nacional. Não adianta partir para a radicalização, pedindo a eliminação das torcidas organizadas. Isto atenta contra a democracia, já que representaria o fechamento de um espaço de convivência plural, que agrega cidadãos de diversas classes sociais.
Medidas enérgicas fazem-se prementes para frear o quadro tirânico e opressor reinante em nosso futebol. Ao mesmo tempo é necessário que o Estado esteja presente nas periferias, com campanhas sócio-educativas de inclusão social através do esporte, em parceria contínua com as comunidades e organizações da sociedade civil.


Escrito por: Lucas Nery.

17 de julho de 2010

Sócrates: "Imagina a Gaviões da Fiel politizada! Esse é o grande medo do sistema"

Como você está vendo a organização da Copa do Mundo aqui no Brasil daqui a quatro anos?
Sócrates
Aqui no Brasil, ainda não há organização nenhuma, pelo que eu saiba. Na verdade, existe uma desorganização dirigida para que os investimentos que sejam alocados nas obras não passem por licitações, então estão protelando o máximo possível para que isso ocorra.

Você acha que é intencional?
É claro! Isso aconteceu no Pan-Americano, acontece sempre. Quanto mais demorado melhor, porque aí tudo é feito a toque de caixa, e a toque de caixa tem situação emergencial que vale a pena para desviar alguma coisa.

Você acha que a exclusão do Morumbi como um estádio da Copa tem a ver com isso?
Não tenho dúvida. Eles querem construir um outro estádio. Desde o começo estava na cara, criaram todo tipo de dificuldade. E acho que o São Paulo fez certo, fazer um investimento de 700 milhões no Morumbi? É mais fácil o São Paulo construir outro estádio.

Você acha que o interesse é mais econômico ou político?
É para-econômico. Não é nem econômico. Economicamente não poderíamos escolher Manaus em vez de Belém. Cuiabá como sede, onde eles vão ter que construir o estádio para depois ficar parado, Brasília a mesma coisa, Natal a mesma coisa. É não é interesse econômico. É desperdício de dinheiro. Desperdício econômico. É para-econômico, para desviar verba.

Você não vê o fato de o São Paulo ter encabeçado uma chapa de oposição na eleição do Clube dos 13 como um elemento para a exclusão?
Não, isso vem lá de fora. Todos os estádios vão ser reformados. Alguns com um custo absurdo. Deve ser a quinta ou sexta vez que fazem reforma no Maracanã nos últimos três anos. O Minerão também. Vão construir outro na Bahia. Entendeu? É pro dinheiro andar. Andando o dinheiro alguém tá ganhando. Seja quem constrói, quem administra. O único que não ganha é o povo.

Você sempre diz que atualmente o futebol tem mais força do que arte. Você acha que a Copa de 1982 foi um marco na consolidação do esporte como está hoje?
Não existe um divisor aí. O que ocorre é uma falta de adaptação do futebol com a evolução física dos atletas. A questão não é só filosófica, claro que isso faz parte do processo. Mas ela é muito mais dependente da questão física. Inclusive na minha tese de mestrado, seria nove contra nove, tirar dois jogadores de cada time. Quer dizer, você resgatar os espaços que tínhamos há anos atrás. Então vão ter que jogar. Hoje tem gente que se esconde. Você pega um back central da vida ai que não sai do lugar. A única coisa que ele faz é chutar a bola pra frente, pro lado, isso não é jogar futebol. Com nove contra nove, o back central vai ter que saber jogar. Não só ele, todos vão ter que saber jogar, porque a bola vai correr. Na verdade o futebol é um dos poucos esportes que não se adaptou a essa evolução. Imagine uma prova de atletismo, 100 metros, hoje, com cronômetro manual... Iria dar empate para caramba. Ou 50 metros na piscina. Tem que se adaptar a isso. E futebol não mudou nada. Não quer mudar. Nem tecnologia se utiliza para se dirimir as dúvidas de arbitragem.

Você não acha que essa não adaptação beneficia maus jogadores, que mesmo não tendo tanto talento, mantêm contratos milionários?
Hoje, na verdade, se nivelou o futebol. Um ou outro jogador que se destaca, que tem mais técnica, mais talento. Na verdade, todo mundo privilegia o físico hoje e é isso que impera no futebol. Seja na seleção de Honduras, você comparar com a seleção da Inglaterra. Você vê as equipes que se classificaram, tem time que nunca passou para a segunda fase e tem um monte na segunda fase, tá tão igual.

Como foi a democracia corinthiana?
Uma sociedade que decidia tudo no voto e a maioria simples levava vantagem nas decisões, absolutamente democrático. O roupeiro tinha o mesmo peso de voto de um dirigente.

Como a direção do time reagiu? Não só a direção, mas os patrocinadores, o Leão quis dar uma pernada?
O Leão não dava pernada em ninguém, ele nunca votou ué. Um voto nulo, em branco. Se você não quer participar de uma sociedade você não vota e agüente a decisão da maioria. A direção participava, um voto era da direção do clube e não tinha patrocinador, nessa época não tinha essas coisas.

Esse foi um dos poucos momentos em que o futebol cumpriu um papel mais positivo politicamente?
Na verdade cumpriu um papel importante nesse processo de redemocratização, porque o processo corintiano começou dois anos antes da grande mobilização das Diretas Já! Acho que foi um fator importantíssimo na discussão da realidade política brasileira. Você está dentro de um meio extremamente popular, com uma linguagem que é acessível a todo mundo está discutindo uma coisa que há muito tempo ninguém ou muita gente jamais teve a possibilidade de efetuar, que era o voto. Foi importantíssimo. Igual a isso eu não conheço nada parecido no futebol.

Você acha que o futebol pode cumprir um papel mais progressivo?
Claro. E esse é o grande medo do sistema. Você imagina a Gaviões da Fiel politizada. Né!? Você tem mobilização já pronta, você tem palco, duas vezes por semana, para exercer o seu direito, a ação política, só falta a politização.

Falta organização política para os jogadores?
Falta consciência! Falta... Por isso o sistema deseduca esses caras. Em vez de educar, faz de tudo para o cara não adquirir uma consciência social, política, porque esse é o mais importante. Ele é mais ouvido que o Presidente da República, esse cara pode mudar o país. Uma das brigas que eu tenho é “por que não educar esse povo, se é obrigação do Estado educar todo mundo?”. Pelo menos esse povo tem que ser educado. Agora mesmo, fui para a África do Sul, uma campanha pró-educação, inclusive com iniciativa da Fifa, com chancela da ONU, Educação Global, que é uma das metas do milênio, até 2015 pôr todas as crianças na escola. Então, no caso da Fifa, ponha primeiro os jogadores. (risos)

Você acha que o Estado deveria cumprir um papel mais importante na gestão do esporte?
É claro! Mas ninguém quer mexer muito nisso. Ninguém quer mexer, porque é um vespeiro. Mas deveria. Particularmente o futebol no Brasil é um negócio, como outro qualquer. Por que o Estado não tem controle sobre isso. Ele usa todos os símbolos nacionais, hino, bandeira, até a alma do brasileiro ele usa.

Você acha que o Estado deveria intervir para tentar segurar os jogadores no Brasil?
Já existe legislação para isso. O trabalho infantil ele é penalizado. Mas como você vai evitar que uma criança se transfira para outro país dentro das condições legais, quer dizer, arrumam emprego para os pais, os caras sempre fazem aquilo que precisa ser feito. Isso só vai ser educado quando tivermos consciência de que temos que valorizar a ‘commodite’ que temos em mão. Que é a qualidade do jogador brasileiro, o talento do jogador brasileiro. Em vez de vez de vender o artista, tem que vender a obra dele. Quando a gente começar a vender a obra dele, a gente vai ter muito mais riqueza. Um bom exemplo é o Ronaldo. O Ronaldo é um cara que vale ouro, que veio pra cá e está ganhando o mesmo que estava ganhando lá, ou mais. Então é possível sim, mas é uma mudança de mentalidade. Na verdade o futebol brasileiro vende seu artista porque também é uma forma mais fácil de se manipular os recursos. Nem todo dinheiro que saí de lá chega aqui, no meio do caminho tem muita gente intermediária.

Adeptos se mobilizam contra Manchester United

A má fama dos proprietários do Manchester United, a família Glazer, entre os torcedores pode prejudicar a ativação do patrocínio da Aon. O acordo entre a companhia e o clube foi firmado por cerca de 80 milhões de libras por quatro anos. A torcida ameaça ignorar as camisas que possuírem o logotipo da empresa por crer que o aporte contribui para que os Glazers não eliminem dívidas.

"Lendo vários fóruns de adeptos, é muito aparente que vários torcedores veem a nova camisa com a Aon como símbolo da gestão da família Glazer, mais do que um símbolo do Manchester United que nós historicamente conhecemos e amamos", disse um representante do Manchester United Supporters Trust, grupo organizado de torcedores.

"É importante que todos os torcedores entendam a necessidade de remover os Glazers do nosso clube para melhorar as chances de sucesso e sobrevivência no futuro", completou.

O Manchester United está iniciando a pré-temporada na América do Norte e deve disputar amistoso contra o Celtic, na próxima sexta-feira (16), em Toronto, Canadá.

Fonte: Maquina do Esporte.

15 de julho de 2010

Futebol brasileiro à beira do colapso

Mesmo que você seja mais jovem do que eu, certamente já teve a felicidade de assistir exibições de alto gabarito do futebol brasileiro em nossos estádios. Algo que era corriqueiro até o final da década de 1980. E que só resgataremos com a manutenção de nossos melhores jogadores em nosso território e algumas mudanças de comportamento por força de lei ou pressão da mídia.

De lá para cá, estas exibições têm sido raras. Os motivos são diversos. Os mais citados são:

- redução de espaços abertos onde outrora os moleques quase pelados praticavam peladas alimentando enormes celeiros de jovens com alto potencial futebolístico. Estas áreas foram substituídas por escolinhas que em muitos casos inibem a criatividade de alguns promissores adolescentes, obrigando-os a atuarem de forma "burocrática" e previsível.

-elevação do gabarito da preparação física que permite que os defensores rapidamente provoquem trombadas contra os atletas mais técnicos. Sempre é mais fácil destruir do que criar algo elaborado. Fora a brandura das penas
aplicadas.

-árbitros despreparados que não inibem com rigor as jogadas mais violentas. A legislação esportiva oferece muitas brechas para atenuar e perdoar atos violentos dos botinudos. A quantidade de faltas precisa ser reduzida (como no Futsal) para que o jogo possa transcorrer com mais desenvoltura.

-jogadores deslumbrados com a ascensão meteórica se desgastam em noitadas mal dormidas e não rendem o máximo nos dias de jogos onde a exigência de esforço seja maior. Não seguem as normas disciplinares do clube. Total falta de profissionalismo. Os clubes fingem não ver.

-êxodo maciço de nossos melhores jogadores para outros continentes. Nossa desorganização fora das quatro linhas não nos permite montar uma estrutura adequada para concorrer com os poderosos clubes europeus e oferecer condições atrativas para nossos atletas permanecerem aqui. Até a Ásia consegue atrair nossos promissores jovens. Só teremos bons patrocinadores quando a administração for transparente e livre de vaidades. E quando as leis fecharem as brechas que ora existem.

-contratação de jogadores em fim de carreira que os estrangeiros não desejam mais. Estes atletas já realizados financeiramente, retornam por saudade da terra nativa para desfrutar do que melhor temos: mulheres bonitas, praias, sambas, cervejas, recantos bucólicos sem neve e fãs atuantes. Certamente (pois são humanos) não se empenharão da mesma forma que quando estavam no início da carreira. Já não entram nas divididas com o mesmo entusiasmo.

-táticas e estratégias voltadas para a defesa aglomerada em função de regras que não incentivam o ataque constante que fatalmente resulta no que de mais belo e emocionante existe neste esporte: o gol! Jogos terminados em 0 x 0 não deveriam conceder pontos aos dois times! Times que goleiam (mais de três gols de diferença) deveriam ser premiados com ponto extra.

-legislação benevolente com empresários e procuradores que forçam contratações visando apenas seus lucros pessoais. A saúde financeira do clube fica em terceiro plano. Desta forma, os grandes clubes devem até a sede aos cofres públicos. Os clubes menores já não montam mais equipes
capazes de produzir "zebras" que empolgavam nossos campeonatos.

Este conjunto de fatores está afastando os torcedores dos estádios. Aliados a outros de importância semelhante, tais como:

-datas e horários inadequados de jogos. Alguns terminam após 23:55 hs. Fica difícil para quem precisa acordar às 5:00 hs só poder dormir 3 ou 4 horas. Sem contar os regulamentos confusos e ilógicos que às vezes regem os torneios.

-falta de segurança nos estádios e adjacências. Torcidas "organizadas" promovem badernas que espantam famílias. Após 50 metros dos estádios o
torcedor não conta com nenhuma proteção policial para trafegar rumo ao seu lar.

-desconforto dentro e fora dos estádios. Assentos sujos e quebrados. Sinalização e iluminação deficientes. Banheiros sem água, sabão e papel higiênico. Bares com alimentos de origem suspeita. Infiltrações nas coberturas e poucas bilheterias para atender a multidão de compradores de ingressos (mesmo antecipados). Confusão nas ruas próximas e nos estacionamentos irregulares.

-transporte inadequado. Redução dos veículos coletivos após 23:00 hs. Metrô abarrotado e quente. Trajetos equivocados nestes horários.

-custo do espetáculo. Um par de torcedores (em geral pai e filho) consome no mínimo R$ 140,00 (ingresso+transporte+lanche) para assistir a um jogo. O baixo nível salarial de nosso povo não permite esta aventura mais de uma vez por mês. E o padrão dos jogos não motiva a ponto de tanto sacrifício.

-canais fechados para que o clamor público se faça presente. Jamais as sugestões de torcedores (os que pagam) foram coletadas para ajudar na melhora do espetáculo. A mídia pode fazer isto com baixos custos e encaminhar com credibilidade. E cobrar. Todo este pacote de "maldades" contribui para que jogos como Botafogo x Flamengo e Palmeiras x Corinthians tragam menos de 20.000 torcedores para os estádios. Na década de 1980, este número nunca era inferior a 60.000 espectadores.

Como nossa seleção só tem sido formada por atletas que residem fora do país, não temos oportunidade de assistir os melhores em nossos campos, mesmo tendo de superar todos os obstáculos citados acima. Somente assinantes de TV a cabo desfrutam de tais jogos.

Este cenário contribui para uma gradativa redução do entusiasmo dos nossos torcedores. A persistir esta curva descendente, dentro de poucos anos dezenas de profissionais do ramo futebolístico (inclusive jornalistas) perderão espaço para trabalhar.

Esta visão que aqui registramos, deve refletir o sentimento de mais de 90% dos torcedores. Basta efetuar uma rápida (e barata) pesquisa em escala nacional através da mídia para comprovar esta suspeita.

Certamente cada um de nós tem diversas sugestões para minimizar (e eliminar) vários dos problemas que nos incomodam. Apesar de vocês serem especialistas competentes do ramo, com certeza não se furtariam a juntar opiniões de seus seguidores para montar um documento elencando as medidas mais adequadas com tal objetivo. Estas opiniões seriam coletadas por pesquisas simples através de seus canais de comunicação. Sem maiores ônus para gerenciá-las.

Após uma triagem de consenso, o tal documento seria encaminhado a uma comissão (CBF + federações + árbitros + donos de jornais + rádios + TVs + segurança pública + empresas de transporte + câmara legislativa + patrocinadores) para que fosse criada uma cruzada de recuperação da alta qualidade do nosso futebol que sempre nos encantou e que sem dúvida causa inveja e temor aos demais países. Pelas enormes dimensões de nosso território, certamente temos capacidade para montar de três a quatro seleções nacionais superiores a todas as restantes do planeta. E gerar postos de trabalhos e bons lucros.

Algumas medidas poderiam ser convertidas em leis. Outras passariam a fazer parte de uma norma de conduta da CBF. Outras fariam parte de acordos éticos (?) entre os dirigentes sem vaidades (??). Algumas experiências podem ser efetuadas nas categorias sub-17 e feminina com aval da Fifa. Com ajuda dos militantes lúcidos da imprensa, certamente chegaremos a consenso de agrado geral para combater este marasmo que se instalou em nosso esporte preferido e lentamente esfacela nosso entusiasmo.

Dentre as dezenas de questões possíveis a serem coletadas, de imediato (e humildemente) sugerimos a seguinte: a seleção de futebol deve ser convocada seguindo o seguinte critério (podendo mesclar alguns):

a) Apenas jogadores que estejam atuando no Brasil no mínimo por dois anos.
b) Convocar no máximo 25% de "estrangeiros" (a experiência deles lá
fora não deixa de ser útil ao treinador).
c) De forma que a média de idade seja inferior a 25 anos.
d) Que tenham atuado em mais de 80% das partidas da última temporada.
e) Não tenham tido mais de quatro expulsões durante a última temporada.
f) Outra sugestão (descreva em até duas linhas).

Sem mais no momento, despedimo-nos na esperança de que algo de útil possa ser extraído deste resumo e possa auxiliá-los nesta complicada batalha que certamente vai esbarrar em fortes interesses (às vezes escusos) para manter este "caos" dentro de nossas fronteiras. Mas se vocês se unirem e abraçarem esta causa e apoio de ex-atletas que criaram o entusiasmo que ainda nos alimenta, tenham certeza de que o povo os apoiará na pressão que forçará os dirigentes a adotar atitudes saudáveis no sentido de preservar nosso maior patrimônio: o fabuloso futebol brasileiro!

Uma cruzada comandada por jornalistas sérios, competentes e preocupados com o futuro de nosso esporte preferido, com certeza terá sucesso garantido e agradecimento dos fãs do tão decantado "futebol-arte". Além de alargar os horizontes profissionais para diversas categorias.


*Haroldo Pereira Barboza é matemático, analista e poeta, e escreveu o livro "Brinque e Cresça Feliz"

Fonte: Universidade do Futebol.

14 de julho de 2010

Tá na cara. E ninguém faz nada

Os ministros do Esporte, Orlando Silva, e do Turismo, Luiz Barretto, disseram que o Brasil terá estádios pequenos na Copa de 2014. A intenção do governo é adequar ou construir estádios com a capacidade mínima exigida pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para o torneio, 40 mil lugares.

Tudo isso para, segundo eles, respeitar a média de público normal do país e as exigências da Fifa. Apenas os estádios que receberão jogos da fase final do torneio terão maior capacidade. A medida é para reduzir custos com obras e baratear a manutenção dos estádios usados na Copa depois do fim do torneio. “Não podemos construir um estádio em Brasília com capacidade para 70 mil pessoas e depois nunca mais conseguir lotá-lo”, explicou o ministro.

Agora, amigos, a pergunta é: por que isso aparece só agora? Esse ar “bonzinho” de nossos governantes quando todos (ou quase) os projetos já foram apresentados e as cidades escolhidas.

A ideia é extremamente válida, mas falar isso agora é ter que mudar projeto a pouco mais de dois anos do prazo final para conclusão. Brasília apresenta falta de público e força no futebol há muito tempo. E o projeto também já foi feito a muito tempo.

No Brasil é assim. Simples. Nada fiscaliza e nada se faz. As licitações não saem, estádios não andam, outros sequer projeto tem. E os que tem agora podem ser mudados.

E a Fifa, que aprovou os projetos, deixa mudar assim. E ainda dizem que não houve influência política na escolha das cidades. Foi só análise dos projetos… sei…

Fifa que mandará no País até a Copa.

Fonte:
Blog Gol.

13 de julho de 2010

Fifa ignora caos aéreo e mantém elogios à África do Sul

Depois da crise na segurança, a última semana da Copa do Mundo de 2010 viveu um de seus problemas mais graves sobre gestão. O congestionamento das zonas de estacionamento do aeroporto de Durban provocou atrasos em voos e truncou o funcionamento do aparato. Nem isso, porém, foi suficiente para manchar a imagem da África do Sul para a Fifa.

Na última quinta-feira, a entidade promoveu entrevista coletiva em Johanesburgo para falar sobre saldos da Copa do Mundo de 2010. Assim como vinha fazendo em todos os eventos relacionados ao torneio, fez contundentes elogios à África do Sul e ao comitê organizador local (COL).

“Como presidente da Fifa, eu estou satisfeito demais. Quando o troféu for entregue às mãos de um novo campeão, tenho certeza que o que ficará é a imagem de uma excelente Copa do Mundo. Temos muitos fatores que comprovam isso”, disse Joseph Blatter, presidente da Fifa.

O dirigente usou diferentes argumentos para reforçar seus elogios à África do Sul. Sua explicação passou por temas como audiência, número de espectadores nos estádios e até o fair play: “Tivemos menos lesões nessa Copa, o que comprova que os atletas estão respeitando mais seus companheiros. Também não tivemos nenhum caso positivo de doping em todos os exames realizados antes e durante o torneio”.

Blatter também dividiu o mérito pelo sucesso da Copa do Mundo com todo o continente africano. “O povo daqui pode ficar orgulhoso e o futebol daqui pode ficar orgulhoso de tudo que foi feito na competição. É possível notar um grande esforço de todos os envolvidos”, encerrou o mandatário.

O discurso de ode à África do Sul também foi feito por dirigentes locais. Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), estava no evento e reforçou as palavras de Blatter. A diferença é que ele retribuiu à Fifa o tom elogioso.

“Antes de a bola rolar, muita gente dizia que não seria possível fazermos a Copa. Houve erros, mas hoje eu posso dizer que nós fizemos. Antes mesmo da decisão, só posso agradecer a todos. Agradeço principalmente à Fifa, que teve a coragem de fazer a Copa do Mundo vir para a África”, disse o dirigente do futebol no continente.

Fonte: Máquina do Esporte.

11 de julho de 2010

O futebol como negócio e ideologia

Estamos em ano de Copa do Mundo e a mídia burguesa já retrata o maior acontecimento do futebol como um espaço em que não há diferenças raciais (em se tratando de África do Sul chega a ser um desrespeito), sociais e de classes. É o mesmo discurso de sempre. Mas, uma análise marxista não pode cair nesse discurso porque a Copa o Mundo, longe de ser um evento de esportividade, se insere na lógica do capital, ou seja, do lucro. Futebol não é mais paixão, é negócio, o que se expressa na idéia de que um clube, para se vitorioso, tem que ser empresa.

Em um evento de tamanha envergadura, o montante de dinheiro em circulação é vultuoso. A FIFA terá um renda de U$$ 3,5 bilhões no período de 2011-2014 só com a organização da Copa no Brasil. Para ajudar, a FIFA e a rede de TV que terá os direitos de transmissão terão isenção fiscal do Governo Federal. Mais dinheiro público.

Se os jogadores sequer se identificam com o país que juram amar, as empresas que "vivem de futebol" se identificam financeiramente muito bem com o futebol (e com outros esportes também). A região de Sialkot (fronteira do Paquistão com a India) é o local onde se produzem 40 milhões de bolas (costuradas manualmente) todos os anos (em ano de Copa do Mundo esse número sobe 50%) abastecendo parte importante do mercado mundial. Para se ter uma idéia do nível de extração de mais valia, cada trabalhador recebe entre U$$ 0,60 e U$$ 0,75 (Estadão de 21/04/2010) por bola costurada, e em um dia de 8 horas de jornada de trabalho costura-se no máximo seis bolas, com um salário mensal de aproximadamente R$ 205,00. Considerando que cada bola é vendida no mercado europeu por R$ 260,00 podemos fazer rapidamente as contas do tamanho da exploração: uma única bola vendida paga com sobras o salário de um mês de um operário paquistanês. Isso que é mais valia!

Como se vê por esse exemplo, tanto dinheiro na FIFA tem origem: a exploração dos trabalhadores, pois é desse lucro exorbitante que empresas como a Adidas (que é fabricante oficial de bolas para as Copas desde 1970) tiram dinheiro para o pagamento dos patrocínios, propaganda, etc. O capital já tomou conta de todos os eventos esportivos, descaracterizando-os completamente. Se as pessoas querem que seu país seja o campeão, para o capital o que determina se esse evento teve sucesso ou não é o tamanho da lucratividade. O esporte preferido do capital é a exploração.

Fonte:
Espaço Socialista.

10 de julho de 2010

O fim da patriotada nos pés dos mercenários da seleção brasileira

Após quase um mês de histeria midiática no país, a seleção brasileira de futebol foi eliminada nas quartas de finais da Copa do Mundo da África do Sul pela equipe da Holanda, perdendo o jogo por 2 a 1. Mesmo que a escrete de Dunga tivesse passado para outra fase, toda a ilusão em torno da Copa e seu significado para os trabalhadores obriga-nos a fazer uma necessária reflexão de classe: o futebol profissional há muito superou a categoria de esporte para se converter em um dos principais aparelhos estratégicos-ideológicos do modo de produção capitalista levados a cabo pelos grandes proprietários dos meios de produção.

Globalizado, desde o seu nascedouro – a partir dos clubes nacionais – o futebol brasileiro deságua na CBF até desembocar na Fifa, o esporte-indústria cimentou-se sobre uma estrutura mafiosa, cujos dirigentes remetem livremente a paraísos fiscais (empresas off-shore) grandes quantidades de capital para lavar dinheiro de negociatas, trambicagens, fraudes. A enorme quantidade de capital exportado serve para corromper e controlar sistemas obscuros de apostas clandestinas em todo o mundo (Falta! O mundo secreto da Fifa: subornos, compra de votos e escândalos com ingressos, Andrew Jennings, 2006).

Dentro desta perspectiiva, o mundo do futebol encerra em si mesmo um paradoxo: sendo uma “indústria” altamente rentável, globalizada, supranacional, inculca fortes sentimentos localistas, regionalistas e nacionalistas. Por isso, o clima “patrioteiro”, tão exacerbadamente difundido pela mídia burguesa na época das copas do mundo, não poderia ser outra coisa senão uma artificialidade, cuja essência não tem qualquer correspondência com os verdadeiros sentimentos nacionalistas de cunho progressivo. A caricatura de “nacionalismo” incentivada pela mídia e as grandes empresas transnacionais (!) serve apenas para euforizar e estupidificar as massas para que consumam produtos anunciados antes e durante a copa.

MERCENARISMO, CANELADAS, PISÕES, VIOLÊNCIA E BELICOSIDADE NO FUTEBOL COMO EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA BURGUESA

“Patriotismo” e moderno futebol brasileiro são binômios irreconciliáveis. A começar pelo fato de quase todos os jogadores da seleção brasileira atuam fora do país, os quais são considerados no mercado como objetos de troca e venda nas mãos dos patrocinadores e empresários multinacionais, os que, de fato, mandam e desmandam na seleção brasileira e nas demais. Desta forma, jogadores trocam de camiseta a quem melhor lhes pagar cotas de patrocínios, salários, venda de imagem etc. Trata-se do que há de mais extremado no que tange a difusão do mercenarismo dentro do futebol, plenamente em correspondência às necessidades mercadológicas das grandes corporações capitalistas. Só para situar, tropas mercenárias estão sendo utilizadas em grande quantidade na guerra do imperialismo ianque contra o Iraque, Afeganistão e prepara o terreno para invadir nestes moldes o Irã.

A entidade máxima do futebol mundial, a Fifa e suas confederações, passa a desenvolver a filosofia da maximização do lucro a partir da copa de 1950, ou seja, vincular drasticamente o futebol à indústria do esporte. No entanto, foi na década de 80 do século passado que esta orientação se aprofundara através da comercialização milionária de jogadores em todo o mundo, os quais eram cotados inclusive nas bolsas de valores. O Brasil tornou-se um celeiro para o “Velho Mundo”.

Desde então o futebol brasileiro começou a ser europeizado, ou seja, a prática do uso excessivo da força, da correria e da violência em detrimento do futebol arte tão peculiar ao que o Brasil outrora praticava. Neste sentido, na copa da África do Sul o que predominou foi um festival de caneladas, pisões desleais, expulsões e notória falta de criatividade. Atitudes estas marcaram a atuação de Kaká, adepto da bispa Sônia da arqui-reacionária Igreja “Renascer em Cristo” e de “badboy” Felipe Melo que agrediram belicosamente seus adversários. Kaká foi belicoso até mesmo contra quem o criticava fora dos campos. Precisamente falando, foi o futebol pancada de resultados que vingou nesta copa, principalmente advindo do selecionado brasileiro dirigido por Dunga, um ícone do futebol truncado, defensivo e de resultados... péssimos resultados. Deslealdade, individualismo, competição, destruição sem criar nada de novo, estagnação (tediosa retranca armada pela comissão técnica) eis, em poucas palavras, o que representa a ideologia burguesa dentro dos campos de futebol.

O capitalismo tudo destrói de forma impiedosa. O futebol não poderia fugir à regra histórica da luta de classes. A atual lógica do mercado extirpa a alma do futebol, a alegria de jogar, a paixão e o espírito de coletividade. A “Era Dunga” matou soberbamente estas perspectivas grandiosas sob o signo do lucro de clubes e entidades corruptas. Por isso fomos eliminados nas quartas de finais...

Fonte: Liga Bolchevique Internacionalista.

8 de julho de 2010

Mais um crime contra a mulher no futebol

Infelizmente, em meio à Copa do Mundo que faz bilhões de pessoas vibrarem em todo o planeta, o futebol é cenário de um caso revoltante de violência à mulher. O goleiro do Flamengo, Bruno, mais uma vez, é o protagonista de uma história que já era grave e chegou ao extremo por causa da impunidade. Ele é suspeito de matar e ocultar o cadáver de Eliza Samudio, com quem teve um relacionamento e um filho.

Eliza, 25 anos, está desaparecida há três semanas. Segundo amigas, ela teria ido passar uma temporada com o filho no sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG). Bruno, com a ajuda de amigos, teria sequestrado a jovem e o bebê de quatro meses que seria filho do jogador. Eles teriam espancado Eliza até a morte e depois enterrado o corpo na propriedade do jogador.

A criança foi entregue a um terceiro pela esposa de Bruno, Dayanna Souza, que foi presa na sexta-feira e liberada em seguida. A pessoa depôs dizendo que tinha sido orientada a fazer o bebê desaparecer. O pai de Eliza já encontrou o menino e conseguiu sua guarda.

Esse não é apenas um episódio, mas mais um ato de um espetáculo de terror. A história de violência de Bruno com Eliza teve um crescimento gradual e podia ter sido interrompida.

Em outubro de 2009, Eliza Samudio, grávida de cinco meses, denunciou Bruno de tê-la sequestrado, ameaçado de morte, agredido fisicamente e apontado uma arma para a sua cabeça. Três amigos ajudaram Bruno. Ele a agrediu fisicamente.

Ela conta que Bruno dizia: “Eu não sei se te mato, não sei o que eu faço”. Ele queria que ela fizesse um aborto e tentou forçá-la a tomar Citotec, medicamento utilizado no tratamento de úlcera que pode provocar aborto. Ela recusou e ele a levou para o seu apartamento, onde lhe deu remédios sedativos e uma bebida que a moça não identificou.

Mesmo com as ameaças para que Eliza não recorresse à polícia – ele ameaçou matar a ela, à família e às amigas – ela recorreu à Delegacia de Atendimento à Mulher. O que aconteceu com Bruno? Nada. Continuou livre e, assim, confiante para levar à violência às últimas consequências.

Um crime previsível


O perfil do goleiro já era conhecido. Quando o então jogador do Flamengo Adriano – hoje no Roma da Itália – agrediu de forma selvagem a ex-namorada Joana Machado, Bruno deu uma entrevista coletiva, defendendo o colega. Justificando a agressão de Adriano a Joana, Bruno disse aos jornalistas: “qual nunca saiu na mão com sua mulher?”

No episódio, ocorrido em março, Adriano, Vagner Love, Bruno e Álvaro saíram de um jantar na luxuosa Barra da Tijuca e foram para um baile funk no Morro da Chatuba. Joana, então noiva de Adriano, foi atrás do craque para exigir satisfações. Joana atirou pedras nos carros dos jogadores, fato que foi mais destacado pela imprensa do que o que aconteceu depois.

Bruno, goleiro e capitão do Flamengo, conteve a moça aos gritos, quando ela se dirigiu ao seu carro, de forma nada gentil: “O meu carro você não quebra, não, sua puta”. Adriano tentou segurar Joana, que revidou. Ele não teve dúvidas: bateu na namorada, pediu aos traficantes que a expulsassem da favela e, caso ela resistisse, que a amarrassem numa árvore e a deixasse até o sol raiar.

O noticiário nacional tratou o caso como um “barraco”. Dois dias depois, a notícia era sobre a reconciliação do casal. Só uma sociedade doente e moralmente degenerada permite uma inversão dessas.

O que assusta é a naturalização como a violência à mulher é tratada. Só agora, depois desse filme de terror, Bruno foi afastado do Flamengo.

O carro de luxo, a mansão e a mulher

Há tempos que os jogadores deixaram de ser ídolos por causa de seu belo futebol, como foram Garrincha, Tostão, Pelé e tantos outros. Atualmente, a maioria deles é celebridade, como qualquer astro de Hollywood.

Com salários milionários, que um trabalhador não recebe numa vida inteira de suor, compram o que querem. E não são só os salários. É normal os mais famosos passarem mais tempo fazendo propagandas publicitárias do que treinando.

Para eles, a mulher é apenas mais uma coisa que eles podem comprar. É como a Ferrari, o Jaguar, o Lamborghini, a mansão na Europa, o apartamento de luxo na Barra da Tijuca.

Como ídolos, eles são referência para milhões de pessoas comuns, trabalhadores e jovens. Esses reproduzem suas atitudes. Os exemplos não faltam. Felipe Melo, volante da seleção brasileira, chamou a bola Jabulani de “patricinha que não gosta de ser chutada”.

A impunidade de Bruno e de outros jogadores e a falta de reprovação e condenação às falas machistas constantes autorizam qualquer homem a fazer o que bem entende com as mulheres, pois nada acontece com eles.

Para que serve a Lei Maria da Penha? Se já não funciona em tantos casos para as mulheres pobres denunciarem seus companheiros, menos efeito ainda tem sobre pessoas importantes, com um poder financeiro e social, como têm os jogadores. No caso Bruno, a lei sequer o intimidou.

Escrito por:
Luciana Candido do Opinião Socialita.

7 de julho de 2010

Tristeza não tem fim

Acabou-se a Copa do Mundo. Pelo menos para os brasileiros e argentinos, após a derrota de ambas as seleções diante da Holanda e Alemanha, respectivamente. Minha primeira análise destas derrotas esportivas será, precisamente, “esportiva”. Ou mais exatamente “psicológico-esportiva”.

Ainda que entrem vários outros fatores, acho que em ambas as derrotas há a responsabilidade dos dois técnicos. Dunga e Maradona são dentro do campo de futebol (e seguem sendo) dois técnicos, duas personalidades opostas. Inclusive parecem ser opostos em suas opiniões sobre temas políticos. Neste último sentido, é muito provável que Maradona seja visto com muito mais simpatia pelos ativistas de esquerda.

No entanto, apesar das diferenças, ambos têm uma característica comum: os dois são soberbos e personalistas ao extremo. E essa característica foi impressa em suas equipes, apesar de que isso (como não podia ser de outra maneira) tenha se expressado em erros bem diferentes entre as duas equipes.

Dunga atou a seleção brasileira a uma confusa “táctica de jogo”, e assim matou a criatividade natural do jogador brasileiro. Em um jogo que o Brasil estava ganhando, com uma equipe jogando muito melhor do que a Holanda, ao invés de pedir a seleção brasileira para continuar atacando, Dunga mandou jogar atrás, de contra-ataque, e assim permitiu a reação da equipe holandesa. Esclarecemos que a Holanda de hoje não é a “laranja mecânica” dos anos 1970. Parece mais com um “limão mecânico”, por seu escasso vôo futebolístico individual. Mas teve força e vontade suficiente para virar a partida.

Maradona, por sua vez, igual aos tempos em que era jogador, apostou todas suas fichas na criatividade individual dos jogadores, sem nenhuma consideração pela táctica nem a adaptação necessária diante de diferentes rivais. Contra a Alemanha, pretendeu jogar da mesma forma quando enfrentou a Coréia do Sul. Manteve uma defesa frouxa e deixou Mascherano sozinho no meio para marcar todos os alemães que passavam por aí, na velocidade de um Porsche. Uma tarefa que nem Patoruzú (1) poderia cumprir.

Poderá se alegar a favor de Dunga que seu ciclo, considerado globalmente, foi muito exitoso. Mas isso não impediu que perdesse uma partida fundamental diante de um rival um pouco mais que medíocre. E, o mais importante, a seleção nunca jogou do jeito que os brasileiros gostariam de vê-la. Poderá se alegar a favor de Maradona que sua aposta foi a favor de um futebol vistoso. Mas isso não impediu que a equipe argentina diante da Alemanha se assemelhasse à cavalaria polonesa enfrentando aos tanques alemães na Segunda Guerra (2).

Países exportadores de matérias primas


Minha segunda análise vai ser político-econômica. Na atual estrutura de nações, Brasil e Argentina são países semi-coloniais, cujo papel essencial na divisão internacional de trabalho é ser provedores de matérias primas para os países imperialistas. Este papel repete-se neste “show business” que representa o futebol mundial.

Nas praias e morros do Brasil, nos pampas e “potreros” (3) da Argentina formam-se muitos dos jogadores que, depois, vão brilhar nos torneios do imperialismo futebolístico dominante; isto é, o europeu. Os contratos e salários do campeonato espanhol, italiano, inglês ou alemão são muito superiores aos que se pode pagar por estas terras. Assim o destino inevitável de todo bom jogador sul-americano é emigrar para a Europa. Desta forma, a estrutura do futebol repete o mesmo “saque de recursos naturais” que se produz em outros ramos da economia.

A ilusão da “igualdade”


Mas a cada quatro anos a Copa do Mundo produz uma ilusão. Os países europeus nos “emprestam” esses jogadores para armar nossas equipes de futebol “nacionais” com possibilidades de vencer as seleções europeias. Até hoje, pelo menos metade das Copas disputadas foram ganhas por seleções sul-americanas. Assim, se alimenta a ilusão de “recuperar”, pelo menos no terreno do futebol, parte do que o imperialismo nos rouba quotidianamente.

Mas os dois últimos mundiais parecem querer acabar inclusive com esta ilusão. Muito se falou (apressadamente) de que este era o “mundial sul-americano”. Mas, nos três confrontos com equipes européias, os sul-americanos foram eliminados. Como diz a formosa canção de Vinicius de Moraes, “Tristeza não tem fim”.

Claro que o Uruguai ainda segue defendendo a “honra sul-americana”, e suspeito que a “celeste” tenha hoje a maior torcida virtual do planeta: mais de 500 milhões de latino-americanos clamando pela “vingança” frente aos europeus.

NOTAS


(1)Patoruzú foi um famoso personagem dos quadrinhos argentinos que representava um índio tehuelche de excepcional velocidade e força.

(2)Em 1939, o exército alemão invadiu a Polônia, com as armas mais modernas da época, entre eles os tanques Panzer. O exército polonês resistiu com meios muitos mais obsoletos como sua força de cavalaria e foi derrotado.

(3) “Potrero” significa literalmente “lugar onde pastam e descansam os potros”. Por extensão, é o lugar onde se jogam partidas de futebol improvisadas, como as “peladas” no Brasil


Escrito por: Alejandro Iturbe.

1 de julho de 2010

Dunga e as estruturas de poder do futebol brasileiro

Subindo a escada já no último degrau

Carlos Caetano Bledorn Verri atende pela alcunha de Dunga e recebeu uma oportunidade rara sob todos os pontos de vista. Temos de reconhecer que nenhum trabalhador, de ofício algum, seja ele ou ela classista ou arrivista identificado pelo selo de “profissional”, jamais inicia sua trajetória no mundo do trabalho pelo topo e consagração em sua carreira. Nem mesmo os mais críticos contra a marketização, inimigos viscerais da ampliação dos espaços de mercado na sociedade – como este aqui a escrever – vão admitir um neófito dar o primeiro passo a partir do posto máximo imaginável. Dunga, que justiça seja feita mais se parece com o anão zangado, atingiu o topo do mundo sem subir degrau algum. Jamais treinara nem sequer time de futebol de botão (outro patrimônio cultural dos povos brasileiros) e começa a coordenar a seleção mais cultuada do planeta.

A Confederação Brasileira de Futebol é uma entidade privada, supostamente federalista, mas na prática reflete um poder executivo quase imperial de seu presidente. Assim o foi na Era João Havelange (quando ainda havia a CBD), e após o mesmo passara com o almirante Heleno Nunes. Vale observar que este naval fora o “gênio” que forçou o capitão de artilharia do Exército e egresso de sua Escola de Educação Física, Cláudio Coutinho, a deixar o Falcão no Brasil e escalar o volante do São Paulo, Chicão, para a Copa de 1978 na Argentina. Dizem os porões que o volante são paulino era cutuado com um “Deus da Raça” do DOPS. Não me espanta. Seguindo na trajetória da entidade, já como CBF, houve a vexatória dupla de comandantes políticos, Octávio Pinto Guimarães e o então deputado Nabi Abi Chedid; culminando no Reinado de Ricardo Teixeira, o ex-genro (de Havelange). Este operador da Bolsa de Valores, amo e senhor da estrutura máxima do futebol identidade do país, atingiu o poder em 16 de janeiro de 1989.

Já naquele hoje distante primeiro ano à frente da entidade, indicara o ex-preparador físico do Flamengo e recém iniciado treinador de futebol, Sebastião Lazaroni, que recebeu o comando da seleção. Na seqüência, o gênio da CBF queima a carreira de Paulo Roberto Falcão como técnico, colocando-o na fogueira da Copa América do Chile. Neste caso, o de Dunga, o padrão se mantém. Ricardo Teixeira indica alguém com trajetória vencedora dentro das quatro linhas, uma pessoa com a marca da seriedade e empenho no trabalho, mas sem nenhuma experiência prática. Independente de valorarmos ou não o trabalho de Dunga (e me incluo nos críticos), um analista político tem como dever interpretar que fatos assim só ocorrem em organizações quase autocráticas, quando um Executivo “manda prender e manda soltar”, ou “bate, prende e arrebenta”, seguindo apenas os seus próprios critérios. Ou seja, desde que atenda os anseios dos aliados empreendedores econômicos do negócio da bola, o Presidente Imperador faz o que quiser.

Para quem imagina que exagero, basta uma lembrança. Indicar Dunga para a seleção brasileira sem nunca haver treinado nem time de pelada varzeana, é a réplica do padrão do ocorrido na noite anterior da final da Copa do Mundo de 1998 e que resultara na escalação de Ronaldo Nazário fora de toda e qualquer condição de jogo. Posteriormente o fato rendeu, gerando a CPI da Nike e da CBF, cujos relatórios foram velados e o livro escrito por um de seus relatores teve a edição apreendida das livrarias e distribuidoras. A bancada da bola, a cartolagem com mandato federal ou amizades planaltinas, é poderosa. Por estes e outros fatores, seria inimaginável supor que Dunga não tenha (ou tinha) uma boa relação com a diretoria da Confederação em geral e com seu presidente em particular. Este ato, relacionado com o padrão de jogo por ele imposto, mais a pregação da “ideologia da superação” e a abundância de patrocinadores, conforma um cenário perfeito para taxar Dunga e Jorginho de chapas-branca e subordinados.

Não seriam os primeiros tampouco. É o padrão da CBF (como na antiga CBD) e que muito poucos dele discordaram. Um exemplo máximo é o eterno saudoso João Sem Medo Saldanha, alegretense e gaucho sem acento, de outra estirpe, distinta do natural de Ijuí. Ou seja, qualquer pessoa com um mínimo de senso de rebeldia e dignidade, tem razões e motivos para discordar e até antipatizar com Dunga, seus métodos e aliados. O que ninguém esperava era a reação deste treinador para com a emissora líder da TV brasileira.

O entrevero de fundo

Assim como tenho diversos motivos para não suportar o técnico da seleção brasileira (por fatores futebolísticos mais que nada), confesso que me surpreendi com sua reação perante a TV Globo e ao vivo. Explico. Não foi a primeira vez e pelo visto nem será a última situação em que Carlos Caetano colide de fronte com a mídia comercial, oligopolista e corporativa brasileira. No caso dos conglomerados midiáticos nacionais, boa parte de seus funcionários na função de repórteres “apanharam” (na gíria jornalística) em coletivas e demonstraram indignação posterior. O silêncio de sempre vinha da amiga e parceira de Ricardo Teixeira, as Organizações Globo. Não me recordo de um ato de solidariedade desta emissora para com os colegas empregados nas concorrentes. E, grosserias sempre foram manifestadas pela dupla da comissão técnica em posto de comando. Sim, pois além de Dunga, Jorge de Amorim Campos sempre se indigna com as críticas e levanta a voz, repudiando as supostas posturas antipatriotas de coleguinhas da imprensa os atacando.

É preciso tecer algumas considerações:

Ninguém pode ocupar um posto de exposição pública e sentir-se imune às críticas. Assim, quem senta diante de uma roda de repórteres corporativos com um painel de patrocinadores atrás, tem uma previsão de comportamento estudado, trabalhado através de media training e decorando respostas água com açúcar, reforçando o senso comum, condensando idéias de consentimento forçado e ausentando-se de polêmicas. Ao menos nisso, segundo meu ponto de vista, Dunga se porta bem.

Carlos Caetano tem o dever de ouvir opiniões alheias e respeitar todas as formas de críticas. Ao mesmo tempo, não tem nenhuma obrigação de reconhecer um mandato societário da mídia corporativa. Os repórteres falam em nome de suas empresas, seus produtos irão para uma grade montada sobre um modelo de negócios e tudo está entreverado com entretenimento. Já resta pouca ou quase nenhuma vocação de jornalismo como paladino da cidadania na mídia corporativa esportiva brasileira e mundial. A liberdade de imprensa defendida por editores e patrões, é a liberdade de empresa. Quem mais executa a censura são as chefias a mando de anunciantes ou sócios majoritários. Os bastidores do futebol brasileiro revelam um nexo político-financeiro-criminal e até os adolescentes sabem disso. O padrão é o mesmo em poderosas ligas estrangeiras, como a inglesa, onde tem tudo menos capital inglês controlando seus clubes-empresa. Esse é o pano de fundo e é muito mais relevante do que a possível operação pubiana do marido da obispa Caroline Celico, operadora midiático-financeira da “Igreja” Renascer em Cristo no Estado Espanhol, o meio campista Ricardo Izecson dos Santos Leite (Kaká).

Nesse sentido entendo que Dunga está no seu direito, tanto o de reagir como bem quiser (e sentir as conseqüências da ação) diante de provocações de toda ordem. O exercício arbitrário das próprias razões até crime é, mas de peso leve, de tipo crime de honra. Não havendo violência gratuita, ele que reaja como bem entender e que sirva de lição. A gritaria é ampla: “O técnico da seleção não é um modelo de comportamento!”. É verdade; mas a crítica sobre ele se dá na relação de seu temperamento com os anseios de exposição midiática para atender as cotas de patrocínio e a figura de relações públicas que a bola como negócio exige de suas estrelas. Certa vez afirmei serem os boleiros de dimensão internacional uma espécie de commodity que anda, fala e faz besteira com a própria reputação e a alheia. Sob esse ponto de vista, Dunga é um desastre andante e falante. Para mim, nesse item, Carlos Caetano fez um golaço, lavando a alma na peleia simbólica de milhões de brasileiros.

Já da parte da Globo, a irritação tem sua origem na proibição de exclusivas e no fim de privilégios em zonas mistas especiais. Em 2002 a emissora transmitiu a Copa sozinha e no desastre de 2006, teve “concorrência” apenas na TV paga através do Band Sports. Na ocasião, Carlos Caetano era funcionário da família Saad e comentava a Copa da Alemanha para a concorrente da família Marinho. Aprendeu na planície a dureza que é enfrentar uma tropa completa estando em minoria. Deve ter visto poucas e boas também; afinal, estamos na era do jabá eletrônico e das estruturas de poder atravessadas pelo marketing e o comércio de imagens. Sabendo disso, atormentado com as reclamações vindas por cima (entre direções), Dunga se estourou diante da humanidade através das telas de TV.

Além da irritação da TV líder pela perda dos privilégios que sempre tivera, também consta o fato do exagero de treinos fechados. Os repórteres afirmam que assim eles não conseguem produzir “conteúdo” para alimentar as redes. Essa é uma meia verdade. A outra ponta é a captura de imagens das placas dos patrocinadores. Exposição de imagem é a moeda de troca do emprego de dinheiro em troca da estampa das logomarcas nos uniformes de treino e jogo, além das peças publicitárias, utilizadas pelos jogadores da seleção. Sem essa cobertura, Dunga ganha no controle do grupo, mas ao mesmo tempo diminui a satisfação dos aplicadores no seu investimento comum. Por estas duas brigas simultâneas, é do senso comum que o atual treinador tem seus dias contados, tanto diante de uma possível eliminação e mesmo saindo campeão do mundo.

A estrutura de poder do futebol brasileiro passa por quatro patas basilares e não tolera muita divergência. São elas: a geração e venda de imagens (via TV, e recentemente via TV paga, como nos canais Premiere Futebol Clube, pertencente da Globo via cabo e satélite); a negociação de direitos econômicos de jogadores (onde operam investidores e milionários mais reconhecidos, tendo ou não uma empresa laranja à frente, a exemplo da MSI); a negociação de direitos de imagens e publicidade (onde lidera a co-proprietária do futebol nacional, a empresa Traffic de J. Hawilla, patrão de Kleber Leite por exemplo) e; a comandância mais tradicional pela via da cartolagem, como é o caso de Ricardo Teixeira. Nenhuma dessas quatro partes sustenta ou tolera um comportamento independente e autonômico, mesmo que expresse um pensamento conservador e patrioteiro, ainda que tenha a sua imagem vinculada a uma série de patrocinadores de grosso calibre. Uma commodity não pode gerar incerteza no investidor. Dunga gera, e por isso, com o perdão do trocadilho, que ele – ganhando ou perdendo - já era.

Comentário final

Dunga e Jorginho passaram do limite de boa convivência com a mídia corporativa e isto acarreta uma sentença punitiva. Não nos espantemos se estiverem preparando matérias de fôlego, cujas pautas de gaveta já devem inclusive estar prontas, e apontando no lide a fritura do atual técnico da seleção.

Ao mesmo tempo, reafirmo que simpatizar com a atitude de Dunga diante da mídia corporativa não implica uma adesão nem ao seu estilo de jogo (que considero medíocre e medroso) e menos ainda uma defesa de sua permanência no cargo. Isso sim seria misturar futebol com política, elogiando um comportamento rebelde e a partir daí reconhecendo uma suposta expertise como treinador – característica que não reconheço de jeito algum. Podemos e devemos elogiar a conduta diante de um dos poderes de fato do país e não respaldar o desempenho no ofício que exerce. Tal é o caso.

Vejo que o episódio abriu precedente e pode e deve ser repetido sempre que alguém sentir-se acuado diante da indústria da mídia. E, por se tratar de futebol, a incidência e seu efeito didático são imensos. Cabe aos batalhadores da democracia na mídia como dos intérpretes e analistas do oligopólio trabalhar o fato para além do episódico e pontual. Se redescobertas e postas à público, as estruturas do futebol brasileiro são insustentáveis sob nenhum ângulo. Eis um bom momento.


Fonte:
Site Estratégia e Análise.

30 de junho de 2010

Anúncio do Pão de Açúcar “elimina” a seleção brasileira

Um anúncio do Grupo Pão de Açúcar, dono da rede Extra, marca que patrocina a seleção brasileira de futebol, publicado hoje na Folha de S. Paulo, “eliminou” a seleção brasileira da Copa do Mundo. A peça publicitária dizia o seguinte: “A I qembu le sizwe sai do Mundial. Não do coração da gente”. E explica depois que I qembu le sizwe significa seleção. Completa o anúncio com a frase: Valeu, Brasil. Nos vemos em 2014.

De acordo com o Pão de Açúcar, o erro foi de inteira responsabilidade da Folha de S. Paulo. De acordo com a assessoria da rede de varejo, o jornal reconheceu o erro e informou que se retratará publicamente.

A lambança no departamento comercial da Folha foi além. Foi publicado também um anúncio da rádio Transamérica chamando o jogo de “hoje” entre Brasil e Chile.

Fonte: Portal Exame

Eu não sabia que o Abilío Diniz (dono do grupo Pão de Açúcar) tinha o "dom" da vidência... Será que isso foi efeito do cativeiro?

29 de junho de 2010

COPA É ALVO DA DIREITA DOS EUA

A Copa do Mundo é a mais nova vítima da raivosa extrema direita dos Estados Unidos. Vários comentaristas americanos estão atacando a popularização do esporte nos EUA, dizendo que se trata de uma modalidade esportiva "de pobre", coisa de sul-americano, resultado da crescente influência dos hispânicos no país e ligado às "políticas socialistas" do presidente Barack Obama.

Glenn Beck, o maisfamoso comentarista conservador da Fox News,compara o futebol às políticas de Obama. "Não importa quantas celebridades o apoiam, quantos bares abrem mais cedo, quantos comerciais de cerveja eles veiculam, nós não queremos a Copa do Mundo, nós não gostamos da Copa do Mundo, não gostamos do futebol e não queremos ter nada a ver com isso", esbravejou Beck na TV. Segundo ele, o futebol é como o governo atual: "O restante do mundo gosta das políticas, mas nós não." Com o bom desempenho do time americano no jogo contra a Inglaterra no sábado, os tradicionais fãs de beisebol e futebol americano estão mais entusiasmados com a Copa do Mundo. Mas isso é resultado de uma "conspiração da esquerda", dizem os conservadores. "Futebol é um jogo de pobre", afirma o analista conservador Dan Gainor, do Media Research Center.

"A "A esquerda está impondo o ensino de futebol nas escolas americanas, porque a América está se 'amarronzando'", afirmou, em referência ao aumento do número de hispânicos no país. Para Matthew Philbin, do centro de pesquisas de direita Culture and Media Institute, "a mídia liberal sempre se sentiu desconfortável com o fato de sermos únicos entre as nações, sermos líderes; e os esquerdistas são contra nossa rejeição ao futebol, da mesma maneira que são contra nossa rejeição ao socialismo". O radialista Mark Belling foi além, "eles nos estão enfiando futebol goela abaixo", disse Belling no programa de rádio de Rush Limbaugh, ouvido por 20 milhões de americanos.

Para eles, o futebol é um esporte estrangeiro, que não pertence à cultura tradicional dos EUA. O fato é que o futebol conquistou tantos adeptos no país nos últimos dez anos que atualmente rivaliza com beisebol e basquete.

Hoje em dia, mais crianças abaixo dos 12anos jogam futebol do que beisebol, basquete e futebol americano juntos. Segundo a Fifa, os EUA têm 18 milhões de jogadores registrados. Muitos imigrantes hispânicos trouxeram a tradição de seus países e ajudaram a popularizar o esporte nos EUA.

Maso futebol nem de longe restringe-se aos hispânicos. Já existe até uma faixa demográfica apelidada de "mães do futebol": mulheres brancas de classe média.

Fonte: Jornal Estado de São Paulo.

27 de junho de 2010

Replay nos estádios causa polêmica durante a Copa

As críticas ante aos árbitros da Copa do Mundo da África do Sul crescem a cada dia. Se não bastasse a sequência de erros dos juízes, a Fifa também contribuiu para aumentar ainda mais a polêmica ao permitir que o replay de imagens fosse exibido nos telões das arenas.

Contudo, a permissão da entidade não previa a repetição de lances duvidosos durante a partida. Não foi o que aconteceu no jogo entre Brasil e Costa do Marfim, pela segunda rodada da fase de grupos do Mundial. Naquele jogo, o segundo gol brasileiro, anotado pelo atacante Luis Fabiano, foi reprisado para toda torcida presente no Soccer City, em Johanesburgo.

Em uma jogada de muito talendo, o ex-jogador do São Paulo driblou dois adversários e dominou a bola com o braço, ajeitando para a finalização. Ainda no decorrer da partida, o jogador chegou a ser questionado pelo árbitro sobre a suposta irregularidade.

Interrogado pelo jornal Folha de S.Paulo, o único representante da arbitragem brasileira no Mundial Carlos Eugenio Simon se mostrou surpreso ao saber sobre o episódio. Porém, devido a determinação da Fifa, os juízes não são autorizados a comentar os erros cometidos.

Até o chefe do departamento de arbitragem da Fifa, o espanhol José Maria García Aranda, preferiu desconversar sobre o assunto.

"Não sou a pessoa certa para falar sobre isso, porque não está sob meu encargo. Há pessoas na Fifa que cuidam desse assunto e decidem quando essas imagens devem ser mostradas ou não. Não é considerada uma questão referente à arbitragem", explicou o dirigente em entrevista à Folha.




Fonte:
Universidade do Futebol.

25 de junho de 2010

Copa do Mundo 2010: “somos todos explorados e hipnotizados”

Este ano a Copa do Mundo esta sendo um balão de oxigênio (para a crise) após a África do Sul. Como sempre, de quatro em quatro anos, somos obrigados a olhar o mundo à nossa volta como se fosse uma bola de futebol, durante um mês, sob o risco de passar por um estraga-prazeres, chato ou um traidor da pátria se falarmos alguma coisa contrária ao senso comum dos fãs do esporte, da Copa.

Devemos fingir que não sabemos que, ao contrário do mito veiculado no filme Invictus, a África do Sul continua sendo um dos países mais violentos, racistas e desiguais do mundo.

Que a expectativa de vida sul-africana é de 50 anos e a taxa de analfabetismo nos adultos, é pelo menos de 15%! Quase 43% da população vive abaixo da linha da pobreza, o desemprego é oficialmente de 20% (mas algumas estimativas extra-oficiais avançam o número para 40%) e 1,1 milhões de famílias ainda vivem em favelas.

Graças ao silêncio resignado da FIFA, as máfias especializadas no tráfico de seres humanos vão organizar a deportação de milhares de mulheres para serem exploradas sexualmente pelos torcedores, jogadores, cartolas e autoridades, agravando ainda mais o risco de propagação da AIDS num país onde 5,7 milhões de pessoas estão infectadas e 58% delas não têm acesso aos medicamentos.

No país, abusos contra as crianças, o tráfico de pessoas, estupro e maus-tratos são crimes recorrentes. Segundo a Anistia Internacional, as violações dos direitos humanos dos refugiados, dos que pedem asilo político e dos imigrantes são comuns e agressões freqüentes, e em grande escala contra as mulheres. A violência xenófoba é diária, mesmo com a grande mídia neste momento desenvolvendo uma campanha desmentindo isso, para tranqüilizar as multidões que desejam assistir a Copa do Mundo.

Como de costume, a polícia e todo um arsenal de segurança serão implantados durante a Copa a fim de proteger os turistas de gangues e controlar as violências múltiplas das torcidas.

O Chefe da Polícia sul-africana anunciou 45 mil policiais ao redor de cada estádio da Copa. As competições desportivas são sempre boas oportunidades para desenvolver o controle das populações, comercializar e testar novos equipamentos de repressão.

Os cinco novos estádios construídos e os cinco estádios reformados da Copa do Mundo custariam inicialmente mais de um bilhão de euros, mas o custo total de despesas se elevou para mais de 7 bilhões, revelando um gasto muito acima do que o inicialmente planejado.

Por outro lado, os salários dos trabalhadores na construção e reformas dos estádios foram uma miséria. Não à toa aconteceram vários movimentos grevistas reivindicando melhorias salariais. Mas, este dinheirão todo foi parar em algum lugar: nos bolsos da FIFA! Além dos bolsos da corrupção e do superfaturamento, envolvendo empresas e autoridades.

O total das receitas da FIFA no ano de 2009, em conexão com a Copa do Mundo da África 2010: 1,06 bilhões de dólares dos quais 196 milhões de dólares só de benefícios com a internet. Isto sem mencionar os patrocinadores oficiais que estão no ranking dos lucros estratosféricos e que conquistam sempre novos mercados graças às competições desportivas internacionais como esta.

Ademais, o que se esquece quando se apaixonam pela Copa do Mundo é que, o garoto chinês (crianças entre 13 e 17 anos) que fabrica o boneco de pelúcia leopardo “Zakumi”, adotado como mascote da Copa de 2010, trabalha na linha de produção 13 horas por dia por um salário de 2,5 euros (menos de 6 reais). No fundo, nós, trabalhadores e trabalhadoras, somos todos explorados e hipnotizados pelo entretenimento do futebol.

E cada um deverá apoiar a sua bandeira nacional, incluindo as mulheres que estão, infelizmente, cada vez mais envolvidas neste jogo de estúpidos. Aceitar as regras de um jogo mercadológico, violento, desigual e sexista, que reforça a alienação de todos e de todas, não pode e não deve ser entendido como uma conquista social.

Então, e se nós disséssemos stop!? Chega de palhaçadas!

Trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo, vaiemos à bandeira e à seleção nacional!

Fonte: CMI-Portugal.

Texto originalmente escrito por um anarquista francês, mas com pequenas modificações para dar um sentido mais geral de compreensão.