Tatiana Melim – CUT/SP
No dia 13 de outubro foi fundada a CONATORG – Confederação Nacional das Torcidas Organizadas – com o objetivo de unir algumas bandeiras de lutas de todas as torcidas em âmbito nacional. Fundada no auditório da CUT-DF, a Confederação firmou o apoio da Central Única dos Trabalhadores como forma de fortalecer a luta e buscar organização para as pautas em comum das torcidas organizadas.
De acordo com Vagner Freitas, secretário de finanças da CUT, a participação da Central no apoio às torcidas se dá pelo fato da CUT acreditar na importância da luta contra a criminalização dos movimentos sociais. “A torcida organizada, assim como o MST e a própria CUT, sofre um processo constante de criminalização, pois, entre outras coisas, consegue organizar a massa de torcedores para lutar pelos seus direitos”.
A relação entre a CONATORG e a CUT poderá contribuir com as futuras experiências que enfrentará a CONATORG, seja no seu processo organizativo/estrutural, seja nas bandeiras a serem defendidas em favor das torcidas organizadas em todo o país.
A criminalização que vem sofrendo as torcidas organizadas pela grande mídia conservadora e que agora se materializa nos artigos 39-A e 39-B do Estatuto do Torcedor faz com que as torcidas precisem se organizar para barrar o processo de exclusão do torcedor organizado do futebol. Eduardo Fontes, presidente dos Gaviões da Fiel e da CONATORG, explicou que a aprovação do Estatuto do Torcedor sem a alteração dos artigos 39-A e 39-B, que pune civilmente a torcida organizada pelos danos causados por algum membro, é uma tentativa de desorganizar e sufocar as lutas e reivindicações dos torcedores que optaram lutar pelo futebol e seu clube dentro de uma torcida organizada.
A importância social e cultural que cumpre as torcidas organizadas na sociedade é ignorada sistematicamente pela imprensa, o que compromete, entre outras coisas, na própria organização da torcida ao tentar articular iniciativas em benefício do torcedor e do futebol. São lutas tais como a alteração dos horários de jogos, que atendem a interesses comercias; a não extinção dos setores populares dos estádios; melhores condições de tratamento ao torcedor; a busca por uma maior transparência nas transações e negócios dos clubes; entre outras pautas que passam despercebidos, fundamentalmente, pela imprensa.
“Torcidas organizadas e movimentos sociais são parte do mesmo projeto maior de transformação social e que, portanto, precisam caminhar juntos. Por isso, a CUT Nacional se solidariza com a Confederação Nacional das Torcidas Organizadas”, finaliza Vagner Freitas, ao firmar o apoio e o compromisso da CUT na luta das organizadas.
Veja abaixo o relatório da CONATORG a respeito da assembleia de fundação da Confederação:/sistema/ck/files/CONFEDERACAO NACIONAL DAS TORCIDAS ORGANIZADAS.pdf
Um comentário:
A torcida organizada, assim como o MST e a própria CUT, sofre um processo constante de criminalização... A desfaçatez oportunista da CUT não conhece limites.
A criação da CUT consumou a divisão orgânica do movimento sindical brasileiro e obedeceu ao projeto político do PT. Em junho de 1980 — alguns dias após a formalização da criação do PT -, com a realização do seu 1º encontro nacional surge o chamado Entoes (Encontro Nacional dos Trabalhadores em Oposição à Estrutura Sindical), que mais tarde viria a chamar-se Anampos (Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais). Nesse movimento está articulado o núcleo de sindicalistas que iriam formar a CUT em 1983.
A Igreja teve um peso decisivo nessas articulações, através de setores da Pastoral Operária, Pastoral da Terra e Comunidades Eclesiais de Base, fornecendo locais para reunião, todo tipo de infra-estrutura, recursos e quadros com a intervenção direta de ativistas e padres militantes no movimento operário. Marcada por arraigado anticomunismo, a Anampos então braço sindical do PT, além da cobertura da igreja, principalmente a católica — foi financiada com vultosos recursos das centrais sindicais européias, que nunca deixaram de jorrar no caixa do PT.
Desde a sua criação em 1983, a trajetória da CUT está muito ligada a uma figura emblemática do imperialismo ianque, Stanley Gacek, dirigente da AFL-CIO, organização que tem sido desde os primeiros dias da "guerra fria" uma verdadeira cobertura para atividades criminosas da CIA em várias partes do mundo particularmente no Terceiro Mundo.
Em sua fundação, a CUT, inegavelmente financiada pelo imperialismo, teve que assumir posições combativas para atrair seguidores, arrastar massas e ganhar força, marcando sua atuação por greves, lutas por reajustes salariais, defesa da "reforma agrária radical sob controle dos trabalhadores", repúdio ao FMI e disputas acirradas pelo controle de sindicatos com os pelegos tradicionais.
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